segunda-feira, 19 de abril de 2021

Vivendo como um brasileiro

Começo reconhecendo que se trata de um white people problem. Reconheço e assumo, mas é fato que um white people problem ainda é um problem. E considerando que ele se some a outros, a vida, na parte que poderia ser simples, torna-se desnecessariamente complicada. Quem é que aguenta uma vida inteira de tribulações?

Minha carteira nacional de habilitação venceu. Por lei, posso conduzir veículos por 30 dias após o vencimento. Naturalmente, tratei de providenciar logo a renovação. Acessei o site do DETRAN, emiti o boleto e fiz o pagamento. O serviço está reorganizado por causa da pandemia, então busquei as instruções oficiais, disponibilizadas ao público. De acordo com elas, preciso fazer meu agendamento por meio do call center (número 154). Você já deve saber ou, no mínimo, pode imaginar o que significa telefonar para um órgão público.

Na sexta-feira, escutei toda a mensagem pré-gravada, digitei meu CPF, acessei todas as opções e somente lá no final a gravação me informou que, devido à pandemia, o horário de atendimento está reduzido. Podiam ter informado isso logo de cara, não? Mas porque alguém se importaria com isso? Resignado, voltei a ligar hoje. Foram mais de 26 minutos de espera, ouvindo um curto trecho musical que se repete à exaustão. 26 minutos, em um momento em que preciso preparar duas apresentações acadêmicas, uma sustentação oral e uma petição, além de responder duas consultas. Estas são as demandas deste momento, não as do dia inteiro. Sim, eu sei que deveria estar fazendo isso em vez de escrevendo no blog, mas um ser humano, às vezes, precisa por para fora.

Enfim, consegui meu atendimento e até recebi uma boa notícia: devido à pandemia, não haverá coleta de dados biométricos. Eles reutilizarão a minha foto horrorosa da CNH atual. Com isso, pulamos uma etapa e passamos logo ao agendamento do exame médico. Quando faltava apenas confirmar isso, adivinha? O sistema ficou inoperante! É isso mesmo! Aquela coisa que sempre acontece em serviço público ou em bancos, aconteceu de novo! Ou seja, a minha meia hora de atendimento serviu para nada, pois preciso fazer tudo de novo. Supostamente, posso agendar pelo site, assim que o sistema retornar.

Então tá. Agora resta esperar que, com diversas clínicas na cidade, uma delas bem aqui pertinho de casa, eles me agendem para uma do outro lado da cidade, pois a distribuição dos usuários é feita aleatoriamente pelo sistema. Sei como é. Anos atrás, a distribuição aleatória do ENEM colocou uma pessoa de minha família, que mora na Marambaia, a 5 minutos a pé de uma escola e menos de 10 de outra, para fazer prova no Jurunas, em uma escola a poucos metros da Av. Bernardo Sayão. Mas é desse jeito. Não adianta buscar motivos. Podemos reduzir a um motivo só: ninguém se importa.

Se bem que, sobretudo em se tratando de DETRAN, uma outra explicação nunca pode ser desconsiderada: criam-se dificuldades para se vender facilidades. Basta um contatinho e uma ética frouxa para a tampa fechar a panela.

Cansativo.

Nenhum comentário: