O dia das mães — que, ao contrário do dia do trabalho, foi inventado pelo comércio com a nobre missão de reforçar suas vendas, sem qualquer interesse real de homenagear as ditas — está bombando nas campanhas publicitárias. Aliás, de uns anos para cá, comecei a ter raiva dessas campanhas. Afinal, devido à ditadura da beleza e da magreza, elas não se destinam a vender produtos para as mães e sim para as mulheres em geral, mais especificamente as belas e magras.
É só observar que, nos filmes e impressos publicitários, pululam as calças jeans apertadinhas, roupas jovens, acessórios da garotada, etc. Imagine a minha mãe, que já passou dos 60 (ela odiaria saber que escrevi isto), metida numa calça da Gang... Pensando bem, melhor nem imaginar.
Quando alguém se lembra que associar adolescência à maternidade não é lá muito politicamente correto, enfiam um filho na história. Mas reparem: sempre é um bebê. Assim, os canalhas podem manter em evidência apenas as mães gatinhas, aquelas que ainda cabem nas roupas apertadinhas. Enfim, francamente minoritárias são as campanhas que focam as mães em sua real condição de balzaquianas, quarentonas, maduras ou idosas. Se for para vender, que ao menos se venda aquilo que seja útil para todas as idades.
Nesse sentido, parabéns ao Shopping Castanheira, cuja campanha apresenta um rapaz imenso e marombado sendo abraçado por uma mãe velhinha e pra lá de simpática, que não passa de sua cintura. Parabéns ao publicitário responsável, que criou um material bonito, reforçando a afetividade e não o consumismo, destacando a alegria daqueles dois por estarem juntos. A mãe do cara deve estar orgulhosa.
Aliás, este dia das mães também está sendo usado para azeitar uma campanha à prefeitura de Belém, no próximo ano. É só prestar atenção nos outdoors.
Nenhum comentário:
Postar um comentário