O brasileiro que tem alguma familiaridade com o noticiário nacional se acostumou ao nome Nicolau dos Santos Neto (notabilizado como "Juiz Lalau", o que me irrita destacar, mas fazer o quê? É o jeito mais fácil de identificá-lo), outrora presidente do Tribunal Regional do Trabalho, condenado por desviar pelo menos 170 milhões de reais das obras do portentoso prédio-sede daquele tribunal. O dinheiro foi empregado numa coleção de carros de luxo, apartamento em Miami com vista para o mar e outros mimos. Uma das maiores indecências já vistas por estas bandas.
Mas o réu era poderoso, então contou com todas as benesses do sistema. Seu caso é paradigmático no que tange às idas e vindas da prisão, pois devido a sua idade avançada e problemas de saúde, reais ou putativos, a todo momento ele seguia para prisão domiciliar, depois voltava para o cárcere e assim ficava, mais no domiciliar, naturalmente (é o tema da charge aí em cima). Ele voltou à mídia nos últimos anos porque foi cassada, mais uma vez, a prisão domiciliar e o STJ não acolheu o habeas corpus impetrado.
Hoje, temos a notícia de que finalmente transitou em julgado a primeira condenação de Nicolau. A primeira! Mas isso devido a uma ação penal iniciada em 2000. Achou muito? Os crimes foram praticados em 1990. São mais de 20 anos de ineficiência estatal. Algumas das acusações contra o sujeito envolvem processos ainda em andamento. E apenas uma parte do dinheiro desviado foi recuperada. De algum modo, o crime continua compensando.
É uma vergonha para qualquer nação, mesmo para o Brasil, que pouco faz para combater os seus desmazelos institucionais.
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