No dia 13 de janeiro de 2005, uma quinta-feira, por esta hora, eu estava numa situação curiosa. Tinha um dos maiores compromissos de minha vida prestes a acontecer, mas não tinha absolutamente nada a fazer até lá, exceto esperar. E esperar diante de algo importante é no mínimo desconfortável. Some-se a isso o calor exaustivo e incontrolável que vínhamos enfrentando desde a véspera.
À noite, elegantemente trajado, puseram-me diante da principal igreja de Santarém, para aguardar a hora da minha entrada. Eu havia sido muito claro quanto a atrasos, mas algo de realmente estranho aconteceu naquela ocasião. Houve um atraso gigantesco, motivado, segundo consta, por falta de energia na cidade. Por isso as horas iam se passando e nada acontecia mas eu, por mais estranho que seja, simplesmente não me dei conta de quanto tempo se passou. Talvez porque a sensação de corpo derretendo por baixo da roupa não me permitisse.
Eis que, enfim, permitiram a minha entrada. E logo depois veio a noiva, ao som da marcha nupcial interpretada ao vivo, na íntegra, um privilégio decorrente do fato de a família dispor de uma orquestra inteira para a execução.
É difícil de acreditar, mas oito anos se passaram. E, naturalmente, muita coisa mudou de lá para cá, da minha aparência à alma. A mais importante de todas essas mudanças caminha por aqui, hoje em dia, com seus cabelos cacheados, tagarelando sem parar.
Preciso agradecer publicamente a paciência de Polyana em me aturar por tanto tempo. Sem dúvida, trata-se de um enorme feito e não dito isto para causar uma impressão óbvia em ninguém. Só ela que sabe. Mas a graça e a beleza de um casamento no mundo real é, justamente, não viver contos de fadas, mas persistir a cada dia, em meio a todas as dificuldades, as que independem de nós e as que nós mesmos criamos. Quando um mundo de opções se abrem, em tese, a nossa frente e nós queremos, simplesmente, seguir em frente.
Aprendi que devemos apostar na simplicidade. Em tudo, o que inclui o amor. Então temos aqui a nossa casa, a nossa filha, os nossos sonhos, as nossas mazelas, as nossas lutas e todo um futuro pela frente, que sempre foi acompanhado e apoiado pelos amigos, para os quais transmito esta relevante constatação: continua valendo a pena!
domingo, 13 de janeiro de 2013
sábado, 12 de janeiro de 2013
O aniversário do alívio
12 de janeiro, aniversário de Belém.
Gostaria de dizer coisa melhor, mas a sensação que tenho é a de que nossa cidade está, neste momento, como alguém que acabou de passar por um grave acidente, machucou-se e ainda está com uma medonha taquicardia, plenamente consciente de que poderia ter morrido e, se tal não ocorreu, pode-se por na conta do milagre. Ainda não dá para conversar, para racionar com clareza; apenas ficar parado, com os olhos muito arregalados, esperando as capacidades físicas e mentais retornarem, no seu tempo.
Nesta data, o que temos em quantidade são necessidades e um desejo de melhorar, de virar essa página marcada pela compreensão de que nada funciona, nada acontece e que isso certamente deve ser muito conveniente para alguém, que não os habitantes da cidade.
Hoje é o dia do cidadão comum, aquele que nasceu aqui ou depositou neste endereço a sua vontade de viver. Hoje é o dia daqueles que não repudiam esta cidade; que quando criticam, é porque almejam um lugar melhor para todos. É o dia dos que encontram belezas ocultas nas árvores, nas construções antigas, nos túneis de mangueiras, na visão do rio. É o dia dos que sabem o que fazer para se divertir por aqui mesmo. É o dia dos que amam a chuva.
Hoje é o dia daqueles que entenderam que amar, a gente ama de graça. E agradece porque aqui existe alagamento, mas não inundação; porque terrenos planos não são sujeitos a deslizamentos de encostas. E acredita de que estes habitantes acomodados e espaçosos começaram a perceber que a cidade pode ser melhor e como se pode chegar a isso, em ações individuais, mais do que em medidas de governantes que não necessariamente farão alguma coisa.
Hoje é o dia de parabenizar Belém por seus 397 anos e assumir algum compromisso com ela. Pode ser qualquer coisa simples. Pode-se prometer não fechar mais os cruzamentos nem parar em fila dupla; não jogar lixo na rua; não obstruir as calçadas que se destinam às pessoas; cuidar bem dos jardins, dos gramados e das árvores; cultivar flores em locais visíveis; não promover poluição sonora; respeitar as nossas tradições e heranças culturais; cuidar bem do patrimônio público; orientar as crianças e impedir os adultos de violar essas regras. Pode ser qualquer uma dessas coisas. Com qualquer delas, e outras semelhantes, todos sairemos ganhando.
Gostaria de dizer coisa melhor, mas a sensação que tenho é a de que nossa cidade está, neste momento, como alguém que acabou de passar por um grave acidente, machucou-se e ainda está com uma medonha taquicardia, plenamente consciente de que poderia ter morrido e, se tal não ocorreu, pode-se por na conta do milagre. Ainda não dá para conversar, para racionar com clareza; apenas ficar parado, com os olhos muito arregalados, esperando as capacidades físicas e mentais retornarem, no seu tempo.
Nesta data, o que temos em quantidade são necessidades e um desejo de melhorar, de virar essa página marcada pela compreensão de que nada funciona, nada acontece e que isso certamente deve ser muito conveniente para alguém, que não os habitantes da cidade.
Hoje é o dia do cidadão comum, aquele que nasceu aqui ou depositou neste endereço a sua vontade de viver. Hoje é o dia daqueles que não repudiam esta cidade; que quando criticam, é porque almejam um lugar melhor para todos. É o dia dos que encontram belezas ocultas nas árvores, nas construções antigas, nos túneis de mangueiras, na visão do rio. É o dia dos que sabem o que fazer para se divertir por aqui mesmo. É o dia dos que amam a chuva.
Hoje é o dia daqueles que entenderam que amar, a gente ama de graça. E agradece porque aqui existe alagamento, mas não inundação; porque terrenos planos não são sujeitos a deslizamentos de encostas. E acredita de que estes habitantes acomodados e espaçosos começaram a perceber que a cidade pode ser melhor e como se pode chegar a isso, em ações individuais, mais do que em medidas de governantes que não necessariamente farão alguma coisa.
