sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Cidadãos de isopor

Esses intelectualoides esquerdoides de merdoide vivem grasnando que São Paulo é reduto de uma aristocracia tardia, egoísta e cruel, quando na verdade essa gente bronzeada paulista está aí, mostrando o seu valor, na vanguarda do ativismo dos movimentos sociais. Sim, dos movimentos sociais porque, a julgar pelas manifestações da grande imprensa, basta que meia dúzia de cabocos se reúnam para reivindicar alguma coisa ou reclamar de alguma coisa e já temos um autêntico movimento social.

Refiro-me ao "isoporzinho", movimento no qual amigos se reúnem para beber na rua ou em outros espaços públicos. Trata-se de um protesto contra a ganância e a insensibilidade dos capitalistas safados de restaurantes e bares, que têm cobrado preços extorsivos pela bebida (e por tudo o mais, na verdade). Com essa atitude desumana, eles suprimem o acesso dos cidadãos ao direito fundamental ao álcool, ao lazer e à felicidade. É uma questão de dignidade humana. Tá lá, na constituição. De quebra, esses desbravadores dão uma lição de cidadania ao propor a ocupação saudável e fraterna de espaços públicos sub-utilizados, o que certamente contribuirá muito para a melhoria da qualidade de vida nas grandes cidades, hoje tão insalubres.

Tal como o "rolezinho no shopping", a parada também é convocada pela internet e ganha rapidamente um número imenso de adesões. Mas diferentemente daquele movimento periférico e tãããããããão 2013, o "isoporzinho" não será objeto de repressão policial, nem haverá liminares judiciais, nem a boa família brasileira se sentirá ameaçada de sair de casa, com suas crianças, e passear por espaços onde antes se sentiam seguras, porque essa gentalha não estava lá.

Talvez os empresários do setor se ofendam e queiram alguma reação, mas sempre haverá a todo-poderosa indústria cervejeira para se disponibilizar, pronta e desinteressadamente, a defender esse grito dos excluídos. Não duvido que semana vindoura esteja passando na TV, em cadeia nacional e horário nobre, uma campanha publicitária convidando: Isoporzinho! Vem pra rua você também! (E em letras miúdas e som menos audível, a advertência do Ministério da Saúde sobre os riscos do consumo de álcool).

É por essas e outras que eu morro de orgulho do meu país.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/02/1408443-encontro-para-beber-na-rua-o-isoporzinho-chega-a-sp-neste-sabado.shtml

O blog Arbítrio do Yúdice adverte:

A despeito do tom jocoso da postagem, é absolutamente correta e necessária a prática do boicote a todo produto ou serviço com preços irreais ou qualidade insuficiente. Somos humilhados continuamente por todos os lados, porque permitimos isso. Claro que é extremamente difícil você se privar de certos itens, que correspondem a necessidades essenciais, prestados pelo próprio poder público ou pela iniciativa privada mediante concessões ou procedimentos análogos. Mas é preciso começar a reclamar, cobrar soluções e resistir.

Um dos exemplos mais contundentes é o sempre lembrado preço dos carros neste país. Se os brasileiros parassem de comprar carros por algumas semanas — o que é perfeitamente possível, já que não se trata de item essencial, como regra —, seria a maior barata voa. Carro parado no pátio é prejuízo para o revendedor e, em cascata, para os fabricantes, porque o problema atingiria seus próprios pátios. No sufoco, as promoções iam aparecer. Para dar um exemplo apenas.

Então é isso: não pague caro.

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