sábado, 1 de agosto de 2020

Ser livre e ter respeito absoluto pela vida

O vídeo abaixo me era recomendado pelo algoritmo do YouTube de forma recorrente e eu, sabe lá por qual razão, deixava passar. Nos últimos dias, comecei a me interessar pelos ótimos vídeos do canal da BBC Brasil e hoje, finalmente, decidi conhecer a história da família que virou fumaça.

Impossível, impossível não sofrer com a narrativa de Andor Stern, judeu brasileiro, sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. Impossível, também, não ficar impressionado com a serenidade com que ele faz seu relato, sem transparecer ódio ou mágoa, enfatizando a imensa sorte que acredita ter por... estar vivo e ser livre. E, por liberdade, ele entende, simplesmente, poder ir para qualquer lado sem ser impedido.

Sensação semelhante tive ao ler o livro autobiográfico O pianista, de Wladyslaw Szpilman (1911-2000), pianista polonês que teve sua obra adaptada para o cinema, com o mesmo título (dir. Roman Polanski, 2002). Os fatos descritos são horrorosos por si sós, mas a narrativa pode, por incrível que pareça, ser desprovida de rancor e enfatizar a humanidade que nós, e não os outros, podemos desenvolver.

Gostaria de compartilhar o vídeo, pois sinto que, ao vê-lo, alguma coisa boa emerge em nós, se estivermos dispostos.


Triste é pensar que, voluntariamente, renunciamos à experiência histórica e nos conduzimos à barbárie. Mas não quero pensar nisso agora. A proposta desta postagem é enfatizar o que resulta de positivo mesmo de um enorme trauma. Ou, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, deixar que da hora mais triste surja outra, a mais bela.

2 comentários:

MARCIO FARIAS disse...

Muito bom mesmo esse documentário da BBC Brasil. Aliás, a chegada da BBC e de outros veículos estrangeiros, como o El País, foi muito positivo. Fazem jornalismo de grande qualidade.
Comungo da sua tristeza , Yudice. Não consigo entender como as pessoas ainda se deixam levar por discursos de ódio e demagógicos.
No mais, a gente faz a nossa parte para resistir. Seus textos são muito bons. Eu lia muito o seu blog nos idos de 2008, 2009, 2010, por aí. Depois, com o Face e outras redes sociais, parei de entrar em blogs.
Hoje, já evito as redes sociais, porque se tornaram muito tóxicas. Muitas fake news e lixo.
Nessa pandemia, acessei seu blog e tive a surpresa do mesmo continuar ativo.
Vida longa! Sucesso!

Márcio Farias


Yúdice Andrade disse...

Eu me lembro da sua colaboração, Márcio. Agradeço.
Realmente, as redes sociais foram crueis com os blogs. Quando o Facebook virou febre, a onda dos blogs acabou, permanecendo mais frequentemente aqueles que os editavam em caráter mais profissional. Senti na pele a sedução do Facebook, com sua enorme capacidade de viralizar publicações. Por isso e por outras razões, mais pessoais e graves, fui-me afastando do blog. Agora o retomo devagar. Complicado dizer que está "ativo". Digamos que ele é como eu: um sedentário; existe, mas quase nunca se mexe!
Grande abraço. Vamos nos falando.