domingo, 27 de dezembro de 2020

Terminando. Ou não. Provavelmente não.

Falta pouco mais de 4 dias para 2020 terminar. Difícil encontrar quem vá sentir saudade. Muita gente por aí está dizendo que se trata do pior ano de todos, e não apenas no Brasil, embora por aqui precisemos conviver com o pesadelo permanente do nosso desgoverno genocida. Claro que essa fatura vai para a fatura do novo coronavírus, que ceifou milhões de vidas pelo planeta, isolou as pessoas e causou um sem número de danos, materiais e emocionais. É a maior emergência sanitária da História, se pensarmos no aumento da população mundial e no maior risco de contágio, devido às possibilidades de deslocamento entre os países.

Para mim, não foi o pior ano já vivido. Deixo esse demérito para 2015, com um profundo desejo de que nunca mais precise enfrentar nada parecido. Em relação às ações humanas, a maior violência que sofri remonta ao ano de 2019. Logo, 2020 ficará marcado como o ano de nascimento de minha segunda filha, tão ansiada e intensamente buscada. E mesmo que o isolamento nos tenha afetado a todos, também nos deu, no caso específico de nossa família, a oportunidade de estar em casa, ao lado dela, acompanhando o seu desenvolvimento. Finalmente, a ideia de tirar partido dos reveses funcionou para mim.

Contudo, o alerta vermelho está aceso. Neste momento em que escrevo, um grande amigo, uma das pessoas mais generosas que já conheci, encontra-se internado em UTI com covid-19, em estado grave, intubado. Passo os dias monitorando o celular, com medo de que alguma mensagem do WhatsApp traga informações de que não estamos precisando neste momento. Conheço essa sensação de medo permanente do telefone, do mensageiro. Estamos em uma grande corrente de vibrações positivas. É nisso que precisamos nos concentrar.

No mais, o ano ― essa convenção humana ― acabará em breve, porém o mundo seguirá sendo como é. E nós precisamos desesperadamente que ele mude: que haja mais decência e bondade, pois muita gente renunciou voluntariamente a esses valores, por pura escolha. Precisamos nos reencontrar com nossa humanidade. E estes eventos de fim de ano costumam ser propícios a tais reflexões. Só espero que não sejam promessas de fim de ano. Até porque não estou vendo ninguém prometer nada.

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