Se eu fosse dono de restaurante e alguém escrevesse uma crítica contra o meu estabelecimento, sobretudo se contundente, a minha atitude seria usar a página do próprio restaurante para prestar os esclarecimentos devidos à comunidade e principalmente aos clientes. Além disso, exerceria meu direito de resposta, perante o veículo que tivesse publicado a crítica. E naquilo em que a critica fosse pertinente, eu teria a hombridade de me desculpar e anunciar as medidas para melhorar o serviço.
Penso que esse tipo de atitude é mais eficiente, em termos de reputação, do que deixar que as coisas corram de modo a ensejar boatos. Não foi, contudo, o que fez o dono de um restaurante da cidade francesa de Cap-Ferret, que recorreu ao judiciário contra a postagem de uma blogueira. Em consequência, o juiz determinou que Caroline Doudet mudasse o título de sua postagem e, ainda por cima, pagasse o equivalente a 4,5 mil reais de indenização.
O motivo da decisão é que a blogueira tem quase 3 mil seguidores e, quando se digitava o nome do restaurante, a postagem crítica era o quarto resultado que retornava. Assim, o restaurateur(*) se considerou prejudicado em seus negócios e exigiu providências. E conseguiu.
O caso é curioso tanto pelo ineditismo (e, convenhamos, havia justa razão para o proprietário se sentir prejudicado) quanto pelas consequências. Embora exagerando pelo uso da palavra "crime", a blogueira está certa ao dizer que foi punida não pelo texto escrito, mas por ter grande visibilidade em buscadores. No mínimo questionável. Afinal, o que deveria ser questionado é se o texto, em si, é ou não prejudicial. Porque se a manifestação é legítima, parece-me abusivo impor consequências punitivas por causa da repercussão.
No mais, até comemoro o fato de este ser um blog tão pouco lido, pois também já critiquei um restaurante aqui de Belém. Com justo motivo. E sou do tipo que defende a ideia de que mau atendimento deve ser denunciado. O objetivo não é falir estabelecimentos, mas levá-los a melhorar, se tiverem a humildade de rever seus atos. E respeitar o cliente, que é gente, e somente por isso já merece ter resguardada a sua dignidade.
(*) Breve digressão linguística: na gramática francesa, a palavra correta é restaurateur, como coloquei no texto, mas se disseminou pelo mundo a versão que inclui um "n", restauranteur, que é como provavelmente você conhece. Cf. http://grammarist.com/spelling/restaurateur/
Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/juiz-condena-blogueira-que-aparecia-demais-no-google,5845038291447410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html
2 comentários:
Ainda bem que tenho um novo professor de francês, em substituição à Madame Garfunkel, minha simpática professora na Aliança Francesa e que , salvo engano, também deu aulas ao Napoleão - o Bonaparte. Nossas sonecas das 14:00 hs, embaladas pelo seu francês, eram deliciosas.
Kenneth
Estou pensando em como eram essas aulas, meu amigo!
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