segunda-feira, 6 de abril de 2020

A árvore não cai longe do pé

Despreparados, canalhas, hostis, desprovidos de inteligência emocional (além das outras), cegos ao interesse dos brasileiros, etc. Assim é a malta que compõe o primeiro escalão do governo federal hoje em dia (não me refiro aos demais, porque não conheço os titulares). E nem poderia ser diferente, pelo motivo indicado no título desta postagem.

Ainda que repugnado, consigo entender um Chicago boy tomando decisões econômicas que beneficiam os mais ricos e destroem os mais pobres. Consigo entender um ministro do meio ambiente abrindo a porteira para o agronegócio dizimar os recursos naturais do país. Consigo entender uma ministra do que deveria ser a pasta de direitos humanos implementando pautas religiosas canhestras. Entendo tudo isso, porque era o projeto anunciado e que foi eleito em 2018, sob os aplausos do que há de mais sórdido em nossa sociedade.

Mas esses desgraçados sempre estiveram aí, colonizando o Brasil. Não é novidade. Ocorre que, no passado, eles sabiam se comportar. Eram educados, polidos, sofisticados, loquazes, repletos de titulações, com sobrenomes quatrocentões, etc. A aristocracia viva em plena república. Agora, o governo federal é composto por um bando de animais hidrófobos, cuspindo e rosnando sem parar, e tomando atitudes de inacreditável infantilidade. Mas uma infantilidade nível bullying. Nível filme adolescente da Sessão da tarde.

Como explicar que o ministro da educação publique a sua já famosa tirinha? Abaixo:

Postagem de Weintraub que causou polêmica com chineses

A expressão é de uma criança que não foi além do nível da alfabetização. Mas o conteúdo é gravíssimo, pois reforça ofensas que já foram destinadas a China antes, por membros do governo. Tudo movido pela batalha ideológica. Comentários capazes de apavorar os empresários, que sabem muito bem o que significa irritar o maior parceiro comercial do Brasil.

Mesmo com os sustos anteriores, o tal de Weintraub se permitiu a publicação acima. E quando as consequências começaram a aparecer, ele se saiu com uma resposta que praticamente obriga os chineses a uma retaliação (leia aqui). Ou mais uma retaliação, haja vista que o Brasil já começou a pagar por seu mau comportamento, com a perda dos respiradores que compraria daquele país. Em vez de se retratar, o ministro reforça todos os argumentos pseudocientíficos que configuram o cerne da acusação de xenofobia e ainda impõe condições ao governo ofendido.

Honestamente, é tudo muito além de qualquer compreensão. E sem consequências no âmbito do governo. Claro: Weintraub está alinhado com o chefe. Enquanto seu staff renova as diabruras, o dublê de presidente segue pendurado nos testículos do canalha Trump, a quem deu a dispensa de vistos, a promessa de uma base militar no Maranhão e outras benesses, mas tomou apenas a falta de apoio para a candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança da ONU, a deportação humilhante de brasileiros, a manutenção de medidas econômicas protecionistas e, agora, a negociação com a China, em torno dos materiais de que nós estamos precisando. Imagine se não fosse Brasil acima de tudo.

Um comentário:

André Uliana disse...

Cada dia a realidade está mais inacreditável que a fantasia.