sábado, 14 de abril de 2012

A caminho do fim da humanidade

Volta e meia dizemos que, nesta vida, nada mais nos impressiona. Acredito que essa afirmação seja antes de tudo um mecanismo de defesa, mas ele falha, porque sempre acontece alguma coisa que nos estremece o corpo, arrepia os pelos e até nos faz descrer da humanidade.
Pony, como está agora e, na foto menor, como estava
ao ser resgatada da condição de escrava sexual.
Na semana que passou, tomei conhecimento de que, na Indonésia, uma fêmea de orangotango era submetida a exploração sexual. Acorrentada a um ambiente imundo, era a principal "atração" do prostíbulo e rendendo altos lucros para a proprietária. O sucesso era tanto que o plano de resgate levou mais de um ano para ser executado, custou caro e envolveu até homens armados com fuzis AK-47, posto que a clientela não abriria mão facilmente de sua presa.
A escravização, notadamente a sexual, e a tortura são as coisas mais horrendas que um ser humano pode realizar, segundo entendo. Não há escusas, meios termos ou nada que minimize tamanha insanidade. E olha que estou falando de violências entre seres da mesma espécie. Mas quando penso em estimulação sexual por um animal e na industrialização dessa exploração, a perplexidade se soma ao horror. Não parece real.
Evidentemente, não estou dizendo que estuprar uma fêmea de orangotango é mais grave do que fazer o mesmo com uma pessoa. Mas esta situação implica num caráter tão absurdamente depravado, num nível de doença psíquica e moral tão aberrante, que a dona do prostíbulo eu mandaria para a cadeia (é só mais uma desgraçada que não vê limites ao seu desejo de ganhar dinheiro), mas os "clientes" eu colocaria à disposição da ciência, o resto da vida submetidos a exames. Deve ser possível aprender alguma coisa sobre o cérebro humano estudando essa escumalha. Talvez fosse razoável para fazer isso, para o bem da humanidade e dos animais.

14 comentários:

Anônimo disse...

Já eu acho a notícia interessante pelo quanto de simbólico ela carrega para a questão da exploração sexual em geral, principalmente de seres humanos. A presença de uma fêmea de orangotango num prostíbulo, disponível para lucro da proprietária e para uso dos clientes como qualquer outra das prostitutas, mostra bem qual é o status (um nível certamente abaixo do humano) que tal proprietária e tais clientes atribuem às mulheres do local. Se um Y pode estar entre vários X's sem causar estranheza aos Z's, é que os X's já estavam sendo tratados como Y's pelos Z's desde o princípio. Não estou negando que o animal fosse atração exatamente por ser o elemento diferente, o que estou dizendo é que essa diferença não era uma ruptura com a relação simbólica da prostituição, e sim uma continuidade dela sob uma forma que ajuda a lançar luz sobre de que tipo de relação simbólica se trata.

Já a resistência a entregar o animal mostra o quanto ele representava, por assim dizer, o ideal do que a proprietária e os clientes esperariam que as mulheres do local fossem. Se é verdade que a fêmea de orangotango não rompe a relação simbólica travada com as mulheres porque estas já estão sendo tratadas na condição daquela primeira desde o início, também é verdade que as mulheres, na medida em que estão sendo tratadas como menos que humanas, mas são ainda humanas, só se submetem a essa condição com alguma dose de desencaixe, de atrito, de resistência. Elas precisam se comportar como menos que humanas, enquanto são, na verdade, humanas. Já a fêmea de orangotango, não. Ela, que deve ter sido submetida a isso por tanto tempo e tantas vezes até perder a noção de outra existência distinta, se encaixa perfeitamente no perfil sub-humano que o "negócio" lhe empresta e, por isso, representa um objeto assim tão valioso. Não está à sua disposição a memória, a imaginação e a possibilidade de representação reconstrutiva da própria imagem e dignidade que os seres humanos "incomodamente" insistem em ter. (cont.)

Anônimo disse...

