quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Person of interest

Acabei de ver o episódio piloto de Person of interest, largamente conhecido como "o novo seriado de J. J. Abrams, o criador de Lost", embora ele seja o produtor executivo e a nova atração do canal estadunidense CBS tenha sido criada por Jonathan Nolan. Gostei bastante, a despeito de não ser exatamente original. O piloto consegue sintetizar com maestria a proposta do programa, de modo que o espectador decide logo se gosta ou não, se prosseguirá vendo ou não.
Person of interest é a designação dada pelas autoridades de segurança pública dos Estados Unidos às pessoas envolvidas em investigações criminais, porém sem uma acusação formal e sem prisão. Há quem considere como um enfemismo para "suspeito", que é o termo que usamos por aqui, nas investigações preliminares, antes do indiciamento em inquérito policial.
O seriado, em síntese, mostra um misterioso bilionário vivido por Michael Emerson (que impressionou a todos por sua estupenda interpretação de Benjamin Linus, em Lost), que desenvolveu para o governo dos Estados Unidos uma máquina capaz de calcular o risco da ocorrência de atentados terroristas. Mas a máquina calcula, também, os riscos de atentados individuais, afetando pessoas comuns. Para o governo, isso não interessa. Mas o inventor (que perdeu uma pessoa amada) não se conforma em deixar essas futuras vítimas caminhando para um destino trágico e decide impedir esses eventos. Para tanto, contrata um ex-agente da CIA dado como morto, John Reese, vivido por Jim Caviezel (Jesus, de A paixão de Cristo, de Mel Gibson), um sujeito daqueles que, sozinho, dá porrada em todo mundo e resolve as paradas. Ele deixou o governo por descobrir que este não se interessava em proteger as pessoas e mergulhou no alcoolismo depois do assassinato da mulher amada.
Uns tantos clichês, sem dúvida, mas a amarração desses ingredientes produz um resultado convincente e agradável de assistir. Só me irritou o excesso de caráter de Reese, que não gosta de matar pessoas e fica atirando na coxa dos bandidos. Quando mata de verdade, a cena não é mostrada.
A reviravolta da primeira trama não chega a surpreender quem está acostumado a esse gênero de entretenimento, mas funciona bem. No final das contas, dá um certo alento pensar que os protagonistas são dois homens que, atormentados por suas tragédias pessoais, decidiram fazer o bem para aqueles que sequer podem se defender. Não ganharão nada por isso além de, talvez, alguma paz de que seus espíritos precisam. É ficção, enfim. Mas uma ficção que coloca o humanismo acima da maldade.
Penso que já era hora de mudarmos o foco, inclusive do nosso entretenimento.

5 comentários:

André Carim disse...

Eu sabia que já tinha visto esse sujeito antes. É claro que é o Linus, do Lost... Obrigado, Yúdice, pois meu cérebro estava em loop inconsciente tentando lembrar.

Yúdice Andrade disse...

Pois para mim ele ainda é o Ben. Não consigo, ainda, olhá-lo e pensar num outro personagem, até porque o tal ainda não tem sequer um nome, que eu saiba. Mas o ator é competente e vai ganhar o seu espaço, com certeza.

Daniel Giachin disse...

Yúdice, graças ao seu post, resolvi conferir esse seriado, já que desde lost não assisti muita coisa em se tratando de seriados.

É interessante, assisti aos 5 primeiros episódios. Apesar de uma ficção um pouco excessiva ao tratar de computadores e tecnologias, o estilo de voltar a cenas do passado dos personagens, durante a trama, é envolvente... novas histórias surgem. Também para mim ele ainda é o Ben.. Nada de Finch, atual nome do personagem.

Valeu pela dica, e continue sempre postando. Abraço!

Marcelo disse...

Caro Yudice,

Também começei a assistir pela sua indicação, até agora só o piloto (sei que você é contra o download de séries e filmes. Assumo-me culpado). Como muitos, fui fã e atual orfão de lost. Consegui com um pouco de força diferenciar os personagens, mas o que me deixou mais feliz foi o fato de, pelo menos no primeiro episódio (e tomara que não tenha mudado) a violência extrema ser salvaguardada. Não só o fato dele só atirar na perna, mas nesse episódio em questão, nenhum tiro esguicha sangue como fazia outros famosos seriados, como 24 horas. Isso me remete a juventude atual, cheia de cenas desse tipo pra onde se vire, em filmes, séries e principalmente games. Não sou fanático (também jogo games), mas um pouco de trégua é muito bem vindo. Creio que será uma boa série.

Um grande abraço

Yúdice Andrade disse...

Agora tu é que me atiçaste, Daniel. Ainda não vi nem o segundo episódio.

Contrário, mas não sectário, Marcelo. Afinal, como achas que vi Lost? Não tinha como esperar passar na TV brasileira.
Sua percepção sobre a baixa violência foi interessante. Vou encarar dessa forma e prosseguir acompanhando.