quarta-feira, 23 de maio de 2007

Cruzada contra o fumo

O Bom Dia Brasil de hoje não me irritou. Pelo contrário, deixou-me muito satisfeito com uma reportagem sobre os danos que o tabagismo provoca sobre as relações afetivas, tema de uma pesquisa realizada por uma indústria farmacêutica não identificada. Portanto, não se trata mais, apenas, de danos à saúde física — dezenas e dezenas deles, já devidamente comprovados pela ciência e solenemente ignorados pelos viciados. Trata-se, também, de uma rejeição de convívio dos não fumantes a essa categoria fedida e amarelada de pessoas.
Quem me conhece sabe de minha repugnância ao hábito de fumar. Já destilei minha fúria aqui no blog. Quanto a este assunto, não tenho misericórdia, condescendência ou solidariedade, nem sou politicamente correto. Aliás, eu é que sou politicamente correto, penso. Defendo os direitos até de homicidas, mas fumantes não têm direito algum.
Minha indignação pode lhes parecer irracional, mas ela é motivada por três décadas de abuso. Todo dia alguém tem que jogar fumaça na minha cara, desrespeitar meu espaço, poluir minha comida, tirar o meu sossego. E se pedimos, com toda a educação, que apaguem o cigarro, ofendem-se e nos agridem verbalmente. Muitos já foram agredidos fisicamente. Portanto, enquanto essa gente se comportar como se eu fosse o errado da história, não lhes terei a menor piedade. Minha cruzada é para que sejam eliminados. Como instrumento, defendo a execração pública dos fumantes. Devem ser impedidos de entrar em qualquer estabelecimento fechado, especialmente restaurantes e afins, enquanto estiverem armados. Devem ser tratados com desdém. Devem ser evitados, ao ar livre, como antigamente se evitava o leprosos. Devem compreender que são indesejáveis.
Ok, a menos que reconheçam a condição de viciados e peçam ajuda. Porque conheço muitos que se declaram doentes apenas para exigir a nossa tolerância e continuam bafejando nas nossas narinas a sua podridão. Maconheiros e cocainômanos têm mais dignidade: escondem-se para dar vazão a seu vício. Não poderiam os fumantes, ao menos, fazer o mesmo?

PS — Aos amigos fumantes, continuam meus amigos. Espero que o desejem. Afora isso, tolerância abaixo de zero.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado magistrado: não sou fumante e tenho pena daqueles que fumam, mas não entendo tanto ódio contra os tabagistas. Será que a fumacinha que eles jogam na atmosfera faz mais mal que a fumaça dos automóveis? Então, por coerência, o senhor deveria fazer campanha incessante contra a indústria automobilística, que ainda não descobriu um produto que impulsione os veículos sem poluir o meio ambiente, não é mesmo?

Yúdice Andrade disse...

Caro anônimo:
1. Não sou magistrado. Não é a primeira vez que me chamam assim por estas bandas, mas é um equívoco. Em todo caso, eu me identifico como "professor".
2. Você se diz não fumante, mas deve ter uma boa simpatia por eles, pelo que se pode depreender dos argumentos utilizados.
3. Eu expliquei o motivo do meu ódio na própria postagem. Volte lá, a partir de "Minha indignação pode lhes parecer irracional, mas ela é motivada por três décadas de abuso". Explico que minha indignação vem do fato de que os fumantes se acham no direito de nos agredir com sua fumaça, em qualquer lugar, a qualquer hora, e se ofendem se são criticados. Eu não faço discursos contra o tabagismo na rua, nos restaurantes ou na faculdade em que leciono. Ou seja, minha abstinência não incomoda ninguém. Mas aquela fumaça pútrida incomoda os abstêmios e nem por isso somos poupados. Portanto, meu ódio se explica pela falta de respeito, não pelo ato em si de fumar. Especificamente por isso.
4. Cigarro e queima de combustível de automóveis poluem. Isso é um fato. Precisamos nos livrar de ambos os problemas, por isso sou plenamente favorável a fontes alternativas de energia. Carros movidos a hidrogênio. Espero ter um, algum dia. Só porque nunca reclamei dos automóveis, sou obrigado a me calar sobre o cigarro? Ok, qualquer dia desses falarei mal da queima de combustíveis fósseis.
5. O incoerente aqui não sou eu. Veja o raciocínio - perdoe-me dizer - tosco que você criou: eu sou obrigado a fazer uma "campanha incessante" contra a indústria automobilística. Ah, você é fumante, sim, para dizer algo assim e me acusar de incoerência. Vamos lá: por pior que sejam os efeitos dos combustíveis fósseis, eles geram fins úteis à sociedade, não geram? Aposto que você anda de carro e já deve ter feito algumas viagens de avião. Você deve utilizar eletricidade em casa e provavelmente usa água tratada para lavar a sua calçada. Já falei mal desse tipo de desperdício aqui no blog. Procure nas postagens sobre meio ambiente. Agora me diga: que benefícios o cigarro traz, seja para o indivíduo, seja para a sociedade?
6. Não se dê ao trabalho de falar em empregos e impostos. A economia pode ser movimentada por outras fontes. Logo, cigarro não traz benefício nenhum a quem quer que seja, exceto para a indústria, que enriquece à custa da morte dos outros. Como a indústria de armas, que eu também já critiquei aqui no blog.
7. Espero ter esclarecido o meu ponto de vista e recuperado o direito de criticar essa gente que não se conforma em guardar a sua sujeira para si mesma, sem a necessidade de sair pela rua com um outdoor amarrado nas costas dizendo "Deixe o carro em casa: vá a pé."
8. Sonho que alguém invente um produto extremamente mal cheiroso, mas que só possa ser percebido por quem tenha elevada concentração de nicotina no sangue. Assim, sempre que alguém acendesse seu cigarro ao meu lado, eu acionaria a minha própria nojeira, que não incomodaria a mim, só o pilantra do fumante. Seria uma guerra deliciosa. Pelo menos, o sujeito entenderia como nos sentimos.