Hoje é o dia de parabenizar Belém por seus 397 anos e assumir algum compromisso com ela. Pode ser qualquer coisa simples. Pode-se prometer não fechar mais os cruzamentos nem parar em fila dupla; não jogar lixo na rua; não obstruir as calçadas que se destinam às pessoas; cuidar bem dos jardins, dos gramados e das árvores; cultivar flores em locais visíveis; não promover poluição sonora; respeitar as nossas tradições e heranças culturais; cuidar bem do patrimônio público; orientar as crianças e impedir os adultos de violar essas regras. Pode ser qualquer uma dessas coisas. Com qualquer delas, e outras semelhantes, todos sairemos ganhando.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Sociais e adictos
Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, estes aqui são os carros mais econômicos à venda no Brasil: http://noticias.r7.com/carros/fotos/veja-os-carros-mais-economicos-do-brasil-segundo-o-inmetro-20130109-1.html#fotos
E estes são os bebuns: http://noticias.r7.com/carros/fotos/veja-os-carros-mais-beberroes-do-brasil-segundo-o-ranking-2013-do-inmetro-20130110-25.html#fotos
O meu não aparece em nenhuma das duas listas, o que é uma pena, pois eu realmente gostaria que ele estivesse na primeira.
E estes são os bebuns: http://noticias.r7.com/carros/fotos/veja-os-carros-mais-beberroes-do-brasil-segundo-o-ranking-2013-do-inmetro-20130110-25.html#fotos
O meu não aparece em nenhuma das duas listas, o que é uma pena, pois eu realmente gostaria que ele estivesse na primeira.
Omertà
O vocábulo "omertà", da língua italiana, significa conspiração ou proteção. Tornou-se famoso, entretanto, como designação do código de honra da Máfia, envolvendo tanto o dever de silêncio quanto, sobretudo, o de absoluta ausência de colaboração com investigações criminais. A desobediência a esse código não escrito deve ser punida com a morte. Há desdobramentos, inclusive de fundo ético, mas podemos ficar até aqui.
Motivo de minha atenção? É que todo governo é sempre assacado de acusações de improbidade administrativa, quando não da mais desbragada corrupção, em alguns casos envolvendo supostas organizações criminosas de grande vulto, do qual o esquema notabilizado como "mensalão" seria a versão mais conhecida.
Mas se o governo é assim tão corrupto, na medida em que ele seja sucedido por outro que com ele não esteja alinhado politicamente, seria natural que o novo gestor determinasse rigorosa apuração dos desmandos e crimes. Essa medida seria do seu maior interesse, não apenas ético, mas também no sentido mais pragmático. Um governo corrupto deixa dificuldades para o sucessor: dinheiro faltando, contratos a honrar, responsabilidade civil, demandas sociais, etc. Como não tenho cabeça de político, continuo acreditando que a atitude mais compreensível seria, agora que estou no comando, produzir o maior volume possível de provas contra o bandido que me antecedeu e entregá-las às autoridades competentes: polícia, Ministério Público, tribunais de contas. Não fazer isso, por sinal, poderia constituir crime de prevaricação.
A realidade, contudo, desmente esse raciocínio. Diz-se que Hélio Gueiros mandou retirar até as telhas francesas de um prédio histórico da Almirante Barroso e usou-as para embelezar sua própria residência. E outros episódios de patrimonialismo. Edmilson Rodrigues, contudo, não determinou nenhuma devassa. Como o malsinado Duciomar Costa, que entrou no Palácio Antônio Lemos acusando Edmilson até da extinção dos dinossauros, também não tomou nenhuma providência específica em relação a tantos pretensos descalabros.
Ana Júlia não escarafunchou os 12 anos da era tucana e Simão Jatene, por sua vez, não acertou as contas estaduais com a petista. Ao contrário, convalidou e ampliou o contrato com a suspeitíssima empresa Delta, envolvendo locação de viaturas para a Polícia Militar. Os tucanos consideravam esse um dos mais evidentes atos de malversação do governo petista mas, tão logo retomaram o poder, trataram de melhorar as coisas para a empresa de Fernando Cavendish.
No âmbito em que a bandalheira assume dimensões titânicas, o federal, não é diferente. Fernando Henrique Cardoso não pegou no pé de seus antecessores nem foi incomodado por Lula. Mas o Príncipe FFHH esteve no centro do maior escândalo de corrupção de que se tem notícia neste país: a compra da emenda da reeleição (afirmo isto porque a ordem constitucional brasileira foi modificada para atender a interesses pessoais e partidários, abstraindo o montante de recursos envolvidos porque, obviamente, não se conhece tal informação). Afora isso, houve outros escândalos-satélite, digamos assim.
Quanto à era PT, associada ao "mensalão" mas contendo igualmente outros escândalos-satélite, pouco se pode dizer, já que o governo atual é do mesmo partido e a presidente Dilma Rousseff teve em Lula o seu principal fiador e padrinho político.
Merece destaque, ainda, o fato de que as ações movidas contra ex-gestores resultaram de procedimentos investigatórios originados no Ministério Público ou em outros órgãos de controle externo, estes exercendo funções de rotina, ou ainda devido a denúncias vergastadas pela imprensa, ou, como no caso de Collor, Celso Pitta e do "mensalão", devido a picuinhas familiares ou disputas de poder partidário. Mas não especificamente por decisões tomadas pelos sucessores no cargo. O atual governante pode até prestar informações e fornecer documentos, porque é sua obrigação, sob pena de responsabilidade, mas não me consta que qualquer deles tenha montado um dossiê e encaminhado para apuração, como seria seu dever legal e moral.
Já que a moda é denunciar enquanto se está na oposição, mas depois guardar um silêncio obsequioso em relação ao colega que partiu, o que esperar de Zenaldo Coutinho, em relação ao pior governo municipal que Belém já teve em todos os tempos, sentidos e dimensões? Não se trata de uma valoração pessoal minha. A alegação pode sustentar-se, p. ex., no fato de que os ex-governantes até respondem a ações por improbidade administrativa (e supostamente têm suas razões para demonstrar a própria inocência), como é o caso de Edmilson, Ana Júlia e Jatene, mas nenhum ex-prefeito antes de Duciomar se tornou réu em uma ação criminal por malinagens com dinheiro público. Duciomar fez melhor: tornou-se réu não em uma, mas em duas ações criminais perante a Justiça Federal, em relação a fatos perpetrados logo no começo do primeiro mandato. Rápido ele, não?
Como os tucanos parecem muito empenhados em jogar a sujeira para baixo do tapete, é fundamental lembrar, o tempo inteiro, que foram eles (e o seu partido-mordomo, o DEM) os grandes responsáveis pelo sucesso de Duciomar Costa. Apoiaram-no para senador. Apoiaram-no nas eleições de 2000 contra Edmilson, quando perceberam que o mesmo Zenaldo não dava conta de se eleger nem síndico do prédio. E o apoiaram aguerridamente em 2005, quando finalmente conseguiram elegê-lo, mergulhando Belém na sua fase mais sinistra. Quando se aperceberam do tamanho da m...aldade, adotaram o discurso da traição, da surpresa, e se fizeram de oposição.
