Recentemente, até ministro do STF seguiu essa senda e, claro, atiçou as paixões de muitos. Mas se esqueceu, convenientemente, de que indicar os ministros da Suprema Corte é uma das atribuições constitucionais do presidente da República. Ao criticar o fato de que se pode chegar a uma situação em que 10 dos 11 ministros do STF teriam sido indicados por Lula e Dilma, supostamente retirando a independência da corte, o ministro se esqueceu de indicar uma solução. Qual seria ela? Dilma não indicar mais ninguém? E aí acontece o quê? Ficam cargos vagos no STF, uma corte para a qual é vedada a convocação?
Créditos da notícia e da foto aqui. |
Nunca é demais lembrar que existem muitas variáveis em jogo. Enquanto temos ministros veteraníssimos, como Celso de Mello e Marco Aurélio, existem outros que antecipam a aposentadoria, como Eros Grau e Joaquim Barbosa. Grau se antecipou em poucos meses, mas Barbosa abriu mão de 10 anos de função. Não é culpa da presidência da República se a vaga abriu. O que não pode é deixar a corte desguarnecida. E também sou forçado a ponderar que, fosse tucano o presidente, aí não haveria problema algum em 100% das indicações terem a mesma origem, não é?
Agora se fala em modificar o modo de provimento dos cargos de ministro do STF e em aprovar a emenda constitucional que eleva a aposentadoria compulsória, de 70 para 75 anos, tudo para cercear Dilma Rousseff. Mas essas medidas não são simples nem seriam implementadas rapidamente, caso aprovadas. Então o que fazer? Deixar os revoltosos comprometerem ainda mais o funcionamento de nossas instituições, para regozijo de sua má-fé?
Veja-se o caso da aposentadoria compulsória. Sou absolutamente favorável ao seu aumento e, diga-se de passagem, Dilma também. Mas ela está bloqueada no Congresso Nacional há anos, por causa de uma indecente atuação corporativa da magistratura e também da OAB, que usa um tacanho argumento de "oxigenação" para defender algo que se resume a reserva de mercado. Olhos voltados ao próprio umbigo.
O fato, meus e minhas, é que o país precisa continuar caminhando. E que o STF, inclusive por meio dos ministros indicados por presidentes do PT, tem dado diversas decisões contrárias ao interesse do governo e do partido. Falar-se em perda da independência é um exagero, um despautério, que tem bem pouca relação com a realidade.
2 comentários:
Além de Ministro do STF, até o coordenador do curso de mestrado do CESUPA tá indo nesse mesmo discurso de Bolivarianismo, quando se manifestou sobre o tal Decreto Bolivariano que não serviu de nada, a não ser para a Veja passar vergonha. Aí complica pensar em mudança de pensamento na base se os formadores de opinião também pensam assim, ainda que a liberdade de pensamento lhes seja garantida de forma absoluta. É apenas uma reflexão.
Das 11h56, pessoalmente não li nenhuma manifestação do colega sobre o tema, então não posso ter opinião a respeito. Mas, sem dúvida, é um grande problema que formadores de opinião, como você destacou, reforcem esse tipo de mentalidade. Afinal, podemos ignorar o cantor ultrarreacionário e o apresentador de TV supostamente inteligente. Mas alguém mais próximo exerce, em geral, uma influência muito mais relevante, cujos efeitos são de difícil mensuração. Por isso, é importante filtrar com cuidado as informações e principalmente os juízos de valor que transmitiremos aos nossos alunos.
Muitos deles acabam dando crédito ao que dissemos simplesmente porque fomos nós que dissemos.
Postar um comentário