sexta-feira, 18 de maio de 2007

Ventos de desenvolvimento

O que mais se fala quando o assunto Hangar Feiras e Convenções da Amazônia vem à tona é sobre os benefícios que trará, ao Estado, do ponto de vista do desenvolvimento.
Ufanismos à parte, sabemos que realmente o setor de turismo de eventos cresceu intensamente nos últimos anos e, mesmo sem um espaço à altura, Belém vinha se destacando como uma das cinco capitais de maior crescimento do ramo. Portanto, o Hangar está no lugar certo na hora certa. Mesmo um leigo como eu se sente esperançoso não apenas quanto à arrecadação tributária a ser proporcionada pelos eventos, mas com o maior destaque que nossa cidade terá no cenário turístico.
Hoje, temos outra inauguração. Desta vez, é a Natura, que abre as portas, em Benevides, de sua primeira fábrica localizada fora de São Paulo. Vai produzir sabonetes. Além de recolher impostos e gerar empregos, a empresa promete beneficiar duas mil famílias de 21 municípios paraenses, por meio da aquisição de matéria prima.
Isso pode ser muito bom, mas vale a pena lembrar que a Natura esteve envolvida, muito recentemente, num episódio de exploração da boa fé dos paraenses, utilizando nossa matéria prima (piprioca, p. ex.) — com o que fazia rentáveis cosméticos — e aprendendo conhecimentos tradicionais, com os quais depois se enriquecia, sem repassar um único centavo aos nativos. O caso foi acompanhado por uma grande amiga, que encampou a causa de nossos conterrâneos.
Esqueça espírito de colaboração: se a Natura, hoje, paga valores maiores pelo que amealha em nossas terras, isso é por força de termo de reajustamento de conduta firmado com o Ministério Público.
Abstraindo-se essa questão, que desmascara a imagem de boazinha da empresa, o funcionamento da fábrica de fato tem a capacidade de trazer grandes benefícios ao Estado. É de se comemorar, sem dúvida.
As fábricas da Schincariol e da Natura, o Hangar e os novos hoteis da cidade representam bons indicativos de desenvolvimento que, se Deus quiser — e os políticos e empresários deixarem —, podem ser altamente positivos a quem realmente interessa: o povo paraense.

3 comentários:

Ivan Daniel disse...

Esse caso da exploração da boa-fé dos nativos "queimou" muito a imagem da empresa, pelo menos pra mim. Trabalhando direito e trazendo resultados positivos pra ambos os lados, de forma justa, quem sabe eu mude de opinião sobre a empresa. É ficar de olhos bem abertos então.

Anônimo disse...

Professor,
Quando já que o turismo cresceu? Não teve Estação das Docas, Feliz Luzitânia, Pólo Joalheiro, Mangal, nadica fez esse turismo decolar. Além da BONITEZA das obras, o que houve foi super/ultra faturamentos dessas belezuras, que agora estão aparecendo neste governo. E o povo,hum, esse nem pisa lá.

Yúdice Andrade disse...

Caro anônimo que me chama de professor, você não deve ter percebido, mas a postagem afirma que o que cresceu foi, especificamente, o turismo de eventos. E isso é um fato. Saíram publicações desvinculadas de interesses governamentais situando Belém entre as cinco capitais mais promissoras nesse ramo. Isso poderia ser percebido por conta própria, vendo as publicidades (TV, jornal, outdoor) sobre congressos, simpósios, etc., de âmbito nacional, que começaram a ser realizados aqui. Foi a isso que me referi.
Quanto ao turismo em geral, continua um fiasco. Sobre isso, já me manifestei aqui no blog. Procure postagens mais antigas e você me verá dizer que não possuímos políticas turísticas, que nossa infra-estrutura é ruim, etc.
Espero ter esclarecido.