sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Em casa, não ocorre


Os pais são tão carinhosos e orgulhosos da prole que não conseguem esconder tamanho amor. Abraçam, apertam, elogiam, beijam. Algumas famílias costumam adotar ainda mais uma forma de carinho: o selinho, um toque rápido de lábios. Aderir a essa prática é uma opção pessoal, mas a família precisa estar ciente que explicações serão necessárias, principalmente às crianças.
O selinho não tem uma relação estreita com a sexualidade, no entanto, é geralmente entendido como uma demonstração de carinho entre namorados. Para as crianças, pode ser difícil entender que o beijo nos pais é diferente. Segundo a educadora sexual e diretora executiva do Instituto Kaplan, Maria Helena Vilela, a família precisa deixar bem claro que se trata de um cumprimento carinhoso, e não um carinho romântico. No entanto, segundo a psicóloga e arte educadora Jéssica Fogaça, o selinho é uma forma interessante de demonstrar carinho, principalmente com as crianças pequenas, porque elas são mais suscetíveis ao toque [E eu não posso demonstrar o mesmo carinho beijando-as em outro lugar?!].
De acordo com Maria Helena, é comum que alguns pais brinquem e digam que são namorados dos filhos [Tenho uma conhecida que inventou esse papo e, a certa altura, a filha não queria que a mãe dormisse na cama, com o pai, pois ela é que era a namorada dele...]. Isso pode confundir as crianças, ainda mais aquelas que já passaram da primeira infância. Afinal, o chamado Complexo de Édipo é bastante comum entre quatro e cinco anos. Portanto, é muito importante explicar e deixar explícito como funcionam as relações maternal e paternal. A postura dos pais precisa deixar claro que se trata de um cumprimento, sem relação com o beijo romântico.
Segundo a psicóloga infantil Daniella de Freixo Faria, é provável que os pequenos que dão selinhos nos pais também tentem beijar outras pessoas. Afinal, para elas, não faz sentido demonstrar carinho dessa forma só com a família, se também gostam de seus amigos, por exemplo. Portanto, é importante explicar que é um hábito social incomum.
Com o tempo, pode ser que a criança recuse ou se mostre constrangida ao dar um selinho nos pais. Nesses casos, segundo Maria Helena, o ideal é que a família não force e respeite a decisão. Afinal, como Daniella salienta, há diversas outras formas de demonstrar carinho. Às vezes, uma palavra amiga ou um olhar podem até ser mais valiosos.
De acordo com Daniella, a confusão dos filhos pode se tornar mais evidente quando eles crescerem e derem o primeiro beijo. A partir desse momento, o selinho passará a ter uma conotação diferente para eles, apesar de já saberem socialmente que há uma diferença. Além disso, segundo Jéssica, o mais importante é que os pequenos descubram qual é a forma com que se sentem mais à vontade para demonstrar carinho.
Além dos fatores psicológicos envolvidos, o selinho também requer alguns cuidados de saúde. Isso porque alguns tipos de viroses, como a catapora, a herpes e a gripe, podem ser transmitidas por meio do beijo. Segundo o primeiro-tesoureiro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcos Antônio Cyrillo, tanto o selinho quanto o assoprar da comida da criança pode transmitir micro-organismos, pois inúmeros tipos de bactérias e afins alojam-se na região bucal. Assim, o melhor é evitar dar selinhos se há a suspeita de alguma doença. E, claro, não forçar a barra se a criança estiver desconfortável com esta demonstração de carinho.

Fonte: http://mulher.terra.com.br/vida-de-mae/selinho-entre-pais-e-filhos-pode-confundir-a-crianca,679b3ac801efc310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Lá em casa, desde sempre, ensinamos a regra. De forma bem humorada, dizemos "na boca não". Júlia entendeu bem. Eu não critico, mas não gosto.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

#Queroverteracabeçanolugar

Quem me viu execrando o uso de hashtags no Facebook não precisa acusar-me de incoerência. Creio que o título desta postagem será esclarecido adiante.

Há alguns dias, tomei conhecimento da campanha publicitária da Gillette, que agora assume publicamente seu objetivo de fomentar a prática do body shaving (depilação) masculino. E o faz por meio de um argumento surpreendente: mulheres preferem homens lisinhos. Surpreendente porque não se sabe de onde se tirou essa informação. Acaso foi realizada alguma pesquisa sobre preferências femininas? Quando? Onde? Com qual abrangência? Sob qual metodologia?

Aliás, sabemos sim de onde saiu a informação: de um propósito raso e mesquinho, bem inerente ao capitalismo, de fazer o que for preciso para aumentar as vendas da empresa que inventou o modismo. Estabelecido o objetivo, apela-se para os maneirismos próprios da publicidade, tais como explorar a imagem de um artista em evidência no momento (o sulcoreano Psy) e a vala comum da mídia brasileira: a exploração da sexualidade, por meio de clichês que nunca saem de cena apesar de desgastados. Colocam-se, então, três mulheres gostosonas (e também muito conhecidas do público), obviamente reduzidas a objeto  consumível pelo público masculino, para defender a barbaridade tratada como imperativo categórico: mulheres preferem homens lisinhos.

Não duvido que haja muitas mulheres apreciadoras de homens lisinhos (assim como homens que gostam de outros homens lisinhos). Questão de gosto, simplesmente. Eu gosto de mulheres de cabelo comprido, enquanto outros gostam de ver a nuca exposta. Eu, como já declarei aqui no blog, gosto de mulheres de pele clara e cabelos escuros, enquanto outros são alucinados por louras. E por aí vai. Nenhum problema quando isso é uma preferência pessoal. O problema surge quando um féla qualquer inventa um valor, um gosto, uma exigência, uma necessidade, e as pessoas embarcam na onda. Assim agindo, elas se mostram massa de manobra, gente vazia e pronta a ser levada para onde os mais espertos desejem.

