Com spoilers! Evite até olhar as imagens, se ainda pretende assistir e usufruir do fator surpresa.
Antes de mais nada, leia a primeira postagem que escrevi sobre o seriado, porque nela explico minha resistência ao tema zumbi.
Ontem, assisti ao último episódio da 3ª temporada de The walking dead. Como o seriado continua não sendo o de minha preferência, a despeito do entusiasmo de minha esposa, devo dizer que a conclusão da temporada foi realmente comovente, empolgante para quem aprecia o gênero. Teve a dose certa de ação mas, como convém ao tipo de produto, concentrou-se nos aspectos humanos e, nesse particular, foi muito bem sucedida. Esta é a sua riqueza, na verdade.
Como vimos em outros programas, alguns personagens são concebidos como pessoas absolutamente detestáveis e, por meio delas, temos o prazer de acompanhar evoluções morais profundas. Em Lost, vimos esse processo com os personagens Sawyer e Jin, mas os dois eram quase coroinhas perto do delinquente Daryl e, ainda mais, de seu irmão mais velho Merle. Típicos frutos de famílias desajustadas, cresceram convivendo com o abandono e a marginalidade, tornando-se crueis e utilitaristas ao extremo. Mas quando Daryl se integra ao grupo, parece tomado pela emoção de, enfim, possuir uma espécie de família, ainda que depois do fim do mundo. Merle não chega a tanto, mas é dele o episódio mais intenso de redenção, também comum em tramas do gênero. O penúltimo episódio termina com uma cena entre os dois irmãos, intensa e comovente.
Outra que se destacou nesta temporada foi Andrea. Irritante a maior parte do tempo, ganhou espaço este ano quando viu em Woodbury uma chance de viver um pouco em paz (quem poderia recriminá-la?), tornando-se amante e fiel escudeira do Governador, um psicopata descontrolado que enganou algumas dezenas de pessoas por bastante tempo, até se revelar. Tornou-se obsessiva em preservar vidas, o que acabou custando algumas, inclusive a dela mesma. No fim, foi com ela a sequência mais tocante, na qual até conseguimos simpatizar com a atriz monoexpressiva (inclusive quando fora do personagem).
A terceira temporada terminou confirmando que os produtores do seriado não têm o menor compromisso com a trama contada nos quadrinhos (segundo me diz a minha fonte). Chegou-se a um ponto em que não se sabe mais o que esperar, pois se na graphic novel o Governador arrasa o presídio e o grupo principal é obrigado a fugir, na TV é Woodbury que acaba vazia e todos os sobreviventes, de ambos os espaços, reúnem-se no presídio para prosseguir, juntos. Chegaram à conclusão de que não se pode abandonar ninguém: esta é uma exigência de humanidade.
O protagonista Rick, por sinal, recuperou a própria humanidade quando decidiu lutar por todos, novamente. A metáfora escolhida pelos roteiristas foi o fantasma de Lori, que o assombrou por um tempo, mas sumiu quando ele enfim recobrou a lucidez. Uma cena enfatizando a cruz sobre sua sepultura indica que ela se foi de vez.
Agora um novo grupo deverá seguir adiante, mas o Governador está por aí, em algum lugar próximo, fortemente armado e com dois capangas. Além de altamente motivados. Enquanto isso, uma nova ameaça se delineia: o pré-adolescente Carl parece estar migrando para as sombras. Executou sumariamente um jovem que se rendia e tenta justificar-se na necessidade. A quarta temporada promete, com dois perigos latentes. Resta-nos aguardar.
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