sábado, 25 de janeiro de 2014

Sai Gandhi, entra Simone de Beauvoir

Durante mais de ano, não sei exatamente por quanto tempo, o blog foi ilustrado com a imagem e as lições do inesquecível Gandhi, que a despeito das inevitáveis controvérsias, deixou ao mundo um legado pacifista pelo qual será sempre e para sempre lembrado.

Eu realmente concordo com cada item ali mencionado. Os efeitos de uma política sem princípios qualquer brasileiro conhece bem. O prazer sem compromisso é egoísta e, a menos que o desapego seja uma opção clara e consciente de ambos os lados, implicará em alguém tratar outrem como objeto. A riqueza sem trabalho e os negócios sem moral são muito eficientes, mas levam à degradação do outro lado, que é numericamente majoritário; é a tônica do capitalismo. A sabedoria sem caráter (algo contraditório, porque para mim o verdadeiro sábio é sempre bondoso e humilde) seria mais bem expressa como conhecimento sem caráter, que é fonte de arrogância e de sedimentação de deseigualdades. Ciência sem humanidade é uma contradição em termos, porque toda ciência somente pode se justificar pelo crescimento de cada criatura. E oração sem caridade é a atitude vã de apenas orar, sem trabalhar de verdade em prol do semelhante.

Mas tenho minhas obsessões por mudança. Sempre chega uma hora em que preciso ver e sentir algo novo. Isto se aplica ao blog, também, e explica por que, volta e meia, há uma mudança de layout. Dura um tempo prolongado, porque também necessito de estabilidade. Mas uma hora é preciso mudar.

É aí que entra Simone de Beauvoir, figura muito conhecida internacionalmente, mas cuja obra, reconheço, não é do meu conhecimento direto. Bati os olhos nesse meme (é assim que se chama?), no perfil do Facebook de minha amiga Anna Cláudia Lins Oliveira, e me identifiquei de pronto. Afinal, tem muito a ver não apenas com certas convicções minhas, mas com as minhas preocupações do mestrado, que estão afloradas porque cheguei ao momento de trabalhar na dissertação.

Então, a partir de agora, a sábia advertência. Nenhuma tirania se impõe sem apoio. Nenhuma. E para além das conspirações contra pobres inocentes, em geral as próprias vítimas deixam as coisas chegarem a níveis absurdos. Não é regra, mas é comum. Fiquemos com esta reflexão, portanto.

Um comentário:

Unknown disse...

Yúdice, assim que o mestrado e as demais obrigações profissionais o permitirem, e se tiver interesse, claro, leia o livro "Tête-à-tête", da escritora Hazel Rowley, uma estudiosa da vida de Beauvoir. O livro é uma narrativa interessantíssima da vida em comum dela com o Sartre a partir das cartas trocadas entre eles, a cujo acervo, por parte da família de Beauvoir, a autora teve acesso. Um retrato maravilhoso dessa relação tão famosa e do impacto da obra de ambos na sociedade em que viveram. Incrível.
Aline Bentes