Impossível, impossível não sofrer com a narrativa de Andor Stern, judeu brasileiro, sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. Impossível, também, não ficar impressionado com a serenidade com que ele faz seu relato, sem transparecer ódio ou mágoa, enfatizando a imensa sorte que acredita ter por... estar vivo e ser livre. E, por liberdade, ele entende, simplesmente, poder ir para qualquer lado sem ser impedido.
Sensação semelhante tive ao ler o livro autobiográfico O pianista, de Wladyslaw Szpilman (1911-2000), pianista polonês que teve sua obra adaptada para o cinema, com o mesmo título (dir. Roman Polanski, 2002). Os fatos descritos são horrorosos por si sós, mas a narrativa pode, por incrível que pareça, ser desprovida de rancor e enfatizar a humanidade que nós, e não os outros, podemos desenvolver.
Gostaria de compartilhar o vídeo, pois sinto que, ao vê-lo, alguma coisa boa emerge em nós, se estivermos dispostos.
Triste é pensar que, voluntariamente, renunciamos à experiência histórica e nos conduzimos à barbárie. Mas não quero pensar nisso agora. A proposta desta postagem é enfatizar o que resulta de positivo mesmo de um enorme trauma. Ou, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, deixar que da hora mais triste surja outra, a mais bela.
2 comentários:
Muito bom mesmo esse documentário da BBC Brasil. Aliás, a chegada da BBC e de outros veículos estrangeiros, como o El País, foi muito positivo. Fazem jornalismo de grande qualidade.
Comungo da sua tristeza , Yudice. Não consigo entender como as pessoas ainda se deixam levar por discursos de ódio e demagógicos.
No mais, a gente faz a nossa parte para resistir. Seus textos são muito bons. Eu lia muito o seu blog nos idos de 2008, 2009, 2010, por aí. Depois, com o Face e outras redes sociais, parei de entrar em blogs.
Hoje, já evito as redes sociais, porque se tornaram muito tóxicas. Muitas fake news e lixo.
Nessa pandemia, acessei seu blog e tive a surpresa do mesmo continuar ativo.
Vida longa! Sucesso!
Márcio Farias
Eu me lembro da sua colaboração, Márcio. Agradeço.
Realmente, as redes sociais foram crueis com os blogs. Quando o Facebook virou febre, a onda dos blogs acabou, permanecendo mais frequentemente aqueles que os editavam em caráter mais profissional. Senti na pele a sedução do Facebook, com sua enorme capacidade de viralizar publicações. Por isso e por outras razões, mais pessoais e graves, fui-me afastando do blog. Agora o retomo devagar. Complicado dizer que está "ativo". Digamos que ele é como eu: um sedentário; existe, mas quase nunca se mexe!
Grande abraço. Vamos nos falando.
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