E agora a fabricante de lâminas resolveu que homem bonito (e pegador, claro, porque é isso que conta) tem o peito lisinho, tratando a característica como uma premissa inquestionável. O resultado foram queixas no sentido de que a campanha vende a imagem de homens peludos como sendo nojentos. Nunca vi o tal filme, por isso não sei como ele realmente é, mas o fato é que o protesto foi formalizado perante o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária  CONAR e já virou um processo. Em tese, pode haver uma punição. Antecipando-se a mais agitação, a Gillette já tirou o filme do ar.

O que me enoja na campanha da Gillette não é propor que as pessoas tenham ou não pelos, mas sim a manipulação. Repugna-me a manipulação até mais do que a imposição de um padrão estético. E de um padrão estético que eu, pessoalmente, acho ridículo. Ainda que não todos, homens têm pelos no peito e em outras partes do corpo. A natureza nos fez assim, como nos fez com um nariz no meio da cara que, convenhamos, é um negócio bastante esquisito. Mas ele está lá. Eu lamento pelos negros que pretendem tornar seus traços mais arianos, assim como pelos orientais que sonham em ocidentalizar os olhos. Mas quem cede às babaquices da indústria da moda e da beleza eu não lamento: eu repudio.

Na matéria cujo link indiquei, uma comentarista diz à Gillette que antigamente as mulheres tinham mais pelos do que necessário e agora se depilam mais. Mais pelos do que o necessário? Como assim? A imposição de padrões estéticos é tão agressiva que as pessoas realmente passam a acreditar neles como uma necessidade. Pelos existem para proteger o corpo, notadamente os genitais. De um modo geral, as pessoas não gostam de touceiras no meio das pernas (eu, inclusive), mas daí a concluir pela depilação total vai uma larga distância. Uma distância percorrida pela indústria. Hoje as mulheres se depilam demais, quando não integralmente. Para mim, isso estimula a pedofilia.

A babaquice é tanta que, nos últimos anos, vem-se impondo um novo padrão de beleza masculino: imberbe, andrógino. Parece que a obsessão por homogeneizar os seres humanos chegou ao nível de reduzir as distinções entre homens e mulheres. Agora, valoriza-se um Justin Bieber, um Luan Santana e seus corpitchos magrinhos, lisos e metidos em roupas bem coladinhas, encimadas por penteados patéticos. Funciona se você está em cima de um palco ou de uma passarela, mas não na vida real. Para mim, também isso é coisa de pedófilo.

Encerro este protesto com uma declaração que pode aborrecer alguns, mas enfim, este é o Arbítrio do Yúdice, não é? Então lá vai: Você, homem, é atleta? Pratica natação e precisa reduzir o atrito do corpo com a água? É lutador e precisa exibir músculos bem definidos? Precisa proteger-se em esportes que envolvem contato corporal e sabe que arrancar pelos pode doer muito?

Se você respondeu negativamente aos questionamentos (meramente exemplificativos) acima, não existe uma boa razão para você se depilar. Eu estou plenamente disposto a não respeitar um homem que resolveu se depilar para ceder ao Gillette way of life.

Qual é a próxima babaquice que vão inventar?

Saiba mais sobre o CONAR nesta postagem.

Professor emérito

Reitor do Cesupa receberá título de professor emérito na UFPA.

A Universidade Federal do Pará (UFPA) concederá o título de professor emérito do seu Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) ao reitor do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), doutor João Paulo do Valle Mendes. A cerimônia de premiação será presidida pelo reitor da UFPA, Carlos Maneschy, e ocorrerá nesta quinta-feira, 21, às 17h, no Centro de Eventos Benedito Nunes da UFPA.
João Paulo do Valle Mendes é médico graduado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, no ano de 1954; pós-graduado pelo Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 1959; e especializado na área de Ginecologia pelo Hospital das Clínicas da USP. Em sua trajetória, foi presidente e vice-presidente, em vários mandatos, da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM); diretor do Centro de Ciências Biológicas da UFPA, de 1975 a 1980; e vice-reitor da UFPA, de 1981 a 1985.

Honra - O título de professor emérito irá compor, com destaque, a lista de mais de vinte premiações de honra recebidas pelo doutor João Paulo, fundador do Cesupa. Trata-se da maior Comenda Universitária conferida pela UFPA a professores já aposentados, que atingiram alto grau de projeção no exercício de sua atividade acadêmica. Para o homenageado, o seu desempenho destacado no ensino, na pesquisa, na extensão e na gestão universitária deve ter influenciado a concessão da honraria.
“Ao longo de minha extensa e profícua trajetória profissional, que segue até hoje sem interrupção, creio que alguns registros foram merecedores de destaque e significativo reconhecimento. Sempre procurei exercer as funções que me foram confiadas – públicas e privadas – com zelo e dedicação, realizações que, em seu conjunto, devem ter fundamentado a iniciativa da UFPA em conferir-me tão substantiva honraria”, avalia.

Contribuições - Dentre as contribuições de João Paulo do Valle Mendes para a construção da história da UFPA, destacam-se:  atuação decisiva para o reconhecimento de diversos cursos da UFPA;  implantação do Programa de Aperfeiçoamento Docente dos Profissionais da Saúde (PAPPS); promoção de parcerias com diversas universidades brasileiras para o desenvolvimento de programas de mestrado e doutorado; implantação dos novos laboratórios de Fisiologia, Farmacologia, Biologia Molecular, Bioquímica, Imunologia e Genética Familiar; equipagem e início do funcionamento do Biotério da UFPA; implantação do Laboratório de Oceanografia Biológica; implantação do Programa de Melhoria de Ensino de Ciências e Matemática, do qual resultou o Clube de Ciências da UFPA, hoje Instituto de Educação Matemática e Científica (Iemci); implantação do Núcleo de Tecnologia Mineral (Nutem).
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação da UFPA

Nosso reitor receberá esta grande honraria no dia de hoje, da Universidade Federal do Pará. Estarei presente, com minha esposa, também ela professora do CESUPA.

Mas não vamos porque professores da instituição, simplesmente. Vamos porque temos no Dr. João Paulo uma das maiores referências do que é ser um grande e bem sucedido profissional. Porque esse é um dos (raros, provavelmente) casos em que a homenagem é indiscutivelmente merecida e esta opinião é compartilhada por todos que conhecem o homenageado. 

