A pessoa mais pé-no-saco do mundo provavelmente é aquela que desponta como protagonista da belíssima composição de Nelson Cavaquinho, "Luz negra".
O sujeito é tão babaca que se atreve a proclamar que ninguém no mundo sofre mais do que ele. Fome, doença, guerra, injustiças as mais dantescas... nada disso é páreo para a extrema dor de cotovelo desse egocêntrico sem o menor traço de maturidade. Fico me perguntando se ele realmente acha que conseguirá despertar a simpatia de seu interesse amoroso demonstrando um temperamento tão depressivo e descontrolado.
Mas um sujeito como eu, no fundo, consegue entender como é que alguém se torna tão desequilibrado a esse ponto. E talvez por isso eu goste tanto dessa canção, inclusive interpretada na graciosa e convincente versão de Cazuza (aqui o vídeo do YouTube), gravada no programa Chico & Caetano, da TV Globo (1986), em cuja voz eu a escutei pela primeira vez.
Veja o tamanho da doença:
Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
Mas não consigo achar ninguém
Sempre só
A vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Tô chegando ao fim
A luz negra de um destino cruel
Ilumina um teatro sem cor
Onde estou representando o papel
Do palhaço do amor
Sempre só
A vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Eu tô chegando ao fim
Eu tô chegando ao fim...
Eu tô chegando ao fim...
Eu tô chegando ao fim...
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