Em meados do ano passado, minha família recebeu duas notícias pesarosas. A primeira foi que minha mãe teria que se submeter a hemodiálise. Era um fantasma de uma década que enfim se tornava real. Contudo, felizmente, graças ao disciplinado cumprimento das prescrições médicas, ela conseguiu manter a função renal em níveis aceitáveis e a necessidade da hemodiálise foi postergada.
Tudo ia bem até que o exame largamente conhecido como "preventivo" atestou que o útero de minha mãe não estava na melhor forma. A indicação era de histerectomia e aí veio a soma de fatores: tratando-se de uma cirurgia com grande perda de sangue, o risco de falência real é grande. Posso dizer que, basicamente, enquanto mirávamos os rins, foi o útero que nos passou uma senhora rasteira. Minha mãe foi obrigada a iniciar a hemodiálise, agora em janeiro, para colocar os rins na melhor condição possível antes de serem levados ao extremo.
Até buscamos a alternativa de um tipo de exame que poderia, em tese, eliminar a necessidade da cirurgia, mas a hipótese acabou descartada. Enfim, hoje é o dia da cirurgia, classificada como de alto risco, não tanto pela histerectomia em si, mas porque a paciente é uma idosa de 71 anos, hipertensa e diabética e, acima de tudo, doente renal.
Mais tarde, levarei minha mãe ao hospital e ficaremos lá, entregues à capacidade médica e, literalmente, à vontade de Deus.
Temos recebido muitas manifestações de carinho e apoio, disseminadas pela ampla capacidade de comunicação permitida pelas redes sociais. Somos profundamente gratos por cada uma delas, em especial pela mobilização para a doação de sangue, que nem eu nem o meu irmão pudemos fazer. Todavia, sendo hoje o dia em que a porca efetivamente torce o rabo, gostaríamos de continuar contando com as boas vibrações dos amigos. Na verdade, sabemos que contamos. E isso significa muito, muito mesmo, para nós.
Um comentário:
Fico com pensamentos positivos por aqui.
Kenneth
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