Bom dia. São quase 11 da manhã do dia 4 de janeiro deste novo ano. Meio à toa na internet, resolvi dar uma passadinha por aqui, por este blog quase abandonado. Não posso queixar-me de não ter mais a boa audiência de outras épocas. Se nem eu venho aqui com habitualidade, quem mais viria?
Razões pessoais muito importantes explicam a situação do blog. Em primeiro lugar, o mestrado, que acabou em setembro último. Em segundo lugar, e mais decisivo, a doença de minha mãe, drama que nos acompanha já há mais de um ano. Neste caso, o problema não é falta de tempo, mas de alma. O pensamento, o sentimento, a necessidade se transferiram para outros lugares. E a luta está bem no começo de uma nova fase.
Penso, entretanto, que também é verdade que a fase áurea dos blogs acabou. Há alguns anos, quase todo mundo que estivesse conectado queria ter um blog. Era a descoberta do prazer de escrever qualquer coisa e ter a possibilidade de ser lido em qualquer lugar do mundo, de dialogar, de conhecer pessoas que também produziam. Podia-se mergulhar numa miscelânea de mundos e de ideias que não paravam de borbulhar. Mas o tempo passou e os blogs foram perdendo espaço.
Considerando a minha própria experiência, há o fator Facebook: aquela ideia súbita, aquela manifestação breve e urgente que nos acometia passou a ser publicada na rede social de Zuckerberg. Feita a postagem, a ansiedade passava, mas o blog não era alimentado. A interação com terceiros era mais rápida, também, porque beneficiada pela atualização das timelines. Quem tinha interesse em você o encontrava na rede social, dispensada a busca pelas novidades do blog. Com o tempo, ficou claro que replicar a postagem do blog no Facebook era a melhor maneira de lhe dar publicidade.
Mas não apenas o Facebook: o Twitter, com seus deprimentes 140 caracteres, estava mais de acordo com manifestações breves e desfundamentadas. O tipo de ação que mais interessa à média dos internautas de hoje. Tempos líquidos, diria Zygmunt Bauman: nada feito para durar. E também o Instagram, cenário para a exibição visual dos loucos por atenção. Aí não precisa escrever sequer os irrisórios 140 caracteres: basta publicar a foto que mostra como você é feliz.
Minha necessidade de atenção é limitada. Levei "muito" tempo para aderir ao Facebook porque já possuía uma conta no Orkut e considerava excessivo participar de duas redes sociais. Excessivo e sintomático. Quando se tornou evidente que no Orkut não haveria mais atividade, migrei para a nova rede. Migrei. Não queria duas contas. Não desativei o meu perfil no Orkut para não perder o seu conteúdo, porém nunca mais fui lá, até ser anunciada a sua morte.
Jamais tive conta no Twitter ou no Instagram. Nem tenho vontade. Fui cooptado à força pelo Google+, porém não o utilizo. Minha resistência à pluralidade de redes é tanta que nunca aceitei nenhum convite para participar da LinkedIn. Talvez devesse, mas nunca fui lá sequer para saber como é.
E mesmo assim o blog foi parando. O fogo cessou. Não apenas o meu: outros blogueiros conhecidos pararam de escrever. Ou o fazem muito esporadicamente. Penso que estamos ressignificando o uso dessas ferramentas em nossas vidas.
O marasmo do blog, todavia, não é necessariamente um mal. Antes, escrevíamos muito porque tínhamos necessidade de fazê-lo. Agora que esse sentimento autoimposto sumiu, podemos escrever mais devagar e com mais qualidade. Tenho vários rascunhos de postagens aguardando o dia que finalmente vou concluí-las. Temas que considero interessantes e, mesmo assim, não tenho a menor pressa em finalizar a tarefa. Quando der vontade, pesquiso um pouco mais e concluo. Se ficarem prontas, podem tornar-se textos interessantes. Quem sabe um estímulo para participar do site colaborativo Obvious?
Enfim, queridos leitores que talvez, quem sabe, eventualmente leiam este texto (por sinal, grande demais para ser lido até o final, por supuesto), continuamos por aqui. Pode não parecer, mas continuamos. Não vou desistir. Escreverei quando der vontade (e com mais qualidade, tomara). Encaro o blog, agora, como um espelho de momentos de minha vida e suponho que isso terá um grande valor para mim, no futuro, quando eu não for mais que uma sombra do que sou hoje. Ou talvez seja útil para minha filha saber quem eu era, quando for capaz de ler e entender estas mais de 5 milhares de postagens.
Abraço vocês e lhes desejo um ótimo ano de 2015. Sejam felizes. Força sempre.
4 comentários:
Feliz 2015!
Como não aderi ao Facebook, continuo acompanhando por aqui.
Sds.
Ramon
o blog já está até em meus favoritos,sempre leio Mestre Yúdice, não pareee! Feliz ano novo para você e sua família, e enormes melhoras para sua mãe! trechos da música de talles roberto- nada além de ti!
Se é tão impossível
Parece que não dá
Espera no Senhor e confia
Espera, Ele vem, confia, Ele vem
E faz o milagre
Oh, Deus eu vim aqui
Só pra Te dizer
Que minha esperança está em Ti
Eu não tenho nada além, nada além de Ti
Mas nada além da promessa, da Sua promessa
Eu não tenho nada, nada
Eu não tenho nada
Att Matheus Graim
Também estou no time do axezeiro lá de cima. Dizem até que está se aproximando dos sertanojos. Mas acho que isso é fofoca de facebook!!!
Não tenho Facebook. Torço para que você continue com o blog, até porque não se pode considerar o Facebook um meio de debater idéias, expor opiniões, etc.
Para mim, é uma Revista Caras digital, onde a maioria das pessoas só retransmite mensagens recebidas, em geral sem emitir qualquer opinião, além de massagearem o seu próprio ego.
Como as vezes me é dada a oportunidade autorizada de ciscar em página alheia, vejo que as pessoas não utilizam do espaço para emitir opinião, debater idéias, criticar, etc. Isso me relembra meu as vezes ranzinza irmão Ney Sardinha, que quando aparecia era escrevendo textos, discutindo e debatendo.
Que a tua filha tenha o triplo de mensagens para ler no futuro.
Abração
Kenneth Fleming
Bj ao Irmão Keneth
Ramon.
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