sábado, 20 de agosto de 2016

As luzes sempre se apagam

David F. Sandberg é um cineasta sueco de 35 anos, que buscava um lugar ao sol fazendo filmes de curtametragem. Em 2013, uma época difícil por causa das muitas dívidas que acumulara, postou no YouTube o seu curta Lights out (veja em: https://www.youtube.com/watch?v=DIbx3zPWij4). Era uma estória de terror, que explorava um elemento presente na vida de um sem número de pessoas: o medo do escuro. Em apenas dois minutos e meio, Sandberg conseguiu assustar muita gente, o vídeo fez sucesso e o rapaz começou a ser procurado por gente da indústria cinematográfica, interessada em saber se havia material para um longa.

O curta de 2013, ainda sem dinheiro.

Sandberg não estava convicto de que poderia explorar o mote em um longa até ser procurado por James Wan. Se você não está ligando o nome à pessoa, Wan é o grande nome do cinema de terror da atualidade, com o sucesso dos filmes que dirigiu ou produziu: Invocação do mal, Anabelle e Invocação do mal 2, criando uma nova e bem-sucedida franquia que não para de gerar frutos. E bons frutos.

Sob a produção executiva de Wan, Sandberg roteirizou (em parceria com Eric Heisserer) e dirigiu o longa Lights out, no Brasil Quando as luzes se apagam, atualmente em exibição. E o resultado foi... excelente.
O longa de 2016: agora é pra valer.

O gênero terror é extremamente propenso a favorecer porcarias de todo tipo. Poucos conseguem contar uma estória com dignidade. E o risco de sucumbir aos clichês é elevadíssimo. Por isso, é normal vermos um filme desse estilo antecipando o que vai acontecer. Quando mais acertamos, pior é o filme. E aí está um dos méritos de Quando as luzes se apagam: você supõe que acontecerá isso e aquilo, mas a trama segue um rumo diferente. Não é que ele seja ultra-original, mas o enredo é bem amarrado e bem desenvolvido.

Você acha que ela está lá? Ela está mesmo!

Sandberg acerta a mão justamente porque não tenta revolucionar. A partir de uma ideia relativamente simples, explica tudo o que o espectador precisa saber logo no começo do filme e depois nos proporciona apenas o esforço dos protagonistas para vencer um mal imenso que não suporta a luz. A técnica do sustinho súbito não é empregada: você sabe que Diana está lá e só precisa da escuridão para fazer suas maldades. E ela vem de todos os lados, respeitando as premissas, sem deixar pontas soltas.

Quando as luzes se apagam foi muito bem recebido pela crítica e denuncia que a parceria Wan-Sandberg evoluiu rapidamente para um nível amizade-quase-amor. Sandberg já está filmando Anabelle 2 e Lights out 2 já foi anunciado, ambos com lançamento previsto para 2017. Se mantiverem o padrão de qualidade, esses caras estão fazendo história.

James Wan, um australiano com ascendência chinesa de 39 anos, que chegou antes ao mainstream (dirigiu o primeiro Jogos mortais e foi produtor executivo de toda a série), tem vários trabalhos anunciados ou em pré-produção. Um dos rumores aponta para um filme chamado The nun (A freira), aproveitando o pânico que a entidade maligna de Invocação do mal 2 provocou no público. Reunindo todos os que citei nesta postagem, serão sete filmes de terror capazes de fazer a diferença. O rapaz também dirigirá Aquaman, ou seja, mais um capítulo na interminável e já cansativa lista de filmes de super-herois que hoje dominam as telas. Ou seja, já se deu bem.

Agora vamos torcer por Sandberg. Ele merece. Vá se assustar.

3 comentários:

Ana Miranda disse...

Meu estilo de filme preferido é o terror. Ainda não assisti Ao "Quando as Luzes se apagam". Irei sábado.

Yúdice Andrade disse...

Queridíssima Ana, que bom ter contato contigo de novo. Tenho me lembrado de ti, nestes tempos em que voltei a escrever um pouco no blog. Espero que não percamos contato. E ainda pretendo tomar um café contigo, no dia em que formos conhecer as Minas Gerais.

Ana Miranda disse...

Não se esqueça do principal: Pão de queijo. Meu apErtammnto é simples, mas vocês serão muito bem-vindos, Juiz de Fora os espera.