Nas últimas eleições, eram oposição ferrenha, claro. Mas tacar pedra em Duciomar é a coisa mais fácil a fazer. O que realmente importa é que, durante tantos anos, seus partidos mantiveram tratativas e tretas, todas funcionando para eles. Não são adversários, não; sabem se dar muito bem.
Ou eu sou muito tolo, ou existe um pacto de silêncio e mútua cooperação entre os gestores. E o atual capítulo dessa triste e inacabável novela não será diferente. Espere para ver.
Motivo de minha atenção? É que todo governo é sempre assacado de acusações de improbidade administrativa, quando não da mais desbragada corrupção, em alguns casos envolvendo supostas organizações criminosas de grande vulto, do qual o esquema notabilizado como "mensalão" seria a versão mais conhecida.
Mas se o governo é assim tão corrupto, na medida em que ele seja sucedido por outro que com ele não esteja alinhado politicamente, seria natural que o novo gestor determinasse rigorosa apuração dos desmandos e crimes. Essa medida seria do seu maior interesse, não apenas ético, mas também no sentido mais pragmático. Um governo corrupto deixa dificuldades para o sucessor: dinheiro faltando, contratos a honrar, responsabilidade civil, demandas sociais, etc. Como não tenho cabeça de político, continuo acreditando que a atitude mais compreensível seria, agora que estou no comando, produzir o maior volume possível de provas contra o bandido que me antecedeu e entregá-las às autoridades competentes: polícia, Ministério Público, tribunais de contas. Não fazer isso, por sinal, poderia constituir crime de prevaricação.
A realidade, contudo, desmente esse raciocínio. Diz-se que Hélio Gueiros mandou retirar até as telhas francesas de um prédio histórico da Almirante Barroso e usou-as para embelezar sua própria residência. E outros episódios de patrimonialismo. Edmilson Rodrigues, contudo, não determinou nenhuma devassa. Como o malsinado Duciomar Costa, que entrou no Palácio Antônio Lemos acusando Edmilson até da extinção dos dinossauros, também não tomou nenhuma providência específica em relação a tantos pretensos descalabros.
Ana Júlia não escarafunchou os 12 anos da era tucana e Simão Jatene, por sua vez, não acertou as contas estaduais com a petista. Ao contrário, convalidou e ampliou o contrato com a suspeitíssima empresa Delta, envolvendo locação de viaturas para a Polícia Militar. Os tucanos consideravam esse um dos mais evidentes atos de malversação do governo petista mas, tão logo retomaram o poder, trataram de melhorar as coisas para a empresa de Fernando Cavendish.
No âmbito em que a bandalheira assume dimensões titânicas, o federal, não é diferente. Fernando Henrique Cardoso não pegou no pé de seus antecessores nem foi incomodado por Lula. Mas o Príncipe FFHH esteve no centro do maior escândalo de corrupção de que se tem notícia neste país: a compra da emenda da reeleição (afirmo isto porque a ordem constitucional brasileira foi modificada para atender a interesses pessoais e partidários, abstraindo o montante de recursos envolvidos porque, obviamente, não se conhece tal informação). Afora isso, houve outros escândalos-satélite, digamos assim.
Quanto à era PT, associada ao "mensalão" mas contendo igualmente outros escândalos-satélite, pouco se pode dizer, já que o governo atual é do mesmo partido e a presidente Dilma Rousseff teve em Lula o seu principal fiador e padrinho político.
Merece destaque, ainda, o fato de que as ações movidas contra ex-gestores resultaram de procedimentos investigatórios originados no Ministério Público ou em outros órgãos de controle externo, estes exercendo funções de rotina, ou ainda devido a denúncias vergastadas pela imprensa, ou, como no caso de Collor, Celso Pitta e do "mensalão", devido a picuinhas familiares ou disputas de poder partidário. Mas não especificamente por decisões tomadas pelos sucessores no cargo. O atual governante pode até prestar informações e fornecer documentos, porque é sua obrigação, sob pena de responsabilidade, mas não me consta que qualquer deles tenha montado um dossiê e encaminhado para apuração, como seria seu dever legal e moral.
Já que a moda é denunciar enquanto se está na oposição, mas depois guardar um silêncio obsequioso em relação ao colega que partiu, o que esperar de Zenaldo Coutinho, em relação ao pior governo municipal que Belém já teve em todos os tempos, sentidos e dimensões? Não se trata de uma valoração pessoal minha. A alegação pode sustentar-se, p. ex., no fato de que os ex-governantes até respondem a ações por improbidade administrativa (e supostamente têm suas razões para demonstrar a própria inocência), como é o caso de Edmilson, Ana Júlia e Jatene, mas nenhum ex-prefeito antes de Duciomar se tornou réu em uma ação criminal por malinagens com dinheiro público. Duciomar fez melhor: tornou-se réu não em uma, mas em duas ações criminais perante a Justiça Federal, em relação a fatos perpetrados logo no começo do primeiro mandato. Rápido ele, não?
Como os tucanos parecem muito empenhados em jogar a sujeira para baixo do tapete, é fundamental lembrar, o tempo inteiro, que foram eles (e o seu partido-mordomo, o DEM) os grandes responsáveis pelo sucesso de Duciomar Costa. Apoiaram-no para senador. Apoiaram-no nas eleições de 2000 contra Edmilson, quando perceberam que o mesmo Zenaldo não dava conta de se eleger nem síndico do prédio. E o apoiaram aguerridamente em 2005, quando finalmente conseguiram elegê-lo, mergulhando Belém na sua fase mais sinistra. Quando se aperceberam do tamanho da m...aldade, adotaram o discurso da traição, da surpresa, e se fizeram de oposição.
Nas últimas eleições, eram oposição ferrenha, claro. Mas tacar pedra em Duciomar é a coisa mais fácil a fazer. O que realmente importa é que, durante tantos anos, seus partidos mantiveram tratativas e tretas, todas funcionando para eles. Não são adversários, não; sabem se dar muito bem.
Ou eu sou muito tolo, ou existe um pacto de silêncio e mútua cooperação entre os gestores. E o atual capítulo dessa triste e inacabável novela não será diferente. Espere para ver.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Caroço de felicidade
Um dia chamei para Júlia de "caroço" e, naturalmente, tive que me explicar. Disse a ela que "caroço" era uma pessoa chata. Ficou indignada e não aceitou ser chamada assim. Desde então, criei o hábito de fazer-lhe perguntas sucessivas, do tipo "quem é o amorzinho do papai?" (ou a garotinha, a bonequinha, a florzinha, etc.), para que ela responda "eu". No meio das perguntas, pergunto quem é o carocinho do papai, mas ela nunca se deixou enganar: sempre responde "ninguém!", com convicção — primeiro aborrecida, hoje em dia divertida.
Com o tempo, passei a adotar estratégias para tapeá-la, mas não dão certo. Já tentei, p. ex., perguntar "quem é a coisinha arredondada, que fica dentro da fruta, do papai?" Na primeira vez, ela me olhou surpresa, mas entendeu. Das posteriores, ficou mais fácil.
