sábado, 12 de julho de 2014

Além do imaginável

Huck no momento em que tentava causar impacto.
Eu pensava que ninguém fosse mais ridículo e ensandecido ao falar sobre futebol do que Galvão Bueno, mas está aí Luciano Huck para ultrapassar a barreira do absurdo. Em seu programa dos sábados, o sujeito teve a coragem de comparar a derrota da seleção brasileira para a Alemanha, por 7 x 1, ao ataque terrorista de 11 de setembro, um dos mais surpreendentes acontecimentos da história recente, que custou quase 3 mil vidas.

O detalhe histriônico é que a monstruosidade foi bostejada durante conversa com o dito Galvão Bueno, que pelo menos lembrou que o 11 de setembro foi um problema mais grave, de proporções completamente diferentes. Uma pessoa normal se teria indignado e falado de modo mais incisivo, mas existem as questões internas da empresa. De todo modo, ser desmentido por Galvão Bueno, ainda que de leve, é para quebrar as pernas de qualquer um.

Luciano Huck é uma celebridade controversa. A despeito do esforço atroz que realiza para ser reconhecido como bom moço, e mais do que isso, como um verdadeiro benemérito, um protetor dos fracos e oprimidos, além de se pretender o paradigma de marido em uma família perfeita, pesam contra ele inúmeras críticas severas: explorar a necessidade alheia para se autopromover e ganhar dinheiro (refiro-me aos quadros nos quais melhora a vida de gente pobre, em seu programa); perseguir a condição de cicerone de celebridades internacionais, funcionando como um deslumbrado papagaio de pirata; construir mansão em área de proteção ambiental. Este caso, por sinal, teve desdobramentos: o Município de Angra dos Reis embargou a obra e aforou ação civil pública contra Huck, além da revelação de relações espúrias entre ele e o então governador Sérgio Cabral Filho.

Cabral teria editado um decreto alterando a legislação ambiental fluminense, justamente com vistas a permitir que Huck construísse sua mansão. O decreto foi alvo de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, movida pela Procuradoria-Geral da República. Para defendê-lo, o apresentador contratou um escritório de advocacia que tem entre os sócios a mulher de Cabral. Uma teia de coincidências.

Foram muitas as críticas e memes na internet.
Dois episódios recentes e amplamente divulgados pela mídia enodoam o rapaz. Em abril deste ano, pegou carona em um constrangedor episódio de racismo no futebol e começou a vender camisetas de sua grife. Houve intensa reação pública e as vendas foram interrompidas. Mas em apenas três dias ele faturou 20 mil reais com o produto. A 69 reais a unidade, dá para perceber a capacidade de mobilização de inocentes úteis que esse rapaz possui.

Na segunda metade de junho, com a copa já em andamento, Huck quis tirar proveito novamente com um quadro em seu programa. O objetivo seria arranjar namorados estrangeiros para as brasileiras, o que foi interpretado como estímulo à exploração sexual. Nova enxurrada de protestos e, desta vez, formalização de requerimento ao Ministério Público Federal, com vistas a investigar a Rede Globo por incitar a exploração sexual.

Naturalmente, tudo foi rapidamente negado, explicado, ressignificado. Mas são muitas estórias mal contadas em pouco tempo, ainda mais considerando o histórico do apresentador, que em 2011 teria estimulado doações aos desabrigados pelas chuvas no Estado do Rio de Janeiro. Muito altruísta, não fosse pelo fato de que a iniciativa esconderia a intenção de turbinar um dos negócios de que é sócio (leia aqui).

Assim fica difícil. Mas, pelo menos, e felizmente, não são apenas a concorrência ou jornalistas contrários ao establishment que denunciam os pecados de Luciano Huck. A mesma internet que ele utiliza para agir lhe dá o troco, por meio de pessoas comuns, gente de bem que consegue identificar a malícia e não perdoa. Acuado, ele se vê obrigado a voltar atrás, ao menos até a investida seguinte.

Ser esperto não é mais como antes.

Fontes: 

  • http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/12/huck-compara-derrota-do-brasil-ao-11-de-setembro-e-e-criticado-na-web.htm
  • http://www.estadao.com.br/noticias/geral,decreto-de-cabral-favoreceu-cliente-de-sua-mulher-em-angra,502671
  • http://www.purepeople.com.br/noticia/camisetas-somos-todos-macacos-lancadas-por-luciano-huck-rendem-r-20-mil_a20071/1
  • http://www.ocafezinho.com/2014/06/27/globo-e-denunciada-no-ministerio-publico-por-crime-de-exploracao-sexual/

8 comentários:

Anônimo disse...

Em resumo, ele, como um bom judeu, está fazendo o que os judeus vêm fazendo ao longo de boa parte da história. Parece que judeus são bons para gerenciar grupos midiáticos para manipular interesses e lucrar bastante, mas o rapaz tem demonstrado que eles enfrentam problemas quando passam para a frente das câmeras.

Yúdice Andrade disse...

Das 0h48, não sei se é o caso de tratar isso como uma coisa de judeu, até porque se trata de um crime de temperamento muito suscetível, com muita organização e empatia interna, além de grande acesso à mídia, como você destaca.
Analisei os fatos em termos de conduta de uma pessoa, independentemente de sua origem ou religião. Acho que são ações que depõem contra a pessoa e poderiam ser evitadas. Afinal, pode-se ganhar dinheiro - e muito - no ramo em que ele atua sem tanta apelação.

Anônimo disse...

Faça como eu. Não insista em assistir esse programa. É muita enrolação.

Anônimo disse...

Taca-le o pau Marcos!!!!
Kenneth

Yúdice Andrade disse...

Das 14h39, eu não assisto. Soube do fato já pela repercussão.

Quem é Marcos, Kenneth?

Yúdice Andrade disse...

Das 14h39, eu não assisto. Soube do fato já pela repercussão.

Quem é Marcos, Kenneth?

Anônimo disse...

Veja no YouTube o vídeo. É um garoto de Santa Catarina "narrando" uma corrida de carrinho de rolimã, com um sotaque bem do sul. Marcos é o primo dele.
Kenneth

Yúdice Andrade disse...

Vou ver, Kenneth. Já imagino!