segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Razões para não votar em Levy Fidélix

Levy Fidélix, um dos trocentos candidatos à presidência da República, é um dos nomes mais comentados do país neste momento. Mas não por bons motivos. Em debate realizado pela TV Record, ontem, ele abdicou de qualquer conveniência de candidato e soltou os cachorros contra os homossexuais, admitindo inclusive que prefere perder votos (que já não são muitos) a receber apoio de quem seja simpático à causa dos gays.

Foi um discurso de ódio, expresso em grosserias colossais ("aparelho excretor não reproduz"), que propôs a segregação dos gays, entendidos como doentes, pois lhes recomendou tratamento psicológico, desde que "bem longe daqui". Associou a homossexualidade a pedofilia, mandou as famílias instruírem seus filhos e netos, para não aceitar "essa historinha" e, em momento apoteótico, lembrou que "nós" (???) somos a maioria e podemos enfrentar essa minoria. Aí ele disse tudo. Para a apologia de crime, em sentido estrito, faltou apenas um suspiro.

Com esse único episódio, já teríamos material mais do que suficiente para deportar o sujeito para uma cela de Abu Ghraib (já que ele preza tanto esse tipo de sistema). Mas podemos encontrar outras boas razões para desconsiderar esse acidente da natureza como opção política para um país como o nosso, que ainda engatinha na tarefa de concretizar direitos fundamentais elementares.

1 Em sua página, encontra-se a informação de que é jornalista e publicitário e até se apresenta um breve histórico profissional. A partir do segundo parágrafo do texto. De saída, ele se define como "um político brasileiro". Mau começo.

2 Ele se declara "evidentemente" a favor da redução da maioridade penal e defende que o combate à superlotação carcerária deve ser feito por meio da privatização do sistema penitenciário.

3 Seu slogan é "vamos endireitar o Brasil", o que pode ser interpretado como o desejo de submeter o país aos cânones da direita. Considerando as informações acima, a conclusão é mais do que plausível.

4 É filiado ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), uma dessas microlegendas que tentam, mas não convencem acerca da convicção de suas propostas. No entanto, em sua página defende a criação do Partido Militar Brasileiro, o que sugere falta de compromisso com o PRTB, do qual é fundador. Estaria ele aboletado ali apenas para concorrer nestas eleições?

5 O tal Partido Militar, além de ser mais uma agremiação a dificultar o caldo de desentendimentos institucionais no país, certamente traria pautas preocupantes para qualquer um que pretenda consolidar a incipiente democracia brasileira.

6 Por fim, você pode até achar bobagem minha, mas fico reticente em relação a um homem que, em 2014, usa somente bigode e, perto de completar 65 anos, pinta o cabelo e o bigode de preto-asa-de-graúna. Sem noção, o cara.

E depois dizem que o problema da política brasileira é o Tiririca. Antes um palhaço do que um sociopata.

Fontes:

  • site do candidato: www.levyfidelix.com
  • http://prtb.org.br/2013/01/08/historico/
  • http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/09/29/levy-associa-homossexuais-a-pedofilia-e-prega-enfrentamento-a-gays.htm

Um comentário:

Anônimo disse...

É, meu caro Yúdice. A linguagem é uma poderosa arma, e uma pequena palavra acaba mudando totalmente o rumo da prosa.

Infelizmente, muitos usam as palavras tentando dar-lhes outro significado. Caso dos homofóbicos, que pretendem dar a entender que a homofobia se restringe apenas à violência física contra os homossexuais. Assim, como em geral não saem por aí batendo em gays(utilizam-se em geral de púlpitos, debates televisivos, bancadas parlamentares e partidos políticos, etc, etc), acham que não podem ser enquadrados como homofóbicos.

Agora também aqueles “líderes fundamentalistas” , aqueles pastores dos boletos bancários, se autodenominam “cristãos”, pois assim ficam no mesmo cesto de protestantes, católicos e ortodoxos e não podem ser alvos isolados.

O raciocínio doente excretado por um bosta como esse simulacro de homem, de pessoa, só demonstra o primitivismo do que ele considera ser uma democracia.

O idiota não consegue entender que o sistema democrático não é a ditadura da maioria. Assim fosse, que tal escravizarmos os índios? Ora, não somos maioria? O respeito aos direitos das minorias faz parte da democracia. Isso é inegável.

De mais a mais, como bem colocou o Leonardo Sakamoto em seu blog, é uma vergonha que nenhum dos outros candidatos tenha se indignado com o posicionamento da bosta em forma humana. A pauta LGBT não faz parte do programa de nenhum dos candidatos.

Diga-se, por oportuno, que a maioria sequer apresentou algum programa de governo. Uma das candidatas, inclusive, retirou o assunto de seu programa. A Miss Simpatia não dá um pio sobre o assunto, temerosa de desagradar pastores e padres Brasil afora.

Imaginem o Dr. Barriga chutando um cachorro intruso durante o debate, ali, ao vivo e a cores. Duvido que os demais candidatos não o recriminassem. E alguém ouviu algo após a cagada que ele fez em público, para milhões de brasileiros? Não, ninguém ficou surdo não. É que ninguém falou nada mesmo.

Encerrando, acho que, como o aparelho excretor do imbecil se localiza ali, logo abaixo do bigode, diariamente ele é obrigado a pintar aquela vassoura, já que tem merda de tudo que é cor, mas ele gosta mesmo é da preta!!!!

Kenneth Fleming