Por fim, vale ainda destacar o valor simbólico de tratar-se de uma fêmea de orangotango, e não de uma égua, de uma vaca ou de uma cabrita. O apelo de uma animal que mantém razoável semelhança com as formas e comportamentos humanos é revelador desse outro aspecto da prostituição. Se se trata de converter aquelas mulheres em seres menos que humanos, é preciso, contudo, que jamais se perca a semelhança com o humano. É o motivo por que elas precisam fingir-se interessadas, seduzidas, satisfeitas com aquilo que as submete, machuca ou enoja.

É que, tal como no estupro, na prostituição está envolvido não apenas um componente de prazer, mas também um componente de poder, como se a posse do dinheiro por um dos pólos lhe desse a capacidade de mandar e a necessidade do ganho pelo outro lhe tirasse a capacidade de negar. Trata-se de instrumentalização para o prazer (e para isso é preciso reduzir o humano a um sub-humano), experiência que atrai o desejo porque realiza a fantasia de ter das mulheres o que os homens geralmente buscam de seu corpo sem ter que suportar tudo aquilo que lhes incomoda em sua personalidade (no fundo, é que elas sejam pessoas, e não coisas, que tanto os incomoda); mas trata-se também de subjugação mediante poder (e para isso é preciso manter aquele sub-humano sempre em razoável analogia com o humano, pois é sempre outro humano que se quer subjugar), experiência que atrai o desejo porque realiza a fantasia de estar numa posição tal em que as pessoas objeto de seu desejo simplesmente não lhe podem dizer não.

Em última instância, no que concerne a esse componente de poder, o motivo por que os homens vão a prostíbulos é o mesmo motivo por que eles sonham em algum dia serem riquíssimos, famosíssimos ou poderosíssimos: evitar o longo, trabalhoso e arriscado investimento de conseguir um sim sincero mediante o truque de lidar apenas com aqueles que não lhe podem dizer não. Se não podem elevar-se acima de seus iguais sociais para obrigá-los a servi-los, vão procurar seus desiguais (tratados como) sub-humanos que não têm outra alternativa se não servi-los.

Quanto ao caso dos clientes e de se tratar de doença mental, quem dera fosse isso! Seria pelo menos uma situação excepcional de um prostíbulo que atendia apenas a psicopatas. O mais triste é que no fundo não é isso, é que no fundo apenas expressa em termos mais fortes (e, concordo, vizinhos do psicopático) apenas fantasias reprimidas de todos os membros de uma cultura fortemente patriarcal em que as mulheres são seres humanos de segunda classe, e as prostitutas são não são seres humanos de classe alguma, mas são apenas isso que era a fêmea de orangotango: certo espécime animal que lembra vagamente um ser humano apenas na medida bastante para ser um objeto de prazer e poder masculino.

Ana Cleide disse...

Penso que há, sim, a presença de uma parafilia (tara) nesta situação, salvo engano, chama-se panssexualismo, e que precisa ser estudada com este grupo de "seres humanos", pois, pelo jeito, negavam a si mesmos como tais. Falar que são pessoas, nem pensar, pois a selvageria que praticavam que esse animal, revira o estômago de qualquer civilizado. Cadeia é pouso pra eles!

Yúdice Andrade disse...

André, senti muita falta das tuas análises, que sempre nos levam para algum caminho que não seríamos capazes de pensar sozinhos. Vou dar destaque.

Ana Cleide, sem dúvida que para muitos existe o fator pedofilia, mas acho que o André tem razão quando empresta maior peso a elementos culturais vinculados à dominação. Penso que o caso é, acima de tudo, de doenças do caráter, que em nada comprometem a imputabilidade penal - mesmo que apenas pelo aspecto da autodeterminação -, mas que dizem muito sobre como o indivíduo pode se entregar voluntária e animadamente à perversidade.

ilze disse...