Hoje, fiz mais uma tentativa infrutífera. Num arroubo provocativo, cheia de si, olhando-me diretamente, ela disparou:
— Eu sou um caroço de felicidade!
E depois ainda se disse um "caroço de manga" — minha fruta favorita —, só para concluir: "porque você me ama!"
E é isso mesmo.
Uma postagem dedicada ao crescente número de leitores que dizem que as melhores postagens do blog são as crônicas da Júlia.
Com o tempo, passei a adotar estratégias para tapeá-la, mas não dão certo. Já tentei, p. ex., perguntar "quem é a coisinha arredondada, que fica dentro da fruta, do papai?" Na primeira vez, ela me olhou surpresa, mas entendeu. Das posteriores, ficou mais fácil.
Hoje, fiz mais uma tentativa infrutífera. Num arroubo provocativo, cheia de si, olhando-me diretamente, ela disparou:
— Eu sou um caroço de felicidade!
E depois ainda se disse um "caroço de manga" — minha fruta favorita —, só para concluir: "porque você me ama!"
E é isso mesmo.
Uma postagem dedicada ao crescente número de leitores que dizem que as melhores postagens do blog são as crônicas da Júlia.
Dúvidas técnico-geográficas
Deve ter sido assim: o estagiário tirou o dia para pedir a oportunidade de escrever ele mesmo a matéria. É um rapaz e está na editoria de carros, portanto a empolgação vai mais longe do que os veículos. De tanto apurrinhar, conseguiu produzir ao menos a manchete. Mas ela saiu assim:
Aí ficam as dúvidas: Se eu comprar esse carro aqui no Brasil, vou conseguir estacioná-lo? Ele estacionará sozinho aqui? Se eu mandar o carro estacionar aqui no Brasil, ele tomará automaticamente a direção da Inglaterra para completar a tarefa?
Que tal "Peugeot lança na Inglaterra compacto 208 que estaciona sozinho". Ou, para ficar realmente bom: "Peugeot lança na Inglaterra compacto 208, que estaciona sozinho". A elegância de um vírgula, essa ilustre desconhecida!
Para quem se interessou pelo carro (mulheres, provavelmente): http://caranddriverbrasil.uol.com.br/noticias/fabricantes/peugeot-lanca-208-que-estaciona-sozinho/3992
Outras ratadas, de variados tipos, dos barbarismos à má compreensão do próprio assunto abordado, além de absurdos engraçadíssimos como "cacho de abelhas" e dizer que o pirarucu é um mamífero:
Aí ficam as dúvidas: Se eu comprar esse carro aqui no Brasil, vou conseguir estacioná-lo? Ele estacionará sozinho aqui? Se eu mandar o carro estacionar aqui no Brasil, ele tomará automaticamente a direção da Inglaterra para completar a tarefa?
Que tal "Peugeot lança na Inglaterra compacto 208 que estaciona sozinho". Ou, para ficar realmente bom: "Peugeot lança na Inglaterra compacto 208, que estaciona sozinho". A elegância de um vírgula, essa ilustre desconhecida!
Para quem se interessou pelo carro (mulheres, provavelmente): http://caranddriverbrasil.uol.com.br/noticias/fabricantes/peugeot-lanca-208-que-estaciona-sozinho/3992
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Outras ratadas, de variados tipos, dos barbarismos à má compreensão do próprio assunto abordado, além de absurdos engraçadíssimos como "cacho de abelhas" e dizer que o pirarucu é um mamífero:
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2012/06/acredito-que-esta-perdida.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2012/06/eles-estao-cada-vez-melhores.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2012/05/alo-redacao.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2012/03/desembargo.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2011/11/imagena.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2011/11/seria-facil-nao-confundir.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2011/08/mais-uma-da-imprensa.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2011/03/objeto-nao-identificado.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2011/02/pobre-flor-do-lacio.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2009/09/em-plena-capa.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2009/05/reportagem-bem-informada.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2009/03/ex-cave.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2009/03/meu-amigo-puccini.html (Esta é muito bacana!)
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/12/ambigidades-da-notcia.html (Também gosto muito desta)
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/08/patrulha-da-imprensa.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/08/como-assim.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/08/ah-ltima-flor-do-lcio.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2008/05/manchete-de-duplo-sentido.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/10/do-dicionrio-eletrnico-hoauiss-cacho.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/08/essa-vai-para-o-xingatrio.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/08/mamfero.html
- http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/01/com-certeza.html
Finalmente! Ciência é tudo!
Minha vida, que estava estacionada desde tenra infância por conta dessa dúvida atroz, finalmente vai seguir em frente! Eu encontrei a verdade:
Vamos à próxima dúvida existencial.
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/bbc/2013/01/09/cientistas-descobrem-por-que-os-dedos-enrugam-na-agua.htm
Vamos à próxima dúvida existencial.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Eu e o artigo do mestrado
Tenho três prazos para cumprir para a próxima segunda-feira, no mestrado. Entre eles e eu, mora um abismo no qual se esparrama a minha terrível dificuldade de concentração. E não adianta botar a culpa na internet e outras tecnologias de comunicação: é coisa minha, mesmo. Quando criança, numa era pré-internet, eu já era intensamente dispersivo.
Quando ando na rua, olho as pessoas, os letreiros, as fachadas, os cantos obscuros. Tudo pode me chamar a atenção; o problema é que ao mesmo tempo.
No meio de uma frase, conversando com qualquer pessoa sobre qualquer assunto que seja, inclusive os mais importantes, posso me interromper sem mais nem menos e disparar um comentário sobre algo que passou pelos meus olhos de repente. Na maioria dos casos, consigo retomar o que dizia antes, mas nem sempre. Minha esposa ainda se incomoda com essa minha característica, embora já devesse estar acostumada.
Durante uma aula, posso interromper qualquer explicação importante para declarar minha percepção da roupa, do penteado ou de alguma atitude de um aluno ou aluna. Para a alegria das mulheres, sou do tipo que percebe mudanças no cabelo ou detalhes colocados para impressionar. Estudar um pouco antes de entrar em sala é um recurso que me ajudar a manter o foco e não transformar o desvio num desastre acadêmico.
Enfim, meus dedos correm o teclado com alguma rapidez, mas sempre tem um passarinho pousando na sacada, uma árvore farfalhando ao longe, um som diferente. Aí o pensamento voa, o corpo reclama, não quer ficar sentado diante do computador por mais do que uns poucos minutos. Paro a fim de tomar água, olhar o relógio, consultar alguma coisa (que poderia ser postergada), vejo o que minha filha está fazendo, folheio uma revista — cedo, enfim, a qualquer influência marota, inclusive a internet, que está lá, à disposição na mesma máquina. Só não cedo à televisão. Programas de televisão não me desencaminham: só assisto a eles quando me decido a fazer isso, especificamente.
