Ter uma turma de Direito Penal I significa muito para mim. Minha disciplina se desenvolve em quatro semestres, mas o primeiro é o mais complexo e o de que mais gosto. Além disso, existe um componente particularmente melindroso: a necessidade de ganhar o público, de conquistar os alunos para o tipo de reflexão que precisamos fazer em um campo tão duro e problemático, tão influenciado pelos mais crueis enviesamentos. Sempre acreditei que, ou eu ganho essa plateia agora, ou será muito mais difícil no futuro.
Resulta daí que me preocupo demais com as abordagens que farei, com as leituras que indicarei, com a seleção de casos reais para análise, que serão debatidos em sala de aula ou utilizados nas provas. Acabei de elaborar a última prova de primeira avaliação de Penal I, que será aplicada logo mais, à noite. Em minha percepção, provas bastante acessíveis, enfatizando os aspectos mais importantes do que analisamos até aqui, sem surpresas nem alardes. Mas, acima de tudo, calcadas sobre aspectos palpitantes da realidade atual.
Nas duas provas já aplicadas, levei os alunos a refletir sobre o Estado Islâmico e sobre a atual política de "segurança pública" carioca, que tenta impedir o acesso de jovens negros às praias da Zona Sul. Assuntos que estão aí, na ordem do dia, tornando-se parte da rotina dos acadêmicos. O tema escolhido para a última prova, claro, não será mencionado, já que a prova ainda é inédita. Mas seguimos no campo das urgências reflexivas, que precisamos incutir na cabeça dessa garotada que está aí, começando a se familiarizar com o direito.
Penso que uma abordagem baseada em casos concretos é muito mais instigante e produtiva. Eu, particularmente, sentia grande prazer quando me descobria capaz de interpretar um caso que chegava ao meu conhecimento. Imagino que para os demais estudantes seja assim também. Você se descobre apto para fazer análises jurídicas, para pensar em soluções. Isso proporciona uma agradável sensação de crescimento.
Espero que os resultados sejam bons e que, doravante, seja uma rota sempre ascendente.
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