Os comentários do André, como sempre, são muito interessantes. Arrisco compartilhar algumas impressões soltas que me vieram à cabeça (deixando de lado: a ironia de ser uma mulher que gerenciava o prostíbulo; o tema da tortura, do descaso; a relação humano-animal; o lucro/baixo custo na substituição do humano por um animal, etc.). Uma das primeiras coisas que pensei foi no tema econômico, aliado a questão do empoderamento. Depois que algumas "profissionais do sexo" (as aspas não são usadas aqui para relativisar a expressão, mas para enfatizá-la, uma vez que a mesma foi escolhida por grupos de mulheres que se dedicam a esta atividade e refletiram sobre ela dessa forma) se organizaram e passaram a escrever sobre sua profissão, a imagem relativa a “quem tem poder” em uma negociação de cunho sexual apareceu invertida: quem tem o “produto” pelo qual se estipula um preço e que é capaz de cobrá-lo, e portanto o poder, é a profissional. Quem precisa procurar e pagar pelo produto, estando em situação de “necessidade”, é o cliente. Ainda que saibamos que essa não é a realidade de grande parte das mulheres envolvidas em esquemas de prostituição, a colocação do problema sob este ângulo conferiu às profissionais do sexo (pelo menos à algumas delas) maior dignidade/poder, e enfraqueceu a idéia de poder dos usuários desse tipo de serviço. No caso da orangotango, não sobra margem para nenhuma manobra de poder/empoderamento da “fêmea” em questão. Os homens envolvidos estão na situação de ter de pagar por prazer/sexo, mas o outro lado da relação se apaga, assume o lugar do espetáculo. Paga-se um ticket, a outrem.
As profissionais do sexo evidenciaram também o tema da solidão masculina. Muitas relatam que o que se vende/compra nem sempre é o sexo, puro e simples, mas o ouvido, o tempo, a companhia... a proximidade. A figura da orangotango me fez pensar no massacre final das relações de cunho íntimo, na aceleração total do tempo. Do outro lado não há mais um humano, e não precisa haver.
Por fim, não pude deixar de sentir tristeza. Na verdade, a minha primeira reação foi de tristeza (e choque diante da violência exercida ), pelo animal... da espécie dos orangotangos. A tristeza que senti após me deixar levar pelo pensamento, foi pelo animal humano. Nessas horas fica tão evidente o quanto precisaria ser feito do ponto de vista ético, político, pedagógico, social (etc.) para que ninguém precisasse passar por algo semelhante, nem mesmo um animal.

Anônimo disse...

Ilze, em primeiro lugar, obrigado por ter atendido à minha solicitação de ver a postagem, ler os comentários e deixar também a sua contribuição no blog do meu amigo Yúdice. Yúdice, a Ilze é minha colega no doutorado em Filosofia aqui na UFSC e, além de excelente pessoa e companhia, é também estudiosa das temáticas feministas há bastante tempo. Por isso o convite que fiz. Retomando o diálogo, quero dizer que deveria ter situado o meu comentário. Ele não se refere à prostituição em geral, mas sim ao tipo de prostituição ligada à exploração sexual em situação de escravidão ou análoga à de escravidão em sociedades não apenas patriarcais (coisa que praticamente todas as sociedades modernas são), mas marcadas por um tipo agressivo e quase não tematizado nem problematizado de patriarcalismo, como são certas sociedades asiáticas como a Indonésia. Concordo que, numa sociedade em que a liberação feminina já tenha atingido um nível minimamente aceitável e numa situação em que a prostituta, ou melhor, "profissional do sexo", trabalha autonomamente ou tem possibilidades reais de deixar o vínculo com algum agenciador ou cafetão sem sofrer represália física ou pessoal - numa situação de "prostituição livre", digamos assim, os pólos de poder se invertem: é o homem solitário que precisa do que a profissional pode lhe oferecer. Mas, a um prostíbulo semi-escravagista na Indonésia, acredito que as observações que fiz se aplicam melhor, pelo menos em sua maior parte.

Yúdice Andrade disse...

Caro André e Ilze, a quem dou as boas vindas ao blog, com meu desejo de que volte sempre. Aliás, após ler sua manifestação, ia perguntar como chegou ao blog, mas o André esclareceu. Além de tudo o mais, devo agradecer a ele também a audiência altamente qualificada que me proporciona.
Como reforço aos argumentos de Ilze, é interessante observar como a prostituição mudou nos últimos anos. A figura da mulher decadente que se expõe pelas ruas e muitas vezes depende de um cafetão foi substituída pela menina bonita, "bem nascida", que frequentou boas escolas e até boas universidades, que fala idiomas, viaja, se relaciona com pessoas de círculos variados, etc., que faz da prostituição uma "carreira" supostamente temporária. Ela se divide entre a família (que não sabe o que ela faz), os estudos (que lhe darão o futuro fora da prostituição, ou assim ela acredita), a academia de ginástica e seus relacionamentos convencionais. Prostituir-se é meio de custear estudos ou, às vezes, de manter um padrão de vida consumista. E a técnica serve para os homens, também, disseminando a prostituição masculina.
Em casos assim, funciona o poder de quem tem a "mercadoria" para vender. Essas mulheres ficam no polo ativo, ditam regras e seus clientes acabam sendo a expressão dos "pobres meninos ricos", que perseguem o sucesso, o dinheiro, a beleza, a popularidade, mas no fundo são pessoas solitárias, em busca de um sentido para suas vidas.
Mas isso é mais profundo do que posso analisar.

ilze disse...

Hoje pela manhã, ao sair de casa, toda esta infeliz história da Pony (este era o nome da orangotango) me vinha e ia pela cabeça. Fiquei matutando na figura da mulher-proprietária do estabelecimento X a fêmea acorrentada. Me perguntava (sem querer dar resposta a esta pergunta) se o lugar da Pony era ocupado, antes dela ser capturada e coloca nesta situação, por uma humana. E se não o é agora, após a "vacancia do posto".
Quando ouvimos falar do tráfico de mulheres, pensamos na Europa (ou em um cativeiro desses que existem pelo nosso Brasil afora, incluindo os oficias/policiais, de onde ouvimos algumas barbaridades semelhantes, vez ou outra). Ainda que se imagine (e se leia sobre) as condições indignas a que elas são sujeitas, o imaginário geral 9alimentado pela mídia televisiva e a super-valorização desse lugar chamado Europa/Itália/Espanha... chega a nos confundir.
Quando li sobre a Pony, a referência do prostíbula se dava dentro de uma "vila de prostituição". Era, uma dentre tantas outras casas dedicadas ao ofício. A negociação do sexo é uma das faces dessas vilas, a do "produto final". A de escravos/as, a aquisição da "matéria-prima", é a outra. O tráfico de mulheres (e crianças), expoe muitas faces perversas das nossas relações humanas, incluindo, além da misoginia, o racismo/preconceito étnico (eslavas, polacas, chinesas, mestiças, negras, indonésias...).
Sem querer tocar no tema da família e do pátrio poder (que deixa velado o tema da venda de crianças/filhos/as). Tenho amigos a quem se ofereceu, em viagem, meninos/as de 3 a 4 anos, por trocados. E sem ir muito longe, aqui mesmo em Florianópolis, conheço a história de uma garota que foi casada pelo pai, em troca de uma vaca, com um senhor mais velho, viúvo e com crianças para criar. Nos dois polos do "negócio", homens com "direitos". Na função de objeto, uma menina. Ela não foi acorrentada à uma jaula, como Pony, mas sua situação de "uso doméstico" pode ser imaginada de várias formas.
Só para terminar o meu circo de horrores mentais, também fiquei pensando nos detalhes do resgate da Pony. Pelo que li, os homens armados que foram remove-la do recinto eram policiais-mercenários pagos/contratados por uma ONG protetora dos oragotangos (a Orangutan Survival Fundation). Não foi uma ação estatal e não se fez/faz nenhuma ação semelhante na cidade de Bornéu (e outras com vilas/casas do mesmo tipo) para libertar humanos em situações semelhantes.
Ainda poderíamos falar muito sobre tudo isso, infelizmente.

ilze disse...

Yúdice, tomei a liberdade de dar a dica do teu bog e desse tema para alguns amigos e amigas. Abraço
Ilze

Yúdice Andrade disse...