Vamos também porque, nesses anos todos, não houve uma só ocasião em que ele não se dirigisse a nós com mais do que a sua educação muito acima da média: dirige-se a nós com o carinho de um avô e com o respeito de quem enxerga a todos como peças importantes no complexo tabuleiro de uma instituição de ensino. Vamos porque, oito anos atrás, ele compareceu ao nosso casamento no dia em que chegara de viagem e, mesmo cansado, foi-nos dar o seu abraço. Vamos porque, no mês passado, durante uma aula da saudade, ele me disse palavras que me tocaram profundamente.

Vamos porque nossas vidas estão relacionadas ao CESUPA por todos os lados, desde o fato de ter sido o local onde nos conhecemos, além de ser onde estudamos, trabalhamos, fizemos importantes amizades, construímos carreiras. E porque um grande comandante faz o barco navegar por bons caminhos.

Para o nosso reitor, minha homenagem vai na voz de Plácido Domingo, entoando a belíssima ária principal da ópera El Cid, de Jules Massenet (vídeo no YouTube):

Letra (vale a pena se interessar pela tradução):


Ah! tout est bien fini.
Mon beau rêve de gloire,
mes rêves de bonheur
s'envolent à jamais!
Tu m'as pris mon amour,
tu me prends la victoire,
Seigneur, je me soumets!

O souverain, o juge, o père,
toujours voilé, présent toujours,
je t'adorais au temps prospère,
et te bénis aux sombres jour.
Je vais où ta loi me réclame,
libre de tous regrets humains.
O souverain, o juge, o père,
ta seule image est dans mon âme
que je remets entre tes mains.

O firmament azur, lumière,
esprits d'en haut, penchés sur moi,
c'est le soldat que désespère,
mais le chrétien garde sa foi.
Tu peux venir, tu peux paraître,
aurore du jour éternel.
O souverain, o juge, o père!
Le serviteur d'un juste maître
répond sans crainte à ton appel,
O souverain, o juge, o père!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Passo a passo

Esta é uma fase de alegrias. Dia desses, nossos ex-alunos, eternos alunos, colaram grau. Foi um dia feliz, de muitos sorrisos, abraços, homenagens e anelos para o futuro.

Depois veio a festa de formatura (para alguns, ainda não, mas é questão de dias). O que dizer? É uma festa, é celebração. Muitos sorrisos, abraços, homenagens e anelos para o futuro.

E hoje, por fim, para boa parte deles, a cerimônia de juramento que os investe na condição de advogados. Vejo-os pelas fotos nas redes sociais. Estão exultantes, belos e conscientes de que a carreira agora começa para valer. A inserção no mercado não é fácil e, lamentavelmente, nem sempre é ditada pelo mérito. Mas quem tem mérito pode largar na frente e, em todo caso, encostar a cabeça no travesseiro à noite e dormir em paz.

Já faz um tempinho que vivi experiência semelhante, por isso sei como é. É a vida acontecendo, se realizando e abrindo possibilidades. É uma experiência maravilhosa. E como tenho feito sem parar já há algumas semanas, eu os abraço e lhes desejo um futuro que lhes permita ser tudo o que eles nasceram para ser.

Avaliação acadêmica

Todos os semestres letivos, a comunidade acadêmica é convocada a participar da auto-avaliação institucional. Mais do que uma exigência do Ministério da Educação, é uma importante ferramenta de autoconhecimento, que tem orientado mudanças concretas e permitido melhorias visíveis em nossas práticas e mesmo em nossos espaços acadêmicos.

No que tange à avaliação dos alunos a respeito dos professores, há um formulário com itens a serem avaliados em níveis de aprovação/desaprovação, que gera um resultado percentual. São os primeiros resultados que recebemos. Mas há, também, um campo para que o aluno escreva um texto livre. Essa parte é a mais contundente porque, embora o número de estudantes que lançam mão desse recurso seja mínimo (o que é uma pena), uma análise espontânea e posta em termos reais mexe muito mais com o nosso autojulgamento.

Recebi a minha avaliação referente ao semestre letivo passado há alguns dias. Hoje, minha esposa me mostrou a dela. Compartilhamos nossos documentos um com o outro, claramente satisfeitos com o que constava deles. Como havia uns elogios por lá, de modo algum tornarei pública a avaliação, porque acho muito pernóstico esse negócio de publicar algo só para disparar reações de homenagens nos eventuais leitores. Minha satisfação, e a de minha esposa, decorre do fato de sermos professores por escolha e por destinação natural, realmente apaixonados por essa carreira. Se há reconhecimento, portanto, a sensação é de júbilo.

Mas eu não tenho jeito. De todas as manifestações recebidas, a que ficou na minha cabeça foi uma que acendeu um sinal amarelo. Uma impressão curiosa, sobre a qual eu gostaria de saber mais, contudo isso não é possível, já que as manifestações são anônimas (muitos alunos não escrevem por temer que seus nomes serão revelados aos professores e isso, definitivamente, não acontece). Fico me perguntando o que exatamente levou o aluno a ter aquele sentimento e só posso concluir que compete a mim impedir que isso ocorra. É difícil, porém, estabelecer metas sem saber de onde a coisa vem. Mas recomenda maiores cuidados no modo de interagir com as turmas.

A auto-avaliação institucional é fundamental para toda a comunidade acadêmica. Ela realmente permite uma compreensão mais realista do que estamos fazendo e nos aponta os caminhos onde podemos melhorar. Onde todos podemos melhorar, inclusive os alunos, que são avaliados rotineiramente quanto aos conteúdos e habilidades. A partir daí, compete a cada qual decidir o que fazer com aquilo que se sabe.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

História e ciência

Com grande surpresa, porque realmente não tinha a menor ideia de que a pesquisa estava em andamento, soube hoje dos esforços que estão sendo empreendidos com os restos mortais de três membros da antiga família imperial brasileira, inclusive Dom Pedro I. A pesquisa reúne duas paixões minhas, indicadas no título desta postagem, e é inédita no país. Espero, sobretudo, que seja um divisor de águas e outras semelhantes sejam realizadas.

