segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Dias de finados passados e o atual

Em 2007, publiquei alguns poemas demonstrando visões artísticas sobre o dia de finados:

  • Um haicai do chinês Bashô, de antes de Cristo: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/11/dia-de-finados-bash.html
  • Dois textos da poetisa portuguesa Dalila Teles Veras: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/11/dias-de-finados-dalila-teles-veras.html
  • Um poema do brasileiro Manuel Bandeira: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/11/dia-de-finados-manuel-bandeira.html
  • E uma bela contribuição do poeta argentino Jorge Luís Borges: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2007/11/dia-de-finados-jorge-lus-borges.html
Sempre fui atraído por assuntos ligados à morte; sou de cemitérios e arte tumular. Mas, até então, era apenas curiosidade. Há quase 11 anos, senti pela primeira vez o gosto amargo de uma perda realmente doída. E há meros 30 dias, minha mãe deixou este plano, colocando-me em um vazio que arte alguma expressou até o momento. 

Somos um país de colonização portuguesa e, por isso, com forte influência do catolicismo. Devido a isso, de geração a geração, somos ensinados a promover o culto ao sofrimento, ao jejum, aos sacrifícios. Somos ensinados de que a alegria e o prazer são venenosos e devem ser contidos, porque paira sobre nós um Senhor dos Exércitos, pronto a justiçar qualquer mau passo e colocar a vingança na conta do nosso próprio livre arbítrio. Vendo reportagens sobre o dia de finados, feitas hoje, pude ver como essas ideias são arraigadas entre nós.

Museo de las Momia de Guanajuato: de repente, senti vontade de visitar
o México. Saiba mais em http://www.momiasdeguanajuato.gob.mx/index.html
Em um dia como hoje, sinto inveja dos mexicanos. Como eu já sabia e esta reportagem aqui ajuda a esclarecer, desde cedo eles são educados sob a compreensão de que a morte faz parte da vida; não adianta nem é razoável temê-la e sofrer por ela.

O dia de los muertos é um dos momentos mais gloriosos da vida mexicana, um dia em que se lembram as pessoas amadas que já partiram, com festa, comida e estímulo ao senso de família. É apoteótico. Tem os seus exageros, claro, como mandar limpar os ossos inumados a cada dois anos, mas é também libertador.

Se não fôssemos doutrinados a estacionar na dor, seria mais fácil fazer o caminho da esperança.

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