sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O ódio não cede nunca

O homem que está na cidade do Rio de Janeiro com suspeita de ebola é um missionário, o que me leva a considerá-lo alguém que trabalha pelo bem do semelhante, ainda mais em se tratando da África, o continente mais pobre do mundo, permeado por toda sorte de reveses. Um homem assim merecia respeito e solidariedade, não apenas como ser humano, mas também por sua atividade. Mas o que foi ele que recebeu no Brasil?

Ódio racial.

Claro que as manifestações discriminatórias não resumem o país, mas é como aprendi no centro espírita: o problema é que os bons são tímidos, enquanto os maus são audaciosos. Só vimos as manifestações atacando esse homem; não vimos quem o defendesse.

Esse é o Brasil em que vivemos hoje. E isso porque somos um povo generoso, solidário e acolhedor. Imagine se não fôssemos.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/ebola/noticia/2014/10/ebola-se-espalha-pelas-redes-sociais-e-racismo-volta-tona.html

Acréscimo em 11.10.2014:

Daí o terceiro filho do teledramaturgo Manoel Carlos morre e um cara comenta a notícia nestes termos: "Isso é castigo por corromper a moral e os bons costumes da família brasileira com novelas de quinta categoria! E que os outros filhos morram de EBOLA!"

É disso que estou falando. Quem pode suportar?

4 comentários:

Anônimo disse...

Concordo que não devemos ser xenófobos ou racistas, mas discordo que um missionário seja alguém que "faz o bem".

O missionário é aquele que chega que em um lugar e diz basicamente que a religião local é errada, e a sua é a certa. É o cara que chega em uma tribo africana e que diz que as entidades que eles cultuam não existem, mas Jesus sim, é verdadeiro.

O missionário é um colonizador.

Yúdice Andrade disse...

Sim, existem missionários colonizadores, como você diz, das 10h51. A história está cheia de exemplos e provavelmente nos predispõe a essa inferência. Mas também existem os bons missionários e, como não sei de qual jaez é o rapaz da notícia comentada, fiz um exercício de boa fé e apostei no melhor perfil. Até para tentar ser coerente com o teor da postagem. Não me parece razoável que eu tomasse por pressuposto que ele é uma pessoa ruim, se estou criticando o ódio desinformado.
É isso. Um abraço.

Anônimo disse...

Desculpe insistir, mas pra mim não existe a diferença entre o bom e o mau missionário, todos são colonizadores, porque no mínimo fazem uma colonização cultural. É possível cometer genocídio sem matar uma única pessoa: acabando com uma cultura, porque aí se mata o povo sem matar indivíduos.

Abraço.

Yúdice Andrade disse...

Tudo bem, é compreensível a sua ponderação. Entendo que, para você, mesmo quando imbuído de boas intenções, o missionário exerce uma atividade essencialmente equivocada. Tem a sua lógica.
Por cautela, como não conheço todos os tipos de missões, guardarei a minha reticência. Faz parte do meu esforço de tentar achar algo de bom na humanidade.