Na manhã de hoje, servidores da Santa Casa de Misericórdia interditaram o trânsito da Rua Bernal do Couto e servidores da área de educação bloquearam parcialmente a Av. Augusto Montenegro. O motivo é o mesmo: protesto contra o corte de gratificações financeiras, procedido pelo governo do Estado. Enquanto sobem os preços, cai a remuneração de quem trabalha. Em pleno ano eleitoral, não falte quem cogite da necessidade de formar os famosos caixas de campanha.
E o que pensam os belenenses sobre essas manifestações? Basicamente uma coisa: que manifestantes não podem interditar vias públicas; que isso fere o direito de ir e vir; que a população como um todo é penalizada pelas reivindicações de grupos, etc.
É a nossa crônica inclinação à falta de empatia. O problema é seu, não meu, então não o divida comigo. Mesmo que eu também seja um trabalhador que não gostaria nem um pouco que meu salário fosse reduzido. A coisa só se torna escandalosa se acontecer comigo ou com os meus, especificamente. Triste, isso.
Mas para fazer um esforço de ter esperança no povo de minha cidade, consintamos que essas críticas não decorrem de maldade ou de indiferença, e sim de um trauma, eis que Belém é hoje uma cidade lenta, facilmente paralisável. E todos os dias, milhares de pessoas ficam retidas em ônibus, táxis e automóveis particulares; ou mofam em pontos de ônibus onde o transporte demora a chegar. E mesmo os pedestres respiram o monóxido de carbono concentrado do trânsito parado e se estressam com as buzinadas inúteis. E um sem número de pessoas morre ou fica incapacitada devido a acidentes.
O cenário é tão pesaroso que, como em qualquer trauma, à menor lembrança do gatilho, a reação é de desespero. Se assim for, trata-se de outro sintoma de nossos tempos. E quem cuida de nós?
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