Entre idas e vindas, passei o dia hoje diante deste computador, lendo e escrevendo, consultando e redigindo, corrigindo e especulando. Ainda falta um bocado, mas meu cérebro se recusa a prosseguir. Sabe que são muitas horas oficialmente dedicadas à mesma atividade, portanto ele se rendeu. Quer algumas horas de repouso e alheamento, para amanhã recomeçar consultando o texto escrito por mim, de ponta a ponta, a fim de verificar a sua coerência e homogeneidade. Aí entra o segundo fator problemático: o texto precisa ser perfeito. E não pode ser amanhã, não: ele tem que nascer irrepreensível. Vê-lo capenga me provoca ansiedade.
Mentalmente cansado, vou capitular. Mas já sei que acordarei novamente às seis da manhã, sem qualquer despertador, acionado pelo brotar de uma frase pronta dentro da cachola. Tem sido assim.
Que vida estranha esta que tenho levado...
Quando ando na rua, olho as pessoas, os letreiros, as fachadas, os cantos obscuros. Tudo pode me chamar a atenção; o problema é que ao mesmo tempo.
No meio de uma frase, conversando com qualquer pessoa sobre qualquer assunto que seja, inclusive os mais importantes, posso me interromper sem mais nem menos e disparar um comentário sobre algo que passou pelos meus olhos de repente. Na maioria dos casos, consigo retomar o que dizia antes, mas nem sempre. Minha esposa ainda se incomoda com essa minha característica, embora já devesse estar acostumada.
Durante uma aula, posso interromper qualquer explicação importante para declarar minha percepção da roupa, do penteado ou de alguma atitude de um aluno ou aluna. Para a alegria das mulheres, sou do tipo que percebe mudanças no cabelo ou detalhes colocados para impressionar. Estudar um pouco antes de entrar em sala é um recurso que me ajudar a manter o foco e não transformar o desvio num desastre acadêmico.
Enfim, meus dedos correm o teclado com alguma rapidez, mas sempre tem um passarinho pousando na sacada, uma árvore farfalhando ao longe, um som diferente. Aí o pensamento voa, o corpo reclama, não quer ficar sentado diante do computador por mais do que uns poucos minutos. Paro a fim de tomar água, olhar o relógio, consultar alguma coisa (que poderia ser postergada), vejo o que minha filha está fazendo, folheio uma revista — cedo, enfim, a qualquer influência marota, inclusive a internet, que está lá, à disposição na mesma máquina. Só não cedo à televisão. Programas de televisão não me desencaminham: só assisto a eles quando me decido a fazer isso, especificamente.
Entre idas e vindas, passei o dia hoje diante deste computador, lendo e escrevendo, consultando e redigindo, corrigindo e especulando. Ainda falta um bocado, mas meu cérebro se recusa a prosseguir. Sabe que são muitas horas oficialmente dedicadas à mesma atividade, portanto ele se rendeu. Quer algumas horas de repouso e alheamento, para amanhã recomeçar consultando o texto escrito por mim, de ponta a ponta, a fim de verificar a sua coerência e homogeneidade. Aí entra o segundo fator problemático: o texto precisa ser perfeito. E não pode ser amanhã, não: ele tem que nascer irrepreensível. Vê-lo capenga me provoca ansiedade.
Mentalmente cansado, vou capitular. Mas já sei que acordarei novamente às seis da manhã, sem qualquer despertador, acionado pelo brotar de uma frase pronta dentro da cachola. Tem sido assim.
Que vida estranha esta que tenho levado...
Só quando chove
Ontem à tarde, em meio aos meus trabalhos urgentes, fiquei sem telefone e sem internet. Felizmente, o celular ainda funcionava. A informação não é oficial, mas me disseram que outras operadoras também estavam em pane por causa da chuva!
Meus caros, se ficarmos sem serviços de comunicação toda vez que chover forte em Belém, estamos fadados a morrer afogados sem poder pedir socorro.
Mas o valor das contas não cai...
Meus caros, se ficarmos sem serviços de comunicação toda vez que chover forte em Belém, estamos fadados a morrer afogados sem poder pedir socorro.
Mas o valor das contas não cai...
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Primeira pausa do ano
Meus queridos, já que estamos em recesso, vou aproveitar para passar três (e apenas três) dias fora de Belém, a partir de amanhã. Nada de especial, estarei por perto. Espero que o hotel me forneça internet decente, para que eu possa acessar de vez em quando, inclusive para me manter informado. Bem de vez em quando, porque há necessidade de recolhimento para escrever meus trabalhos do mestrado. Mas não quero ser o último a saber da morte do Hugo Chávez.
Caso eu suma por completo, não é rescaldo do fim do mundo que não aconteceu, nem simulação de sequestro, nem desespero por haver tantos governos tucanos ao meu redor. É só uma tentativa de oferecer à pequena Júlia uns dias diferentes. Enquanto ela brinca, eu tento trabalhar.
Não me deixem só! Na pior das hipóteses, no domingo hei de estar de volta. Abraços calorosos.
Caso eu suma por completo, não é rescaldo do fim do mundo que não aconteceu, nem simulação de sequestro, nem desespero por haver tantos governos tucanos ao meu redor. É só uma tentativa de oferecer à pequena Júlia uns dias diferentes. Enquanto ela brinca, eu tento trabalhar.
Não me deixem só! Na pior das hipóteses, no domingo hei de estar de volta. Abraços calorosos.
Azerbaijan Tower
Muito dinheiro no bolso e pouca coisa na cabeça leva as pessoas a delírios de grandeza. Nos últimos anos, temos visto uma curiosa disputa pelo edifício mais alto do mundo. Nem bem anunciam um, em outro país aparece outro maior ainda.
Já nos acostumamos aos desvarios de Dubai e outros árabes, turbinados pelos petrodólares, que a todo momento anunciam alguma coisa grande, inédita ou mais sofisticada do que qualquer congênere no mundo. Mas o que se pode dizer de pessoas que mandam construir artesanalmente automóveis cobertos de ouro, ao mesmo tempo que mandam para a cadeia marido e mulher estrangeiros, que trocaram um selinho em um restaurante?
Já que se trata de uma disputa por poder, a China tinha que estar no páreo. Aquele país tem anunciado uma série de construções portentosas, algumas compreensíveis (como pontes gigantescas), outras altamente questionáveis, como o maior edifício do mundo em desenho horizontal (a velha e claustrofóbica proposta de viver, trabalhar e fazer tudo no mesmo lugar). Na jogada, os Tigres Asiáticos também dão lances audaciosos. Confesso, porém, a minha surpresa em saber que o Azerbeijão decidiu entrar no páreo, lançando o que deve se tornar o maior prédio do mundo, muito mais alto do que o atual detentor do título, o chinês Sky City One. Um arranha-céu com mais de um quilômetro de altura.
