Nunca me senti à vontade para escrever sobre o tema da divisão do Pará. Primeiro, porque a passionalidade e irracionalidade com que muita gente, tanto do lado pró quanto do lado contra, trata a questão me irrita, levando-me a sair do foco de confronto. Segundo, porque a medida envolve variáveis tão grandes que não me sinto pessoalmente capacitado para enfrentá-las. Não disponho de conhecimentos ou leituras no âmbito da Sociologia ou da Economia, p. ex., que me capacitem a meter a colher num vespeiro desses. Posso, no máximo, fazer algumas elucubrações que serviriam para uma mesa de bar, mas não para alimentar um blog como este, que mantenho com a expectativa de que meus cinco ou seis leitores não me considerem um bobo.
Acabei de ler, no 5ª Emenda, do grande Juvêncio de Arruda, um texto causticante comparando o separatismo a uma chaga pestilenta. E li, também, no Pelos Corredores do Planalto, do Val-André Mutran, há vinte anos ativista dessa causa, postagens ávidas pela realização desse sonho. Há argumentos fortes de ambos os lados, que talvez eu venha a explorar mais à frente.
Curioso que, com toda esta recalcitrância, eu toque no assunto hoje. O motivo é que, ontem, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada entregou, em Brasília, os resultados de seus estudos de viabilidade econômica acerca da criação dos Estados do Carajás e do Tapajós.
O IPEA é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que se destina a fornecer "suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros", segundo a apresentação constante de seu sítio.
Considerando que o brasileiro médio desconfia de tudo que venha do governo, somos levados a pensar — com todo o respeito aos pesquisadores — que os dados apresentados terão o caráter que o governo atual deseje que eles tenham. Espero que não.
Seja como for, há interesses poderosos e lobby de tudo quanto é canto. Acompanharei o andamento do processo e, havendo algo de concreto a comentar, voltarei ao tema. Fica aqui o pedido para os que tenham maior familiaridade com a questão, tecnicamente falando, fornecerem elementos a este incipiente blogueiro.
4 comentários:
Assim como o senhor, e a maioria da população, não tenho muito conhecimento científico sobre o tema, mas no meu convênio em uma das aulas de Geografia do professor Augusto, no Sophos, fui o "advogado" de defesa da divisão do Pará. Li, sobre o tema, e busquei argumentos. Um deles era a concentração de escolas, hospitais, enfim, tudo, na região metropolitana de forma desproporcional a população que a mesma possui, sendo muito maior, se comparado com o restante do Pará. É muito fácil, para quem mora aqui na capital, criticar a divisão, mas vá a Santarém e pergunte para uma pessoa qual o seu desejo. Bem muitos apesar do laço de afinidade vão querer a mesma. Eu, se morasse lá, também iria querer.
Como já foi dito, é um tema muito complexo, por isso me furto o direito de continuar falando, espero mais textos sobre a questão.
abraços
Caro professor.
Informe ao amigo o seu e-mail mandando uma mensagem para valmutran@gmail.com
que te enviarei além da íntera do estudo do IPEA, a apresentação que foi feita aos interessados no assunto.
Ficarás surpreso com o que verás.
Nota: Não há qualquer ingerência de nosso grupo nos números. Eles são o espelho cruel de nossa realidade: abandono, miséria, irresponsabilidade da administração pública e a forma mais bem acabada de ausência de governo e suas políticas públicas.
Quero te informar ainda que, podes conversar com o reito(a)r da Faculdade onde lecionas e podes marcar um debate pois, o deputado Giovanni Queiroz estará presente para defender a sua tese. Combinado?
Penhoradamente, agradeço, Val-André.
Envie o seu e-mail para valmutran@gmail.com
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