domingo, 27 de setembro de 2015

Mosqueiro diante de seus olhos

Minha mãe adora Mosqueiro. Nunca soube os motivos dela, embora não tenha dificuldade de compreender por que uma pessoa se encantaria por aquela ilha. Água doce, praias com vegetação para amenizar o calor, bonitos cenários, comidinha gostosa, etc. E tudo isso perto da capital. O fato é que ela ama Mosqueiro e por isso me pedia para levá-la até lá. Foram inúmeros pedidos ao longo dos anos, a esmagadora maioria deles ignorado, na prática. Sempre podemos deixar para depois, certo? Tem o trabalho, a vontade de descansar da semana puxada e outros que tais.

Daí minha mãe adoeceu gravemente e, neste ano de 2015, passou por diversas crises que poderiam tê-la levado à morte. Sua situação atual é extremamente preocupante. E o que ela me pediu? Que a levasse a Mosqueiro. No contexto, a missão se tornou uma prioridade, mas a sua execução não foi simples. O mais importante é que minha mãe não tem passado bem para enfrentar um passeio desses. Hoje, contudo, nós fizemos sua vontade.

Eu tinha grandes planos para o dia de hoje. Infelizmente, percalços imprevistos e as mãos ossudas da doença acabaram avinagrando um dia que deveria ser encantador. Um dos planos era, tão somente, fazer registros do passeio, em fotos e vídeos. Acabou que a foto ao lado foi a única em que minha mãe apareceu. Tenho só mais uma, em que apareço com minha filha.

Eu estava extremamente preocupado com a capacidade dela de suportar a viagem, já que possui metástase em osso do sacro, que lhe provoca muita dor e dificulta encontrar uma posição, inviabilizando longos tempos sentada. A par disso, sua extrema fraqueza (potencializada pela dificuldade respiratória, consequência da metástase em ambos os pulmões) não permite que ela caminhe muito e, por óbvio, acabou sentada.

Ela se esforçou muito para aproveitar o dia. A praia estava bonita e com pouco movimento, o dia relativamente ameno (quando ainda cedo), amigos foram se juntar a nós. Mas ela estava cansada e acabou que sequer molhou os pés na água. Não teve condições de ver a farra que a neta fez entre as ondas. Apenas soube da notícia e ficou feliz com isso. Seus objetivos não foram alcançados. Não conseguiu comer, foi enfraquecendo e passou mal. Precisamos colocá-la no carro, na esperança de que melhorasse. Melhorou o que pode. A viagem de volta não foi fácil para ela. Chegou em casa em más condições.

Remédios, banho, roupas limpas, 15 colheradas de sopa, uma visita. Ela foi se acalmando e melhorando, um pouquinho. Agora é noite e as noites lhe são duras, porque não consegue dormir devido aos problemas respiratórios. Tudo está bem difícil. Aqui em casa, fico pensando nela - se está deitada, se conseguiu descansar...

Esta semana teremos eventos importantes para influenciar o futuro. Vamos jogar as últimas cartas e esperar que elas surtam o efeito possível. Se funcionarem, a promessa é que em breve estejamos novamente em Mosqueiro. Mas, dessa vez, que ela esteja melhor e possa usufruir mais. E voltar para casa exatamente como queríamos hoje: com o coração e a alma leves.

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