A Azerbaijan Tower deve ser o ápice de um complexo imobiliário com dezenas de edifícios e áreas de lazer, edificado sobre ilhas artificiais a um custo equivalente a 100 bilhões de reais. O início da obra está previsto para 2016 e em apenas três anos deve ser entregue o prédio famoso. O complexo todo deve ser concluído em 2022, ou seja, em apenas 6 anos. Enquanto isso, no Brasil, as obras da copa do mundo não andam. Em Belém, o estreitamento de um canteiro de avenida demora dois anos e um pórtico sobre uma rodovia, quase sete.
O que me impressionou foi desconhecer (tudo bem que seja pura ignorância minha) que a República do Azerbaijão, outrora uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas, possuía bala na agulha para um empreendimento tão megalomaníaco. Mas o Google acabou de me informar que por lá existem generosas jazidas de petróleo, cobre e ferro. Aí comecei a entender. A verdade é que o pais, com seus quase 10 milhões de habitantes, possui IDH elevado e 99,5% dos cidadãos são alfabetizados. O PIB e a renda per capita também são confortáveis.
Então tá. Como bem sabemos, dinheiro existe. O problema é quem toma conta dele...
Já nos acostumamos aos desvarios de Dubai e outros árabes, turbinados pelos petrodólares, que a todo momento anunciam alguma coisa grande, inédita ou mais sofisticada do que qualquer congênere no mundo. Mas o que se pode dizer de pessoas que mandam construir artesanalmente automóveis cobertos de ouro, ao mesmo tempo que mandam para a cadeia marido e mulher estrangeiros, que trocaram um selinho em um restaurante?
Já que se trata de uma disputa por poder, a China tinha que estar no páreo. Aquele país tem anunciado uma série de construções portentosas, algumas compreensíveis (como pontes gigantescas), outras altamente questionáveis, como o maior edifício do mundo em desenho horizontal (a velha e claustrofóbica proposta de viver, trabalhar e fazer tudo no mesmo lugar). Na jogada, os Tigres Asiáticos também dão lances audaciosos. Confesso, porém, a minha surpresa em saber que o Azerbeijão decidiu entrar no páreo, lançando o que deve se tornar o maior prédio do mundo, muito mais alto do que o atual detentor do título, o chinês Sky City One. Um arranha-céu com mais de um quilômetro de altura.
A Azerbaijan Tower deve ser o ápice de um complexo imobiliário com dezenas de edifícios e áreas de lazer, edificado sobre ilhas artificiais a um custo equivalente a 100 bilhões de reais. O início da obra está previsto para 2016 e em apenas três anos deve ser entregue o prédio famoso. O complexo todo deve ser concluído em 2022, ou seja, em apenas 6 anos. Enquanto isso, no Brasil, as obras da copa do mundo não andam. Em Belém, o estreitamento de um canteiro de avenida demora dois anos e um pórtico sobre uma rodovia, quase sete.
O que me impressionou foi desconhecer (tudo bem que seja pura ignorância minha) que a República do Azerbaijão, outrora uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas, possuía bala na agulha para um empreendimento tão megalomaníaco. Mas o Google acabou de me informar que por lá existem generosas jazidas de petróleo, cobre e ferro. Aí comecei a entender. A verdade é que o pais, com seus quase 10 milhões de habitantes, possui IDH elevado e 99,5% dos cidadãos são alfabetizados. O PIB e a renda per capita também são confortáveis.
Então tá. Como bem sabemos, dinheiro existe. O problema é quem toma conta dele...
Nepotismo e a velha técnica
E o prefeito Zenaldo Coutinho já chega mostrando serviço: nomeou o irmão Augusto César Neves Coutinho para a importante Secretaria Municipal de Administração, dando-lhe naturalmente o controle de uma unidade orçamentária muito bem dotada.
Não bastasse isso, a Fundação Cultural do Município de Belém será gerida por Heliana da Silva Jatene, parente do governador, apoiador-mor da candidatura do prefeito.
Parabéns, Zenaldo. Você começou bem.
Mas para que não digam que só faço críticas, deixo registrado o meu elogio à nomeação de Maria Cristina César de Oliveira para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Minha queridíssima professora de Direito Administrativo, responsável por eu ter-me apaixonado pelo Direito Ambiental, foi também orientadora da minha monografia de conclusão de curso. Professora de carreira da Universidade Federal do Pará, com doutorado inclusive, vem emprestar o seu enorme preparo e competência à gestão municipal, numa área em que tem domínio.
E para confirmar que é um perfeito tucano, Zenaldo também anunciou que reduzirá em 30% o número de cargos comissionados do Executivo municipal. Almir Gabriel e Simão Jatene também fizeram isso. Um ano depois, havia mais assessores especiais do que antes de tomarem posse.
O problema não é o número de cargos comissionados, mas onde essas pessoas estão lotadas, as razões pelas quais foram nomeadas, seus sobrenomes e ligações partidárias e, acima de tudo, se trabalham de fato, se trabalham bem. Mas estas questões são sempre jogadas para baixo do tapete porque, afinal de contas, o que interessa para o governante do momento é passar a imagem de probidade e eficiência, apostando no velho apotegma de que a primeira impressão é a que fica.
Mais do mesmo.
Não bastasse isso, a Fundação Cultural do Município de Belém será gerida por Heliana da Silva Jatene, parente do governador, apoiador-mor da candidatura do prefeito.
Parabéns, Zenaldo. Você começou bem.
Mas para que não digam que só faço críticas, deixo registrado o meu elogio à nomeação de Maria Cristina César de Oliveira para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Minha queridíssima professora de Direito Administrativo, responsável por eu ter-me apaixonado pelo Direito Ambiental, foi também orientadora da minha monografia de conclusão de curso. Professora de carreira da Universidade Federal do Pará, com doutorado inclusive, vem emprestar o seu enorme preparo e competência à gestão municipal, numa área em que tem domínio.
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E para confirmar que é um perfeito tucano, Zenaldo também anunciou que reduzirá em 30% o número de cargos comissionados do Executivo municipal. Almir Gabriel e Simão Jatene também fizeram isso. Um ano depois, havia mais assessores especiais do que antes de tomarem posse.
O problema não é o número de cargos comissionados, mas onde essas pessoas estão lotadas, as razões pelas quais foram nomeadas, seus sobrenomes e ligações partidárias e, acima de tudo, se trabalham de fato, se trabalham bem. Mas estas questões são sempre jogadas para baixo do tapete porque, afinal de contas, o que interessa para o governante do momento é passar a imagem de probidade e eficiência, apostando no velho apotegma de que a primeira impressão é a que fica.
Mais do mesmo.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Fotonovela
Há dias em que tudo parece nebuloso. Todos precisamos de um tempo sozinhos. Aquele era um desses dias. Furtivamente, retirei-me e caminhei para um lugar onde achei que poderia suportar a dor de viver.