O rosto de dona Amélia, em detalhe de foto
do pesquisador Victor Hugo Mori
Dado o grande interesse histórico, é o principal assunto do dia. Encontrei, no site do Estadão, um especial muito interessante (clique aqui), dando detalhes dos procedimentos realizados e exibindo imagens instigantes. Já se fala até em criar, em futuro próximo, um holograma do imperador, bastante fidedigno, que poderia talvez saudar os visitantes do Museu Imperial.

Independentemente das aplicações sofisticadas, a pesquisa é valiosa em todos os sentidos. Eu, que já me encantei só por ver um chumaço dos cabelos da Princesa Isabel, no Museu do Ipiranga, fico empolgado de pensar que conheceremos o verdadeiro rosto dessas pessoas, que poderão ser feitas reproduções em tamanho real e que, por meio dos achados arqueológicos, poder-se-á compreender um pouco melhor o estilo de vida que a família imperial mantinha.

Enfim, a pesquisa está em andamento e é difícil, por enquanto, estimar os seus benefícios. Mas é o tipo de empreendimento que sem dúvida põe em polvorosa os estudiosos que podem realizá-lo. Imagine a alegria de profissionais e acadêmicos tendo acesso a esse material.

Parabéns ao Brasil por, finalmente, investir dinheiro no que presta. E, como disse antes, que essas iniciativas sejam renovadas, porque há muitos acontecimentos históricos que precisam ser revistos e que podem lançar melhores luzes sobre o que realmente é este país.

Em complemento:

  • http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,dez-verdades-sobre-a-familia-imperial-que-nao-estao-nos-livros-de-historia,998368,0.htm
  • http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,para-principe-estudo-desmente-versao-de-historiadores-malevolos-,998547,0.htm
  • http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,mumia-de-imperatriz-surpreende-pesquisadores,998381,0.htm
  • http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,oito-centimetros-impediram-sepultamento-de-pedro-i,8904,0.htm

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Twitterítica XXVIII


Fico impressionado como as pessoas querem ser politicamente ativas em sociedade por meio de ideias tolas!

A blogueira cubana


A blogueira e ativista política cubana Yoani Sánchez foi recebida com protesto por um grupo de cerca de 20 pessoas no aeroporto internacional de Recife, na madrugada desta segunda-feira.

Yoani desembarcou por volta da 0h30 no portão norte do aeroporto e foi seguida pelo grupo até o portão sul. No caminho, os manifestantes leram uma carta aberta na qual diziam que o blog dela é um meio de desinformação e que faz uma campanha anti-Cuba. Eles também jogaram dólares falsos na direção da blogueira.

O protesto não aborreceu a blogueira que disse que gostaria muito que em seu país as pessoas pudessem fazer o mesmo. "Foi um banho de democracia e pluralidade, estou muito feliz e queria que em meu país pudéssemos expressar opiniões e propostas diferentes com esta liberdade", disse.

No aeroporto, Yoani também foi recebida por Dado Galvão, diretor do documentário "Conexão Cuba Honduras", no qual é entrevistada, e cerca de dez pessoas, entre elas, o blogueiro cubano George Hernandez Fonseca, que vive no Pará.

A visita é a primeira de uma série viagens que começa pelo Brasil e a levará também a República Tcheca, Espanha, México, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Peru entre outros. Nos últimos cinco anos, Yoani havia recebido mais de 20 recusas para poder viajar ao exterior.

Para ler a reportagem completa, clique aqui.

Foto de Edmar Melo/EFE
É importante destacar que sou esquerdista, socialista e invocado. Mas preciso dizer que só mesmo esquerdistas invocados de outro gênero, que não o meu, para se dar ao trabalho de ir ao aeroporto, em plena madrugada, para protestar contra essa moça, entoando esse discurso de glorificação de Cuba. O discurso é velho, as técnicas são velhas e tão equivocadas que, provavelmente, seu maior efeito foi o de dar maior visibilidade a Sánchez, cuja carinha feliz bem demonstra o quanto ela saiu beneficiada, capaz inclusive de dizer as lindas palavras que disse.

Não quero fazer nenhum juízo de valor sobre o papel de Cuba ou do imperialismo americano no mundo. Isto pediria uma dissertação histórica e política que eu nem tenho cacife para realizar. Ouso afirmar, apenas, que essa tática não funciona mais há muito tempo e, provavelmente, apenas reforçará na classe média brasileira os estereótipos e preconceitos contra quem defende posições políticas de esquerda. Um tolo e desnecessário tiro no pé.

Acho importante Yoani Sánchez sair pelo mundo. Personagem altamente controversa, pelas paixões extremas que desperta a Questão Cuba, a possibilidade de vê-la e ouvi-la talvez seja a melhor forma de avaliar suas reais intenções. Deixem-na falar, pois!

***

Sabemos que há algo de muito errado no mundo quando uma pessoa chega ao Brasil e elogia a velocidade de nossa Internet...

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Mudanças a caminho

Durante quase uma década e meia, uma prima de Óbidos morou na casa de minha mãe. Como tantos outros paraenses do interior, veio à capital para estudar e tentar melhores opções do que sua cidade natal permitia. De tanto tempo que ficou, obviamente se tornou um capítulo importante em nossas vidas, porque esteve presente em tudo que aconteceu nesse período.

Agora, formada, mas à procura de uma ocupação, como tantos brasileiros, deparou-se com a possibilidade de se especializar em Manaus, onde mora um irmão. A decisão foi tomada no começo do ano, mas somente há poucos minutos foi comprada a passagem. Assim, a partida agora tem dia e hora, tornando-se concreta como antes não era.

Tornou-se necessário explicar para Júlia sobre a mudança e suas implicações, até porque agora é coisa de apenas duas semanas. Júlia é louca por ela e reagiu com um princípio de choro, logo controlado. Acho que a ficha ainda não caiu exatamente. Teremos que lidar com isso em breve. Teremos que lidar, sobretudo, com minha mãe e sua incapacidade hiperaguda de aceitar mudanças, sua convicção de que ninguém pode ir além de seu portão. Sentimentos desbragados de alguém que, já na casa dos 70, tem dificuldades particulares de enfrentar o que considera como perda.

