Não só o Congresso Nacional tem trabalhado como nunca em sua existência, o que por si só já impressiona, como tem varado a madrugada na ativa, apreciando projetos que nem sequer interessam financeiramente aos parlamentares ao governo. Sinal dos tempos.
Na madrugada de ontem, o Senado concluiu a votação do PLS 150/2006, que tenta resolver uma longa discussão acerca da imprecisão do conceito de crime organizado. O projeto segue agora para sanção presidencial.
O texto aprovado define organização criminosa como a associação de 4 ou mais pessoas, "estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional". Trata-se de um critério essencialmente político-criminal, nada livre de críticas, que procura positivar aspectos amplamente discutidos pelos estudiosos da matéria, frente à realidade da chamada nova criminalidade.
Os primeiros senões sobre o texto já foram levantados. Agora é aguardar para saber se o projeto será integralmente sancionado. Se for, entrará em vigor 45 dias após a sua publicação. Nesse meio tempo, os debates já estarão acirrados.
Um comentário:
Citando Hawkins, o qual comparou o conceito de crime organizado com Deus (os dois têm uma característica em comum: sua existência não pode ser desmentida), em Uma Razoável Quantidade de Crime (ICC/Revan, 2011), Nils Christie acrescentou outra semelhança: eles têm em comum, ainda, o fato de poderem ser utilizados para os mais variados propósitos...
Tenho alguns pré-juízos, mas os guardo para ver quais serão os propósitos dos parlamentares...
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