Foi quando ele apareceu. Chegou e foi logo pondo a mão e puxando conversa. A princípio, limitei-me a dizer-lhe que eu precisava daquele tempo e sugeri que fosse ao encontro dos outros.
Ele simplesmente sorriu com ironia e continuou conversando, como se eu nada tivesse dito. Enervei-me. Instintivamente, inclinei-me para o lado, mas o folgado, sem se importar, continuou se chegando.
Com a maior desfaçatez, abraçou-me e propôs pilhérias. Falou nas gatinhas. Senti em seu hálito que o dia dele começara bastante cedo. Aquilo já era demais. Não queria chegar a esse ponto, mas meu limite havia sido ultrapassado. Fui obrigado a dizer-lhe que, se tinha tanto interesse em empregar seu tempo comigo, poderia começar pagando a grana que me devia.
Resultado imediato. Ele repentinamente se lembrou de uns "compromissos inadiáveis", deu-me as costas e foi-se saindo tão de mansinho quanto chegara. Tudo então voltou a ser como era.
O dia estava nebuloso e eu precisava daquele tempo sozinho. Felizmente, encontrei um lugar onde poderia suportar a dor de viver.
Fotos e inspiração obtidas em http://noticias.terra.com.br/ciencia/animais-em-dezembro-avestruz-coloca-predador-para-correr,653c6ceccbedb310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html [Acesso em 1º.1.2013]
Foi quando ele apareceu. Chegou e foi logo pondo a mão e puxando conversa. A princípio, limitei-me a dizer-lhe que eu precisava daquele tempo e sugeri que fosse ao encontro dos outros.
Ele simplesmente sorriu com ironia e continuou conversando, como se eu nada tivesse dito. Enervei-me. Instintivamente, inclinei-me para o lado, mas o folgado, sem se importar, continuou se chegando.
Com a maior desfaçatez, abraçou-me e propôs pilhérias. Falou nas gatinhas. Senti em seu hálito que o dia dele começara bastante cedo. Aquilo já era demais. Não queria chegar a esse ponto, mas meu limite havia sido ultrapassado. Fui obrigado a dizer-lhe que, se tinha tanto interesse em empregar seu tempo comigo, poderia começar pagando a grana que me devia.
Resultado imediato. Ele repentinamente se lembrou de uns "compromissos inadiáveis", deu-me as costas e foi-se saindo tão de mansinho quanto chegara. Tudo então voltou a ser como era.
O dia estava nebuloso e eu precisava daquele tempo sozinho. Felizmente, encontrei um lugar onde poderia suportar a dor de viver.
Fotos e inspiração obtidas em http://noticias.terra.com.br/ciencia/animais-em-dezembro-avestruz-coloca-predador-para-correr,653c6ceccbedb310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html [Acesso em 1º.1.2013]
Mega da virada
Um dos assuntos mais comentados do final de ano é a "Mega-Sena da virada", sorteada no dia 31 de dezembro e que paga muito mais do que qualquer sorteio regular. Era só passar pela frente de uma casa lotérica e ver a fila gigantesca, maior do que as dos caixas do Banco do Brasil.
Às 20h00, pelo horário de Brasília, a Caixa Econômica Federal sorteou as dezenas e 14, 32, 33, 36, 41 e 52. Se eu jogasse, mais uma vez teria perdido, porque não jogaria números seguidos. Mas, enfim, eu não jogo mesmo.
Agora chega a notícia de que três apostas foram contempladas, duas de São Paulo e uma de Goiás. Cada uma receberá a bagatela de 81,5 milhões de reais. Espero que saibam fazer bom uso. Se bem que muitas pessoas acreditam piamente que a "Mega-Sena da virada" é um jogo de cartas marcadas. Não penso assim. Para o bem de todos, é preciso que alguma seja realmente o que parece.
Feliz dinheiro novo, para os que o receberam.
Às 20h00, pelo horário de Brasília, a Caixa Econômica Federal sorteou as dezenas e 14, 32, 33, 36, 41 e 52. Se eu jogasse, mais uma vez teria perdido, porque não jogaria números seguidos. Mas, enfim, eu não jogo mesmo.
Agora chega a notícia de que três apostas foram contempladas, duas de São Paulo e uma de Goiás. Cada uma receberá a bagatela de 81,5 milhões de reais. Espero que saibam fazer bom uso. Se bem que muitas pessoas acreditam piamente que a "Mega-Sena da virada" é um jogo de cartas marcadas. Não penso assim. Para o bem de todos, é preciso que alguma seja realmente o que parece.
Feliz dinheiro novo, para os que o receberam.
E logo mais, à tarde...
...o pior prefeito de todos os tempos vai deixar o cargo (e perder o foro privilegiado)! Cada rojão que estourou esta madrugada na nova orla serviu para comemorar esse grande acontecimento, esperado com sofreguidão há mais de 8 anos.
Quem me conhece sabe que eu não caio no discurso tucano e de Zenaldo Coutinho espero, apenas, que nos tire da indigência. Crescer não iremos, porque isso não é coisa com que o PSDB se ocupe, vide a situação do Pará, que continua com seus índices de desenvolvimento pífios e, tirando a propaganda (esta sim, a grande realização de todo tucano), não se ouve falar de nada relevante acontecendo por estas bandas.
Mas correrei o risco de acreditar que pior do que está não fica. Além disso, precisamos viver um momento de cada vez. O que será amanhã, não sei. Mas hoje, hoje é o dia que aquele farsante vai parar de arrebentar a minha cidade!
E isso vale muito. Feliz ano novo, Belém.
Quem me conhece sabe que eu não caio no discurso tucano e de Zenaldo Coutinho espero, apenas, que nos tire da indigência. Crescer não iremos, porque isso não é coisa com que o PSDB se ocupe, vide a situação do Pará, que continua com seus índices de desenvolvimento pífios e, tirando a propaganda (esta sim, a grande realização de todo tucano), não se ouve falar de nada relevante acontecendo por estas bandas.
Mas correrei o risco de acreditar que pior do que está não fica. Além disso, precisamos viver um momento de cada vez. O que será amanhã, não sei. Mas hoje, hoje é o dia que aquele farsante vai parar de arrebentar a minha cidade!
E isso vale muito. Feliz ano novo, Belém.
Com o que importa
A grande maioria dos meus amigos de Facebook postou fotos do réveillon em reuniões com familiares, amigos, namorados. Boa parte dessas fotos foi tirada dentro de casa. Ficou-me a impressão de que essas tantas pessoas dispensaram os excessos, tão comuns nesta época, para aproveitar o que realmente conta e começaram 2013 ao lado das pessoas mais valiosas, em meio aos sentimentos mais importantes.
Feliz 2013 para cada um de vocês.