Na verdade, a prima era a companhia mais constante de minha mãe que, com a mudança, passará a maior parte do dia sozinha em casa. E ela simplesmente odeia ficar só. Portanto, há outras questões a nos preocupar, algumas bastante práticas, mas acima de tudo as emocionais.

Esta, enfim, é a vida. A todo momento nos conclama a mudanças, a lançarmo-nos rumo ao desconhecido, em busca daquilo que anelamos para o nosso futuro. Só podemos desejar toda a sorte e sucesso a nossa prima. Que seus planos se realizem e ela seja muito feliz.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

As quadrilhas dos estacionamentos

Há pouco tempo, vi pelo Facebook algumas pessoas reclamando do Shopping Boulevard, que aumentou o preço do estacionamento, de 4 para 4,50 reais, ao mesmo tempo em que reduziu o tempo de permanência de 4 para 3 horas. Como manda o capitalismo, o dono do espaço mandou aumentar porque estava a fim e pronto, sem qualquer esclarecimento ao público porque, afinal de contas, empresários não devem satisfações aos seus clientes. Ninguém é obrigado a ir lá, então se foi, engula as condições. Não é assim?

Trata-se do shopping mais bem afamado da cidade, central, então as pessoas não deixarão de frequentá-lo. Não haverá a menor retração de procura. A única mudança, portanto, será o aumento da arrecadação. Talvez os proprietários queiram se ressarcir dos investimentos feitos com a expansão do empreendimento. Capitalismo é isso: o objetivo é que, aconteça o que acontecer, alguém pagará a conta para mim.

Mas o Boulevard não é o único local, em Belém, onde o cara do guichê de estacionamento anda puxando arma e anunciando assalto. Ontem, fui a um baile de formatura no Hangar, onde desde sempre o estacionamento cobra uma taxa única, até recentemente de 5 reais. Ontem, cobraram-me 10. Um reajuste de 100% sem qualquer justificativa conhecida. Talvez seja o repasse de aumento de salários, mas o acumulado do período não chegou a 100%. Além disso, não houve qualquer melhoramento no local e nem no serviço. Você continua procurando sozinho uma vaga (há funcionários direcionando os carros só na via principal) e pegando sol ou chuva, se for o caso.

De quebra, os cretinos colocaram correntes, cones e faixas limitando o acesso a um único ponto, restringindo a mobilidade de todos. Para quê?

O Hangar é um espaço público, administrado por uma organização social, e por isso mesmo deve satisfações à sociedade sobre os seus atos. Mas é claro que ninguém dará satisfação alguma e tudo ficará por isso mesmo. Afinal, somos brasileiros e, pior ainda, somos paraenses. Que mal há se todo mundo avança com cada vez maior voracidade sobre o nosso bolso, onde quer que estejamos?

Sabe aquela velha piadinha do cara que teve a carteira roubada e não fez nada porque o ladrão estava gastando menos do que a mulher dele, no cartão de crédito? Pois é. Dia chegará em que, para tudo o mais, o ladrão acabará sendo o menor dos prejuízos. Deus não permita.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Adeus a Ronald Dworkin

Estava em plena aula inaugural da segunda turma do mestrado em Direito do CESUPA, ontem à noite, quando tomei conhecimento do falecimento, em Londres, aos 81 anos, de Ronald Myles Dworkin, jusfilósofo estadunidense que exercia o magistério tanto em seu país de origem quanto na Inglaterra.

Cara de avozinho e vestes mal ajambradas,
como os clichês sobre professores
de filmes americanos
Nascido em 11 de dezembro de 1931 em Providence, Rhode Island, tornou-se um dos maiores teóricos do direito, deixando uma alentada bibliografia que se tornou referência no mundo todo — inclusive para os intelectuais de orelha de livro e para os que citam a citação da citação sobre o pensamento do autor. Para estes, dizer "segundo Dworkin" no meio de uma frase é um verdadeiro deleite, uma breve demonstração de erudição, principalmente se na sequência começar uma explanação sobre princípios. Surgiu até uma piadinha por causa dos que escrevem o nome errado  Dworking , como se fosse um verbo. Ficar dworkando não deixa de ser um bom sintoma desses recalques.

No semestre passado, no mestrado, tivemos a disciplina Pensamento jurídico contemporâneo, cuja proposta era estudar os grandes nomes do direito nos últimos 60 anos. Claro que Dworkin era um dos nomes da agenda. Aliás, já fora desde o processo seletivo.

Algo que nosso professor sempre destacava era o privilégio de estudar autores vivos e plenamente na ativa, podendo conhecer as respostas que eles mesmos davam aos seus críticos e o aprofundamento de suas teorias, graças a estes. Mas eis que, ontem, o produtivo Dworkin virou essa página. A notícia me causou uma sensação de estranheza, do tipo que sentimos ao saber do falecimento de alguém que um dia desses passou por nós e apertou a nossa mão.

Tenho apenas um conhecimento superficial sobre o pensamento dworkiniano, mas sei que ainda vamos nos esbarrar muito, pelo resto de minha vida acadêmica e profissional, pelo muito que ele legou à filosofia jurídica, num mundo em que se discute cada vez mais os modos de solucionar os casos difíceis, num mundo cada vez mais repleto deles.

Leia uma veemente homenagem a Dworkin, na perspectiva da promoção de direitos através dos movimentos sociais.

Doce colaboradora

Graças a Deus, temos uma filha adorável. Todos os dias, quando a acordamos para a escola, ela compreensivelmente vira para o lado e tenta ficar por ali, mas basta a nossa presença para que se espreguice, comece a conversar (aquela ali fala pelos cotovelos até durante o sono!), a sorrir e a brincar conosco. Em poucos minutos passa da letargia à atividade. Ajuda-nos a arrumá-la e logo está pronta. Quando o transporte escolar chega, sempre se apresenta risonha e bem humorada.

