É sob esta premissa que parabenizo os professores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que pediram formalmente ao Conselho Universitário a cassação do título de doutor honoris causa outorgado em 1973 ao então Ministro da Educação, Jarbas Passarinho, coronel reformado (não consegui saber de qual Força) hoje com 94 anos.
A moção dos professores da UNICAMP já começa arrasadora:
Afirmando que a honestidade intelectual é um imperativo nas atividades acadêmicas, entendemos que os recursos teóricos da crítica e da autocrítica devem ser permanentemente exercidos, tanto no plano individual quanto das instituições. Fundados nesta premissa, vimos a esta Congregação a fim de manifestar – nesta conjuntura política em que as diferentes Comissões da Verdade buscam conhecer em profundidade episódios recentes da vida política e cultural brasileira – nosso repúdio em face de um fato que compromete os valores democráticos e científicos perseguidos, ao longo de sua história, pela Universidade Estadual de Campinas. Os signatários desta Moção estão convencidos que a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao então Ministro da Educação Jarbas Passarinho – na reunião extraordinária do Conselho Diretor da Unicamp de 30 de novembro de 1973 – não foi acertada do ponto de vista acadêmico nem pertinente sob a perspectiva dos pressupostos e padrões da convivência democrática.
Foto da Sala de Imprensa da UNICAMP, obtida na internet, mostra o então ministro da Educação conversando amistosamente com o reitor daquela instituição. |
Aduzem que, como ministro de Estado, Passarinho foi responsável direto pela perseguição a intelectuais e a servidores públicos (professores e pessoal administrativo) e estudantes, que foram expulsos das universidades, além de implantar, em 1971, as Assessorias de Segurança e Informações em todas as universidades federais. Não bastasse isso, trabalhou pela privatização do ensino superior.
Se estamos em período de revisão histórica, devemos fazê-la por completo, corrigindo os erros do passado, tais como glorificar o que merece ser execrado. E nada mais adequado do que essa tarefa ter, na dianteira, as universidades, justamente um dos foros mais duramente atingidos pelos governos de exceção e de onde saíram inúmeras de suas vítimas. Inclusive porque possuem o dever institucional de promover o conhecimento e o aprimoramento da sociedade.
Em página do Senado, estão listadas homenagens prestadas a Passarinho, havendo 13 títulos de doutor honoris causa. Além da UNICAMP, também cometeram esse desatino, no Brasil, as universidades do Pará (onde o cidadão foi governador nomeado pelos militares), Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, pelas Católicas da Bahia, Recife e Goiás, e pelas PUC do Rio Grande do Sul e de Petrópolis ; e no exterior, a Universidade Autônoma de Guadalajara (México), esta última por sinal me deixando bastante curioso quanto a sua motivação.
Leia a íntegra da nota dos professores e informações sobre Passarinho clicando aqui.
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Fica a dica para a minha querida UFPA. Por oportuno, vale a leitura desta postagem do Blog do CJK.
Um comentário:
Eu posso assinar também? Para mim, um grande canalha, travestido de ministro, de coronel, de senador, mas sempre um canalha, torturador e golpista. Seu nome , a exemplo de Médici, Geisel,et caterva, deveria ser deletado de nossas cidades, escolas, rodovias, etc, mas jamais das nossas mentes e dos nossos livros, de modo a que os jovens sempre saibam quem foram esses canalhas malditos.
Kenneth Fleming
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