A professora uspiana Janaína Paschoal tornou-se uma das principais porta-vozes do movimento pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. Passarei ao largo de suas credenciais e intenções. Concentro-me apenas no fato de que, dada essa sua condição proeminente, aqueles que apoiam o governo passaram a publicar, na internet, inclusive redes sociais, que Paschoal é advogada do procurador de justiça que torturava a própria esposa.
Como exemplo, temos esta matéria do Pragmatismo Político, sítio de inclinações à esquerda, destacando que a advogada também patrocinou a defesa daquela acadêmica de direito que, em 2010, publicou em sua conta no Facebook comentários raivosos contra nordestinos, a ponto de sugerir que fossem assassinados (leia aqui).
Janaína Paschoal é advogada. E criminalista. Como tal, sua missão profissional é defender pessoas acusadas de crimes. Simples assim. Exatamente do mesmo jeito que a função de um professor é lecionar e a de um cardiologista, cuidar do coração de seus pacientes. Isto não deveria despertar qualquer alarma, embora saibamos que, no Brasil, é usual demonizar-se o advogado do bandido, porque não se compreende (nem se tenta) a função que o defensor exerce, não apenas para o acusado, mas para o próprio sistema de justiça criminal.
Qual seria, então, a finalidade de relacionar Paschoal a dois de seus clientes, especificamente pessoas cujas acusações ganharam repercussão social? Pessoas que despertaram sentimentos ruins no grande público? Um deles, acusado de crime recentemente divulgado, então em pleno calor dos acontecimentos. Além disso, uma violência fora do comum contra sua própria esposa, em um momento em que se discute no país, como nunca antes, o empoderamento feminino. A outra, uma aprendiz de fascista que disparou seu ódio classista contra uma população sabidamente discriminada, que vem a ser, por sinal, a população que mais tem apoiado, com seus votos, o partido que ora ocupa a presidência da República.
A estratégia de marketing de guerrilha utilizada me incomodou bastante, porque afeta diretamente a nós, advogados, e particularmente os criminalistas, renovando um preconceito antigo. No afã de criticar uma liderança da atual guerra santa brasileira, ninguém se pejou de menosprezar o trabalho do advogado; tampouco a OAB, por qualquer de suas agências, se manifestou. Ruim para a advocacia, pior ainda para um dos setores mais delicados da nossa já combalida democracia, que no campo penal vive, afora hiatos ditatoriais, o seu mais duro período de convergência de forças em prol da flexibilização ou relativização (rectius: destruição) de garantias fundamentais.
Isso é punitivismo de esquerda. Péssima ideia.
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