Em suma, se pudesse continuar a dormir, dormiria; se precisa ir à escola, vai sem problemas. Principalmente às sextas, que é o dia do brinquedo. Ao menos nesse aspecto, nossas manhãs começam sem aperreios. Se ela fosse dessas crianças que fazem um inferno para levantar, não sei que rumos teríamos tomado. Mas felizmente não é o caso.

Isso nos traz uma outra grande vantagem: construir a ideia de escola como um lugar onde se vai com prazer, o que certamente se entranhará em sua consciência e há de render frutos. Nesse particular, naturalmente há grandes méritos da escola, que conseguiu ser esse espaço feliz para nossa Júlia. Eu me despeço dela me lamentando por ficarmos tão pouco juntos no começo do dia, mas me reconforta saber que está em boas mãos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Começou?

Aqueles que insistem em apregoar que o ano só começa depois do carnaval acabaram de perder a sua desculpa. Já foi, já era, acabou. Agora é se escorar no rescaldo, porque esta semana tem apenas dois dias úteis, mas no máximo a partir da próxima segunda, 18 de fevereiro, só restará mesmo a dura realidade.

De minha parte, que não funciono sob esse código, acho legal uma semana ter apenas dois dias úteis. Mas não começar numa quinta. As quintas-feiras deste semestre letivo são terríveis para mim...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Um sonho que jamais será realizado


Piano = português/ inglês, francês, espanhol = piano /italiano = piano ou pianoforte/alemão = Klavier. 

O piano é um instrumento de cordas percutidas por pequenos martelos cobertos com feltro acionados por um teclado, a parte mais visível do instrumento. O instrumento evoluiu durante muitos anos, a partir do clavicórdio, e uma das datas importantes é 1702, com a invenção na Itália, por Bartolomeu Cristofori, do "clavicembalo con il piano e il forte", que foi chamado algum tempo de 'fortepiano', depois de pianoforte e simplificado para piano. 

O piano pode ser encontrado com as cordas dispostas de duas formas básicas: horizontal ou vertical. Com as cordas horizontais temos um piano "de cauda", mais encontrado em salas de concerto; com as cordas verticais encontramos o piano "de armário", mais prático para as residências. O número de notas é o mesmo, mas a sonoridade do "piano de cauda" é mais consistente e potente. Os pianos de cauda variam de tamanho, podendo ser encontrados de "cauda inteira" (tendo entre 2,10 - 2,80 m. de comprimento), de 3/4 (três quartos de cauda), meia-cauda (entre 1,40 e 1,50 m.) e até 1/4 (um quarto) de cauda. 

São geralmente afinados com a nota Lá3 tendo 440 Hz. (vibrações por segundo) e a partir desta são afinadas as outras notas de forma temperada (entre uma oitava e outra divisão de 12 notas com diferença de altura de som de 1/2 tom entre cada uma delas). Possui pelo menos 2 pedais que podem prolongar a duração dos sons ou abafá-los. 

Pelas possibilidades técnicas e força dinâmica do instrumento, sua difusão foi rápida e o repertório para ele escrito também. O instrumento possibilitou também o aparecimento mais vigoroso do artista individual, o solista. Todos os grandes compositores ocidentais dedicaram obras que firmaram o instrumento no campo musical. Haydn (1732-1809) e Mozart (1756-91) viveram numa época de transição entre o antigo clavicordio e o piano mas tem obras importantes executadas no instrumento. Múzio Clementi ( (1752-1832) ajudou na fixação do tipo de obra apropriada ao instrumento assim como Karl Czérny (1791-1857). Beethoven (1770-1827) elevou seu uso quase ao máximo, tornando-o "orquestral". 

Seguem-se Schubert, Mendelsohn, Schuman e o que chegou a perfeição entre obra, recursos e instrumentista, Frédéric Chopin (1810-49). Contemporâneo a ele e consagrado como o maior pianista de todos os tempos temos Franz Liszt (1811-86). Outros nomes destacados são Brahms, Grieg, Albeniz, Ravel, Debussy, Scriabin, Prokofief e Rachmaninof e Bela Bartok. 

No século XX o instrumento tornou-se mais acessível e músicos populares se destacaram compondo e executando, principalmente nos Estados Unidos, com destaque para Scott Joplin (autor de 'ragtimes'), George Gershwin, e artistas de jazz como Oscar Peterson, Duke Ellington, Bill Evans e Chick Korea. No Brasil destacam-se na música erudita Alexandre Levy, Henrique Osvald, Villa-Lobos e Souza Lima ; na música popular Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Cesar Camargo Mariano e Wagner Tiso.

Fonte: http://www.music.art.br/almanac/alminstr/piano.htm

Sempre tive a impressão de que eu seria uma pessoa diferente se soubesse música. Obviamente, não sei em quê, mas deve haver alguma diferença quando se alcança algo que sempre pareceu importante. Dentre as inúmeras opções, e embora eu prefira o violino, o piano tem um encanto especial. Certa vez, disseram-me que é por ser um instrumento mais completo, mais versátil do que os outros. Imagino que seja, mas independentemente de qualquer coisa, há um charme único em se sentar em frente ao elegantíssimo engenho e arrancar dele notas vivas.

Como sempre me inclino ao que há de mais caro, não me impressiono com os pianos de armário. Gosto mesmo dos de cauda (e não calda, pelo amor de Deus!). Tempo desses até dei uma de engraçadinho e pedi preços a uma empresa. Posso lhes dizer que os preços começavam na casa dos 60 mil reais. Sem dúvida vale, mas enfim...

Antes que os amigos, gentis como sempre, venham me dizer que sempre é tempo, que quando queremos muito uma coisa podemos tê-la, etc., sei que ainda posso aprender piano, muito embora eu não tenha conseguido dedilhar sequer o violão que comprei há tantos anos. Posso aprender, mas não tenho hoje condições de me dedicar a esse estudo. E se o fizesse, ainda assim o tal sonho a que alude o título da postagem não seria realizado, pela singela razão de que o tempo não pode voltar atrás.