Feliz 2013 para cada um de vocês.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Última postagem de 2012
Meus queridos, passei o dia esperando que alguma coisa especial acontecesse, mas a maioria das notícias com que me deparei não apresentavam um clima compatível com a comemoração de hoje. Não que devamos retirar os olhos e os pés da realidade, mas todos precisamos, precisamos mesmo, de um tempo para relaxar, para esquecer um pouco as mazelas do mundo. É uma necessidade de sobrevivência. E convenhamos, todos merecemos.
2012 teve as suas novidades e as suas alegrias. Para mim, foi bem melhor do que o seu antecessor. Tenho bons prognósticos para 2013. Não que vá acontecer algo de especial, mas a conjuntura que se apresenta é favorável e promissora.
Desejo todo o bem do mundo para vocês. De coração. Espero que em 2013 continuemos por aqui, melhorando as ideias e os laços.
Deus abençoe vocês.
2012 teve as suas novidades e as suas alegrias. Para mim, foi bem melhor do que o seu antecessor. Tenho bons prognósticos para 2013. Não que vá acontecer algo de especial, mas a conjuntura que se apresenta é favorável e promissora.
Desejo todo o bem do mundo para vocês. De coração. Espero que em 2013 continuemos por aqui, melhorando as ideias e os laços.
Deus abençoe vocês.
Despedidas de 2012
Começou o último dia do ano. Poderíamos pensar em um monte de coisas para dizer, mas acho que vou lhes desejar o mesmo que Cazuza:
todo amor que houver nessa vida
(e algum trocado para dar garantia)
domingo, 30 de dezembro de 2012
Sem limites
Que eu me lembre, nunca ouvira falar de um filme chamado Sem limites (Limitless, dir. Neil Burger, EUA, 2011), que apareceu gravado aqui por casa. Li a sinopse e, sem maiores expectativas, assisti.
Estrelado por Bradley Cooper, famoso por causa de Se beber não case, a trama conta a estória de Edward Morra, um aspirante a escritor que conseguiu um contrato para escrever um livro, mas está sem nenhuma perspectiva de vida: sem dinheiro, bebendo, endividado, com a autoestima no chão e sofrendo a derradeira rasteira ao perder a namorada, que compreensivelmente não suporta mais o contexto de autodestruição. Rumo ao fundo do poço, ele encontra casualmente o ex-cunhado, que lhe oferece um comprimidinho. Alegando tratar-se de uma droga legal, em fase de pré-lançamento no mercado, promete que com ela será possível utilizar 100% da capacidade do cérebro. O roteiro tem, portanto, pitadas de ficção científica.
O fato é que Morra experimenta a droga e fica absolutamente concentrado e focado. Tudo o que ele leu ou tomou conhecimento de qualquer modo durante toda a sua vida se tornou informação organizada, acessível e disponível. O sonho de um cara como eu. Mas é claro que existe um porém: o efeito químico dura apenas um dia. É necessário engolir outra pílula. E aí começam os problemas, que inserem na trama mistério, assassinatos, conspiração. À medida que Morra vai se tornando um homem de sucesso e ganhando dinheiro, os olhos se voltam para ele: da imprensa ao bandidinho de gueto que acaba enxergando na droga a chance de enriquecer.
O filme conta ainda com a participação de Robert De Niro, o que deveria ser, mas já não é garantia, porque o respeitável veterano não faz nada que preste há mais de uma década. Aqui, De Niro interpreta um investidor que acaba se revelando um perigoso conspirador.
Como eu não esperava nada, fiquei gratamente surpreso com um roteiro bem amarrado, que não tenta ser genial e vende seu peixe em apenas 1 hora e 45 minutos. No entanto, a grande surpresa para um roteiro do gênero é que o final não é previsível. Mesmo a sucessão de reviravoltas já integra a conhecida cartilha de Hollywood (e temos em A negociação, com Richard Gere, ora em cartaz nos cinemas da cidade, uma demonstração do que digo), mas em Sem limites, quando o vencedor aparentemente leva um golpe definitivo, acaba revelando uma carta na manga que não tinha sido considerada, absolutamente plausível no contexto do enredo, e que o confirma como o vencedor da batalha.
Gosto de ser surpreendido por uma boa estória. Por isso, recomendo o filme como uma ótima opção de entretenimento. Experimente. E sonhe com a possibilidade de, graças apenas ao seu cérebro, fazer tudo o que sempre quis.
Estrelado por Bradley Cooper, famoso por causa de Se beber não case, a trama conta a estória de Edward Morra, um aspirante a escritor que conseguiu um contrato para escrever um livro, mas está sem nenhuma perspectiva de vida: sem dinheiro, bebendo, endividado, com a autoestima no chão e sofrendo a derradeira rasteira ao perder a namorada, que compreensivelmente não suporta mais o contexto de autodestruição. Rumo ao fundo do poço, ele encontra casualmente o ex-cunhado, que lhe oferece um comprimidinho. Alegando tratar-se de uma droga legal, em fase de pré-lançamento no mercado, promete que com ela será possível utilizar 100% da capacidade do cérebro. O roteiro tem, portanto, pitadas de ficção científica.
O fato é que Morra experimenta a droga e fica absolutamente concentrado e focado. Tudo o que ele leu ou tomou conhecimento de qualquer modo durante toda a sua vida se tornou informação organizada, acessível e disponível. O sonho de um cara como eu. Mas é claro que existe um porém: o efeito químico dura apenas um dia. É necessário engolir outra pílula. E aí começam os problemas, que inserem na trama mistério, assassinatos, conspiração. À medida que Morra vai se tornando um homem de sucesso e ganhando dinheiro, os olhos se voltam para ele: da imprensa ao bandidinho de gueto que acaba enxergando na droga a chance de enriquecer.
O filme conta ainda com a participação de Robert De Niro, o que deveria ser, mas já não é garantia, porque o respeitável veterano não faz nada que preste há mais de uma década. Aqui, De Niro interpreta um investidor que acaba se revelando um perigoso conspirador.
Como eu não esperava nada, fiquei gratamente surpreso com um roteiro bem amarrado, que não tenta ser genial e vende seu peixe em apenas 1 hora e 45 minutos. No entanto, a grande surpresa para um roteiro do gênero é que o final não é previsível. Mesmo a sucessão de reviravoltas já integra a conhecida cartilha de Hollywood (e temos em A negociação, com Richard Gere, ora em cartaz nos cinemas da cidade, uma demonstração do que digo), mas em Sem limites, quando o vencedor aparentemente leva um golpe definitivo, acaba revelando uma carta na manga que não tinha sido considerada, absolutamente plausível no contexto do enredo, e que o confirma como o vencedor da batalha.
Gosto de ser surpreendido por uma boa estória. Por isso, recomendo o filme como uma ótima opção de entretenimento. Experimente. E sonhe com a possibilidade de, graças apenas ao seu cérebro, fazer tudo o que sempre quis.
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