segunda-feira, 25 de maio de 2020

Meu novo normal?

É uma segunda-feira qualquer. Já anoiteceu.

Enquanto o bebê dorme, saio do meu cantinho de trabalho, estabelecido há anos, e desço para a sala de estar, que praticamente não usamos. Precisei fazer isso para trabalhar, já que no quarto não é possível acender luzes e fazer barulho, temporariamente, até o berço ser deslocado para o seu local definitivo, no quarto de Margot. Júlia, a primogênita, é pré-adolescente, então está fechada no quarto, fazendo as suas coisas.

Trabalho cuidando dos meus processos, por meio do processo judicial eletrônico, o famigerado PJe. O sinal de internet neste ponto da casa não é o melhor, mas está bastando. Consigo trabalhar enquanto escuto Planeta fome, disco de Elza Soares. Muitos versos fortes e necessários.

Mais cedo, terminamos de ver uma série que acompanhávamos. La casa de las flores. É quase inacreditável que eu me tenha dedicado a uma comédia, mas essa é mexicana e valeu a pena. Principalmente a sua inesquecível cena, no quinto capítulo da terceira temporada, em que a personagem Paulina de la Mora briga com alguém perguntando se ele é burro, se nasceu no Alabama ou se tem Bolsonaro no sobrenome. O mundo inteiro concorda comigo nesse ponto. Que fazer?

Paulina: para sempre em nossos corações

Enquanto a pandemia grassa lá fora e o Brasil, sem governo, cuidado ou decência, segue acumulando mortos, aqui no Pará as autoridades tentam nos convencer de que a curva de contágio está em queda na capital, embora aumente perigosamente no interior. Hoje foi o primeiro dia sem lockdown, após duas semanas. O povo achou que já era um liberou geral. Por ignorância, uns, e esperteza, outros.

Dito tudo isto, informo que esta postagem não possui nenhum assunto especial, não. Tenho lido postagens antigas e sentido tanto prazer em relembrar eventos passados que, talvez, este blog pouco atualizado tenha, finalmente, encontrado a sua vocação: ser o que os blogs supostamente eram quando surgiram ― diários pessoais, só que eletrônicos. Algo para que seus donos possam conservar memórias. O acesso à internet nos convenceu de que éramos todos especiais e que nossas palavras, e em especial nossas opiniões, mereciam ser difundidas mundo afora. E, pasmem, que alguém se daria ao trabalho de lê-las. A grande rede criou vários novos transtornos mentais, um deles relacionado à caça por seguidores.

Da minha parte, a esta altura da vida, só penso em uma coisa nesta noite quente, mas ainda suportável: em relação a algumas coisas, cheguei onde queria; em relação a outras, não poderia estar mais longe. Deve ser assim com a esmagadora maioria das pessoas mundo afora, aquelas que são pessoas comuns. Já deve ser um privilégio ficar na casa dos 50%.

Mas, enfim, um dia eu hei de ler estas palavras e gostar do nada que significam para você, eventual leitor, e do muito que significam para mim, já que se trata da minha vida. Da vida real. Sem qualquer fantasia. Para mim, sua existência está justificada.

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