Gostaria, ao menos, que os concertos voltassem a esta cidade. Já seria um alento poder assistir a eles.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Confiar

Várias foram as recomendações para que eu visse o filme Confiar (Trust, dir. David Schwimmer, 2010), inclusive de publicações jurídicas. O tema não poderia ser mais atual: uma adolescente de 14 anos é cooptada por um sujeito de mais ou menos 35 em salas de bate papo. Ele se faz passar por um garoto de 16, depois vai aumentando a idade e administrando a surpresa da menina, até que ocorre o encontro e, nele, o ato sexual.

Você já começa o filme sabendo que vai se sentir mal ao longo da exibição, mas há elementos nele que tornam a sensação pior. Logo de cara, o que se vê é uma família de classe média muito bem ajustada, com pais presentes na vida de seus filhos e estes, por sua vez, bem educados. Em vez do tradicional perfil de jovens aborrecentes e perenemente envergonhados dos pais, eles são carinhosos e receptivos. Annie, a protagonista, faz toda a família saber de seus contatos com o tal de Charlie e mostra para a mãe o sutiã audacioso que comprou por influência de uma patricinha da escola.

Ou seja, não faltou educação familiar, apoio, amizade. Os Cameron vivem brincando uns com os outros e se nota que são felizes como família. Nada disso, porém, impede o que está por vir. A sensação que isso provoca não é nada confortável.

Aí vem Charlie, na verdade um professor de Física, casado, como se descobre depois. Obviamente um manipulador nato, ele leva apenas dois meses para enredar Annie em sua teia. Consegue vencer em questão de minutos o susto da garota ao descobrir que ele tem 20 anos e depois 25, ao mesmo tempo que insiste em jogos sexuais por telefone. Quando se encontram e ela vê que um homem bem mais velho, recorre habilmente ao discurso de pensei que você fosse mais madura para perceber que, quando duas pessoas estão conectadas como nós, essa coisa de idade simplesmente não importa. E aí touché!

Acredito que a notoriedade do filme foi estimulada pelo modo didático como aborda a técnica de sedução do pedófilo, os cuidados que esses vagabundos tomam para apagar seus rastros e como as autoridades investigam. Didático, porém sem chatice. A trama é contada com um apelo humano muito mais destacado e sincero. Reflexo, certamente, do fato de que o diretor está ligado à Rape Foundation, instituição que apoia vítimas de abuso sexual, notadamente adolescentes e estudantes. Isso pode explicar o tom de check list que a narrativa acaba tendo.

O FBI (que investiga o caso por se tratar de um suspeito com atuação interestadual) informa que Annie é pelo menos a quarta vítima do falso Charlie. Enquanto as autoridades agem, com o apoio dos pais, a família começa a desmoronar, porque a menina não compreende que foi estuprada: ela acredita que o homem a ama de verdade e acha que os pais estão afastando o casal. Este é outro aspecto importante, porque os muito moralistas e muito burros negarão ter havido estupro, afinal a garota foi com as próprias pernas para um quarto de motel, teve a oportunidade mas não gritou, não pediu socorro e, uma vez liberada, nada fez. Há uma cena no filme que destaca isso.

A certa altura, em uma cena angustiante, Annie finalmente entende que foi estuprada. Sua angústia, contudo, está só começando. Afinal, algum colega de escola aproveita para publicar uma montagem na qual ela apareceria transando. Eu e Polyana, embora sem surpresa, ficamos impressionados com a capacidade humana de fazer o mal e tomar isso como uma simples brincadeira. E lamento dizer, mas os jovens são campeões disso. Não consigo compreender e muito menos tolerar. Alguém que faz isso deveria ser exemplarmente punido.

Daqui não devo passar, a menos que contasse o desfecho que a estória tem, o que não deve ser feito. Confiar é um filme para ser visto por pais e, principalmente, pelos jovens, hoje permanentemente pendurados em gadgets como se disso dependessem as próprias vidas. Absurdo, mas real e provavelmente irreversível.

Numa rápida pesquisa pela internet, achei umas críticas negativas. São críticas de cinema. Ignore esses pseudointelectuais e se concentre nos fatos e em sua importância social. É um filme que vale a pena ver.

Plágio em trabalhos acadêmicos, até na Alemanha

O plágio – vergonha das vergonhas – tornou-se prática corriqueira em qualquer país. Até nos considerados mais qualificados. A exigência de trabalhos acadêmicos para enriquecer currículos tornou-se obsessão.

Talvez você não se recorde de que o Estado de São Paulo possuiu um governador chamado Cláudio Lembo (que concluiu o mandato de Geraldo Alckmin, de março de 2006 a janeiro de 2007). Ignore o aspecto político. Lembo (professor de direito constitucional e direito processual civil na Mackenzie) escreveu em seu blog um interessante texto sobre o plágio em trabalhos acadêmicos, que está se tornando corriqueiro até na proba Alemanha.
Leia aqui.

A homenagem da Imperatriz e o alheamento dos paraenses

Talentosa e experiente, Fafá de Belém soube impor sua
presença e gerou uma bela imagem do desfile.
Não vi o desfile da Imperatriz Leopoldinense, o que não deve surpreender ninguém, considerando que não gosto de carnaval e desfiles de escolas de samba me entediam em pouquíssimos minutos. Para ser bem sincero, devo ter sido o último ser humano a saber que, este ano, a escola iria homenagear o Estado do Pará. Isso ocorreu apenas semana passada, devido ao fato de que uma amiga viajou para participar do desfile.

Sendo paraense e sinceramente preocupado em ver dignidade no meu torrão natal e em meu povo, reconhecida por toda parte, não me empolguei com a novidade, pela única razão de que homenagens a cidades e a Estados, no carnaval, originam-se tão somente na força da grana que ergue e destroi coisas belas. O objetivo das escolas é obter um financiador público generoso, que encontrará uma rubrica orçamentária para justificar a aplicação do dinheiro do contribuinte em um espetáculo nada popular, ao contrário do que dizem os ingênuos e deslumbrados, em vez de empregá-lo em algo que pudesse melhorar as condições de vida por estas bandas.

