Foi por volta de abril de 2012 que o CESUPA lançou o edital para o seu primeiro processo seletivo de mestrado. Foi ali que começou a roda vida, com um volume enorme de leituras para fazer as provas já no mês de junho. Vale destacar, de saída, que esse processo seletivo não é simples, como demonstram alguns dados bem objetivos: não preenchimento de todas as vagas disponíveis, não aprovação de todos os candidatos que já figuravam como alunos especiais, desclassificação já na fase de entrevista. Quem achou que uma instituição privada colocaria todo mundo para dentro, enganou-se fragorosamente. Os objetivos são outros.
Em agosto de 2012, começaram as aulas. Três disciplinas por semestre ao longo de três semestres, com o turbilhão de leituras e a sucessão de resumos, questionários, seminários, etc., tudo com prazos antipáticos. Sentíamos claramente a lógica de que quem quer fazer, arruma um jeito; quem não quer, arruma uma desculpa. Claro que não endosso integralmente esse aforismo irreal, mas assumi desde o começo, a bem de minha sanidade, que me esforçaria muito, mas não faria o que estivesse além de minhas possibilidades. Mestrado é algo incompatível com dois empregos e uma família. Mas se você já tem os dois empregos e a família, vai ter que dar conta assim mesmo.
No último semestre letivo, veio a qualificação, dura para muitos. E chegou a hora de produzir a dissertação. Naturalmente, quem pensar em começar do zero após a qualificação não vai conseguir. Por isso a exigência de qualificar com ao menos 50 páginas escritas. Sorte de quem aproveitou o máximo delas, o que não foi o meu caso. Mas seja como for, também dispomos dos artigos escritos ao longo das disciplinas. A recomendação sempre é escrever sobre temas que possam servir para a dissertação. Tive dificuldade com isso, mas pude aproveitar de forma muito direta alguns deles.
As últimas semanas foram bastante penosas, porque exigiam um esforço concentrado, impossível diante do trabalho e de todos os demais compromissos que temos. Eu, por exemplo, enfrentei um ano difícil após descobrir que minha mãe tinha um câncer no útero e vê-la passar por cirurgia e radioterapia, tudo entremeado com a hemodiálise, devido a um problema de saúde autônomo, que é para a vida toda. Chegou um momento em que, com a filha adoentada e o corpo dando sinais de exaustão, olhei minha cara no espelho e disse: Tu não vais adoecer! Nem adianta argumentar: não vai rolar e pronto!
Não adoeci. Passaram as "férias", que não serviram de férias, e recomeçou mais um semestre letivo. E finalmente ontem coloquei um ponto final em minha dissertação. Estou, claro, em processo de orientação. Minha orientadora já me posicionou acerca de uma parte do trabalho e, no dia de hoje, analisa a parte final. Amanhã temos o nosso cara a cara. Aí eu volto para a frente do computador e até a próxima sexta-feira tudo precisa estar pronto, para depósito.
Faltam meios de externar o alívio e a alegria que sinto ao chegar a este momento. Talvez possa sugerir como seja com isto: quando disse a minha filha que o tal trabalho graças ao qual ela me vê sempre sentado neste canto, sem brincar com ela, finalmente acabou (tecnicamente, ainda não acabou), ela correu e me abraçou pelo pescoço, com força. Ontem saímos para comemorar e mais tarde daremos um passeio. É como se a vida estivesse sendo reinjetada na veia.
Outro que tem motivos para comemorar é o blog. Finalmente ele ganha uma chance de ser atualizado em níveis decentes. Uma nova época está começando para todos nós. E confio que ela será muito boa.
Um comentário:
Parabéns, Yúdice. Fico feliz por você. Enquanto você termina, eu ainda estou em pleno vapor com meu mestrado, e tendo que conciliar também emprego e família e outros afazeres. Não é fácil, mas tenho que certeza que esse esforço valerá a pena. Interessante como a metodologia desses mestrados é a mesma: somos orientados a escrever os trabalhos finais pensando na dissertação. Na Unama, fizemos quatro disciplinas no semestre passado e faremos mais quatro neste. Acho que está até mais puxado que no Cesupa. Alguns artigos que escrevi vão dar para aproveitar na dissertação. Outros não vejo como aproveitar, porque foge totalmente da linha de pesquisa. Pra vc ter uma ideia, minha dissertação será sobre direito à saúde e numa disciplina que farei nesse semestre o meu artigo final será sobre crimes ambientais, ou seja, nada a ver com meu tema.
Então é isso, Yudice, sucesso!
Márcio Farias
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