segunda-feira, 12 de março de 2012

Aparentemente, uma boa tese

Até o dia do julgamento, tudo é especulação, mas por isso mesmo me permito especular um pouco.

O "caso Eliza Samúdio" caminha para enterrar de vez, mesmo na mente dos leigos, a já superada ideia de que sem cadáver não há homicídio. A moça desapareceu em junho de 2010 e seu corpo jamais foi encontrado, mas mesmo assim o caso sempre foi tratado como crime de homicídio, virou uma ação penal e, nela, existem oito réus já pronunciados pela morte da jovem, que em algum momento enfrentarão o tribunal do júri.

O principal acusado é o ex-goleiro Bruno Fernandes, que assim como outros acusados já se encontra preso há quase dois anos, o que basta para demonstrar que a ausência de corpo de delito não foi empecilho para a persecução criminal.

Agora, o defensor de Bruno declara publicamente que admitirá o assassinato da vítima, mas com o detalhe de que isentará totalmente o seu constituinte de responsabilidade. Na bem engendrada tese defensória, Luiz Henrique Romão, conhecido como "Macarrão", teria tomado por conta própria a decisão de matar Eliza, sem qualquer ajuste de vontades com Bruno, que em momento algum teria sugerido, pedido, concordado e muito menos auxiliado um projeto do gênero.

Digo que a tese foi bem engendrada porque "Macarrão", de fato, teria motivos para matar a vítima mesmo sem o conhecimento de seu benfeitor. O advogado de defesa fala em "ciúme", hipótese plausível diante de um sujeito que tatuou, nas costas, uma declaração de amor: "Bruno e Maka A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro" (sic). Mas é claro que em jogo não estavam apenas sentimentos: "Macarrão" era uma espécie de faz-tudo de Bruno, que o sustentava e lhe dava uma vida de mordomias e badalação. O surgimento de um filho poderia mudar o foco do endinheirado jogador ou, ao menos, reduzir os recursos que ele esbanjava em suas farras. Uma pessoa ruim poderia pensar em cortar o mal pela raiz.

Já escrevi antes, aqui no blog, que quando o advogado de defesa não dispõe de uma causa muito boa, apela para a famosa técnica de dar os aneis para conservar os dedos. Só que, neste caso em particular, dar os aneis (admitir um homicídio até aqui negado) pode permitir que Bruno conserve até mesmo os aneis (no caso, sua liberdade). Bastou transferir toda a responsabilidade para o grande amigo e braço direito.

Esse amor verdadeiro, que nem a força do tempo poderia destruir, será capaz de sobreviver a um tamanho conflito de interesses? O julgamento promete.

3 comentários:

Anônimo disse...

A "força do tempo" pode não destruir, mas a "força de uma prisão por homicídio", acho que destrói essa amizade.

Felipe Andrade

Ps: Interessante a tese: ciúme. Para tatuar isso aí, realmente, é muita obsessão pelo outro.

Anônimo disse...

Como diria a vovô Dica: Isso tá cheirando a extremidade distal do aparelho digestório!

Yúdice Andrade disse...

Também acho, Felipe.

Daí para pior, das 20h26...