Agradeço a repercussão, Ilze. No geral, tento fazer deste um blog sério, por isso muito me interessa ter leitores de alto nível.
Deploráveis os exemplos que nos trazes e mais deplorável ainda é pensar que são corriqueiros. Nós nos surpreendemos quando alguém nos conta ou quando lemos algo pela imprensa porque vivemos nos nossos mundinhos, tentando nos proteger de tudo, e nossas mentes se apartam do mundo como ele é.
Penso que essas histórias deveriam ser contadas - não para fazer circo de horrores, como esses programas detestáveis de TV, mas de modo sério e humano, para a advertência dos vivos.
No mais, chamou a minha atenção o modo como Pony foi resgatada, o que implica em dizer que o problema da exploração sexual simplesmente não foi enfrentado: era apenas uma missão isolada de resgate e pronto. Tudo o mais fica como está, com o pleno conhecimento das autoridades. Sinal de que essa atividade econômica interessa também ao poder público.

Rosa Maria disse...

Olá,
Cheguei aqui pelas mãos da Ilze e gostei do que vi. Melhor dizendo, do blog!
O estupro faz parte do processo evolutivo dizem alguns estudioso e, como a prática é encontrada em muitos grupos de animais eu creio que faz parte mesmo da "condição" (aspas para relativizar) do macho que precisa dispersar seus gens...
Todavia, pelos humanos, a prática é utilizada como forma de opressão, sujeição, humilhação e transformação da vítima em objeto de uso e posterior descarte. Acho que a problemática é muito mais abrangente do que o viés feminista busca dar e também indesculpável mesmo que tenha bases evolutivas.
Finalizando porque as audiência do dia me chamam (inclusive a defesa dativa de um menor que praticou ato libidinoso diverso da conjunção carnal com uma menina de 7 anos), acredito que a humanidade caminha a passos muito lentos para a utópica, a tão esperada casca grossa de civilidade, pois, o verniz de civilidade que temos, se parte ao ser exposto a qualquer intempérie... Quando li o artigo não pude deixar de lembrar das tantas mulheres que foram violentadas no domo em que ficaram abrigadas após o furacão Katrina (Medo Líquido de Zigmunt Bauman), daquelas que foram violadas por seus pares nos campos de concentração; daquelas que são servidas como prêmio de guerra (seja para que exército for, ocidental tbm!!!) e, por fim, do que recomenda/sugere Steven Pinker em Tábula Rasa...
O ato em si não surpreende e nem choca, mas enoja!
Obrigada Ilze por me apresentar mais este presente!
Rosa Maria

Anônimo disse...

O modo de resgate é realmente muito surpreendente: primeiro, por ter sido por uma milícia, e não pelo Estado; depois, por ter sido uma milícia paga por uma ONG de proteção aos orangotangos, mas os direitos dos humanos envolvidos não despertarem a mesma ânsia de ação. Tudo isso só leva adiante o argumento que defendi do valor simbólico desse fato para o exame da situação dos humanos envolvidos em geral.

ilze disse...

Estás com toda razão, ANdré.
O papo em torno deste tema está rolando em um outro grupo, só de "garotas"(as que convidei a virem aqui ler o blog). Como já somos amigas de longas datas, fica-se mais a vontade de conversar lá e nao aqui. Bom, uma dessas amigas apontou a questão sob um angulo um pouco diferente, argumentando que ela acha que uma das coisas mais doentias que temos na sociedade humana é o sexo, apesar de estarmos sendo instruídos (após revolução cultural/sexual, feminismo, anarquismo, etc. este comentário é meu) para achar que "o sexo é lindo, divino, maravilhoso, etc... sempre que se fala em humilhação, escravização, submissão, doença mental,etc, voltamos ao foco sexual".
Pensando em Freud, Levi-Strauss e Foucault: Temos um tabu travestido de "está tudo bem/melhor", afinal, já podemos "falar a respeito" das nossas preferecias sexuais e podemos pratica-las. Tudo parece válido... contanto que não falemos do que realmente acontece.

Scylla Lage Neto disse...

Yúdice, o debate de elevado nível desencadeado pela postagem mostra o quanto o tema mexe em áreas cruciais do nosso psiquismo.
Do ponto de vista médico, bestialismo é uma doença, e requer tratamento transdisciplinar, inclusive medicamentoso.
A história de Pony nos mostra que esta terrível patologia pode ser bem mais frequente do que supomos.
Um abraço.