Uma pessoa que comemora a derrota de Dilma Rousseff, no pleito de outubro vindouro, como consequência da eliminação da seleção brasileira da copa, tem alguma consciência do tamanho da burrice que está dizendo?
Dilma é candidata e, como tal, pode perder a eleição, claro. Assim como qualquer seleção poderia ser derrotada. Qualquer uma. Mas se ela perder, com certeza absoluta será por uma gama de fatores que passam muito ao largo da copa do mundo. Terá a ver com política econômica, níveis de desenvolvimento, modelo de gestão, inexistência de políticas agrícola e ambiental, quadrilhagem superlativa da classe política, escândalos de corrupção, manipulação midiática, etc. Será por muita coisa, mas não por causa da copa.
Olhe para trás: nunca se disse que o resultado da copa tenha influenciado de modo perceptível qualquer eleição. Esta seria diferente, só porque o campeonato está sendo realizado aqui? Será mesmo?
Quanta tolice. E o pior é que tem gente comemorando desde já...
Um comentário:
Cara aluna anônima, optei por não publicar o seu comentário porque ele cita nominalmente terceiros e a vida me ensinou a ser cauteloso com atitudes que possam ser mal interpretadas. Em geral, não me importo com as queixas que me fazem aqui, mas há relações que precisam ser preservadas e respeitos mantidos. Tenho certeza de que você me compreenderá.
Agradeço a avaliação que teve de minha postagem. Também acho que esses e outros temas deveriam ser objeto de debates no meio acadêmico, porque, enfim, o direito existe para a vida e a nossa vida está permeada de situações que são definidas por regras jurídicas.
Seria legal se tivéssemos mesas redondas mais frequentes, não acha? Algo sem fórmulas amarradas, em linguagem corrente e sobre temas do momento. Poderia ser uma atividade curricular rotineira. Alunos e professores, com visões distintas, discutindo alguma questão palpitante do momento.
E reforçando algo que você falou, nos últimos anos passei a tomar o cuidado de deixar claro, quando emito uma opinião, que ela é apenas uma opinião minha. Porque o aluno tende a achar que, quando o professor diz "A", então "A" é verdadeiro. E nem sempre é assim. O pior é quando não tiramos as nossas vestes para emitir opiniões. Por exemplo: às vezes, o professor que é juiz faz afirmações que correspondem ao discurso judicial, mas não podem ser tomadas como um argumento de autoridade. Por outro lado, professores que são advogados tendem a ser mais liberais (no caso penal, mais garantistas). É disso que falo: há momentos em que precisamos nos despir da advocacia, da magistratura, do Ministério Público ou de outras funções que executemos, para sermos apenas professores. Nessa hora, temos que analisar o direito, não a nossa preferência, por mais legítima que ela possa ser.
Vamos pensar nessas mesas redondas? De repente, os próprios alunos podem propor algo para o curso. Abraço.
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