quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pensando a sociedade

"Pode-se imaginar uma situação na qual a distância entre a classe média baixa e a classe alta continue aumentando  e na qual, num dos polos da distribuição de renda, um punhado de homens e mulheres extremamente inteligentes (saudáveis e de boa aparência graças às academias, aos cirurgiões plásticos, à engenharia genética e aos cuidados preventivos com a saúde) ganha altos salários que lhe permitem viver luxuosamente em comunidades isoladas. Essas pessoas transmitiriam seus benefícios aos descendentes por legado direto, por legado genético através do acasalamento seletivo, bem como pela concessão, aos filhos, da oportunidade de estudar em escolas caras. Ao mesmo tempo, um pouco acima da linha da pobreza, podemos imaginar milhões de indivíduos pouco capacitados trabalhando duro por salários modestos em empregos que não conferem prestígio nem segurança e que trazem muito pouca satisfação intrínseca. Essas pessoas viveriam, em seu meio, uma vida cheia de limitações e relativamente pouco saudável. Os habitantes desses dois mundos podem tornar-se tão diferentes em termos de valores, perspectivas, inteligência, interesses, aspirações, instrução, estilo de vida e até mesmo aparência física (altura, postura, idade aparente), e tão segregados (encontrando-se uns com os outros apenas rapidamente e no ambiente de trabalho), a ponto de se tornarem incapazes de compreensão e empatia mútuas, bem como de unirem-se em torno de projetos nacionais."
Richard Posner
Fronteiras da teoria do direito, São Paulo: Martins Fontes, 2011, pp. 119-120

E o resultado é votar na direita...

4 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi a correlação entre o texto e "votar na direita".

Yúdice Andrade disse...

Falta de empatia por quem não é da panelinha e incapacidade de pensar em projetos coletivos. Características, senão da direita como um todo, da direitinha brasileira.

Jean Pablo disse...

Espetacular e oportuno como de costume.

Defendo a ideia de que as universidades deveriam ser os catalisadores do processo de formação de empatia entre os indivíduos, na medida em que a sua finalidade, além de formação acadêmica, deveria ser a integração social entre as mais diversas formas de "classes", "raças", ideologias, etc...

O problema é que há um certo medo das classes mais abastadas só de pensar que podem ser "igualados".

Repito, na minha visão, a maioria dos crimes são decorrentes da falta de empatia entre a vítima e o autor. Caro que se retira alguns crimes de natureza bastante peculiar e que decorrem de graves desvios psicológicos.

Infelizmente vivemos em uma sociedade na qual as pessoas são incapazes de pensar pelo outro.

Abraços primo.

Anônimo disse...

Não entender a correlação é um senhor sintoma do acerto do excerto, rsrsrs