Por alguma razão que eu não saberia dizer, nunca vi A morte do demônio (The evil dead, 1981), um dos maiores títulos do gênero terror de todos os tempos, dirigido por Sam Raimi, posteriormente um cineasta respeitável, com pouquíssimos recursos. O filme, assim, padece de um problema bem comum nesse campo, que é uma mistura entre terror e tosqueira tão extrema, que é fácil esquecer o medo e pensar apenas na cafonice, no improviso, no ridículo e consequente humor involuntário. Até porque o estilo gore prevê muito sangue e outros fluidos corporais esguichando na tela e enchendo as pessoas de asco.
Eis que esta semana, com alguma surpresa, soube através de um dos canais da Sky que a obra foi refilmada e acabou de estrear nos Estados Unidos, com ótima bilheteria. As imagens fortes, particularmente dessa criatura demoníaca aí ao lado, que me pareceu verdadeiramente assustadora, chamaram a minha atenção.
Procurei informações e soube que Sam Raimi decidiu revisitar o passado, mas sábio que é, em vez de fazer tudo de novo, entregou a sua estória para outra equipe. Escolheu um diretor estreante em longas, o uruguaio Fede Alvarez e sequer assina o roteiro, escrito a seis mãos, pelo próprio Alvarez, por um certo Rodo Sayagues e pela famosa e controversa Diablo Cody (que vai de Garota infernal a Juno).
Uma crítica que li me deu água na boca:
Inicialmente, o grande diferencial é mesmo o tom. Esqueça o humor histérico/grotesco do filme de Raimi. Alvarez está nessa pelo choque. Através de efeitos práticos - que na tela ficam extremamente realistas -, o diretor uruguaio busca algumas das cenas mais graficamente intensas do terror recente. E tome caixas d´agua de sangue vomitado, lâminas cortando membros diversos, cérebros espatifados, unhas soltas e outras aflições violentas. Não há espaço para o alívio cômico, mas o tom 100% devotado ao gore acaba, como todo bom filme do gênero, tirando força dessa violência. Quando tudo é violento, perde-se o referencial. Ao menos para quem já não se impressiona com esse tipo de produção.
O novo A Morte do Demônio surpreende mesmo em seu terceiro ato, distanciando-se do original e dando ideias novas à série, que são coerentes com o todo e suficientemente interessantes. E se os trailers vendiam algo que parecia um reinício para Evil Dead, basta ficar atento para a cabana para perceber que na verdade trata-se de uma continuação (fique também até o final dos créditos). O curioso agora é ver como Sam Raimi, Bruce Campbell e cia. vão continuar a saga demoníaca com protagonistas (e tons) tão distintos.
Curti muito isso. O filme já está em exibição na cidade. Quem gosta?
Um comentário:
Eu, claro, verei!
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