Sei que minhas palavras serão tomadas até como clichê; como a inclinação permanente de muitos de falar mal; como despeito de quem se irrita em ter que aturar o carnaval totalizante a cada passo que dá. Que seja um clichê, é também verdade. Eu ficaria felicíssimo e honrado com a homenagem, se ela fosse espontânea e desinteressada; se ela expressasse apenas o reconhecimento de que o Pará está despontando no país. Em vez disso, a escola escolheu um enredo falando de um assunto que, para o Centro-Sul Maravilha, ainda é pitoresco, mas que ganhou visibilidade em 2012. Assim, reúne-se o curioso, mas que pode ser reconhecido pelo cidadão comum, e que vale patrocínio público.

Uma índia es-pe-ta-cu-lar.
Para os políticos, é uma mão na roda. Um velho governo inoperante ganha a oportunidade de escamotear sua inércia fazendo algo que os paraenses adoram: o papo furado de que o nome do Pará foi levado longe para... Para o quê, mesmo? Sejamos francos: agora que o desfile acabou e o circo se foi, ficou ao menos algum pão? Estrangeiros maravilhados com o desfile vão nos procurar para investimentos? A tal promoção de nossa cultura vai tirar milhares e milhares de pessoas da pobreza?

Também conheço antecipadamente a resposta para o que acabei de dizer: precisamos de um momento de alegria para dar um tempo no trabalho, na cabeça quente, nos problemas e blá-blá-blá. Precisamos de um instante de esquecimento. Até concordo com isso, juro. Só não acho que esse esquecimento devesse custar dinheiro público. Principalmente para custear o camarote 800 da Sapucaí, no qual um bando de picaretas e seus ilustríssimos convidados, todos de elite, foram sambar, comer e beber do bom e do melhor, com o nosso dinheiro. Mas, claro, foi um sacrifício em nome de levar longe o nome e a cultura do nosso Estado. Coitadinhos. Tão abnegados!

Eu ficaria feliz se, ao menos, todo esse investimento redundasse numa vitória da Imperatriz Leopoldinense, a fim de que ganhássemos mais uns dias de visibilidade, antes de voltarmos ao ostracismo. E se o ano começa depois do carnaval, que comece para valer no que tange ao governo estadual, que ainda não mostrou a que veio, já que continuamos no grupo mais baixo dentre os Estados, nos quesitos IDH, educação e segurança pública, além de não conseguirmos dar um passo em prol da solução de problemas, crônicos, como os fundiários.

Voltei ao meu clichê, eu sei. Mas você quer mesmo saber o que é clichê? Quer? Então aguarde a campanha eleitoral do próximo ano. Fafá de Belém, por sinal tucana de coração, e aquela índia gostosona despontando na propaganda do PSDB, exatamente como anos atrás aconteceu com o enredo sobre os caruanas, que ganhou até uma versão jingle patética. Aguardem e depois me digam se eu é que fui óbvio de doer.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Múltiplas opções de segurança

Encerrada a primeira semana do período letivo, de que estávamos desacostumados, e tendo sido dias particularmente difíceis para Polyana, nada mais merecido do que um jantarzinho a dois. Fomos a um restaurante e parei à procura de um lugar para estacionar. Apareceu então o flanelinha, que como de hábito me mandou estacionar num lugar suspeito: em frente a uma agência bancária, bloqueando o acesso a uma rampa. Notei que havia um carro estacionado adiante e respondi que não podia ficar ali. Aí começou a longa explicação, que tentarei sintetizar.

— Esse carro só sai daí depois que o senhor for embora.

Olhei perplexo para Polyana. "Como assim? O motorista do carro sabe quem eu sou? Está me seguindo?" Na verdade, ele quisera dizer que o carro sai apenas depois que o restaurante fecha, porque pertence ao segurança do estabelecimento.

— O restaurante tem o segurança lá, para evitar assalto — explicou o verborrágico guardador. — E tem eu, que estou aqui para cuidar do seu carro, do seu patrimônio e do senhor.

Já caminhando e tentando escapar da ladainha, agradeci a informação e, rindo (eu tinha que rir da convicção do rapaz), sussurrei a ela:

— Se ele disse que vai cuidar da minha esposa, meto a porrada nele!

Achei curioso o sujeito se apresentar como se fosse contratado do restaurante para atuar do lado de fora, enquanto havia uma outra pessoa dentro. E no retorno o papo furado continuou. Disse que gostava de ver os meninos dali se divertindo. Percebi que ele se referia a uma conhecida boate GLBT logo ao lado. Sem jamais fazer referência a homossexualidade, a ponto de que um interlocutor desavisado não faria a menor ideia do que ele dizia, comentou que eram rapazes muito educados, que estudam, que se divertem numa boa, enquanto em outros locais (citou points da periferia) ocorre violência, confusão, facada, etc.

Como não consigo virar as costas para uma pessoa que, por mais inconveniente que seja, não age por mal, fiquei ali escutando o rosário de elogios, de porta aberta, pensando no assaltante que podia aparecer de repente. Entrei no carro e, para encerrar a conversa, comentei que se você sai de casa para se divertir, não tem que se meter em confusão.

Entreguei umas moedas e saí, mas o insistente rapaz ainda bateu no vidro. Quando baixei, ele ponderou:

— O senhor disse uma coisa certa: se veio se divertir, não tem por que se meter em confusão!

Deveras, meu bom homem. Uma boa noite para você. E um bom sábado de carnaval para vocês.

Ao menos ela já aprendeu algo importante

Meu afilhado de 16 anos apareceu em casa ontem à tarde e, como de praxe, ele e Júlia se pegaram em brigas e provocações. Ele ficou no quarto, no andar superior, e ela foi brincar na sala. Mas pouco a pouco ia se aproximando da escada, até finalmente subir. Uma coisa remoía nela. Perguntou ao Mateus se ele já almoçara e obteve uma resposta negativa. Ela foi então até a tia Jose (mãe do Mateus) e disse:

— Tia Jose, dê comida para o seu filho.

— Ah, então vocês já fizeram as pazes?

Júlia parou e pensou um instante na pergunta. E por fim sentenciou:

— Não. Mas ele está com fome e ninguém merece sentir fome!

E tudo isso foi dito pela pequena com o topete que me faz chamá-la carinhosamente de pequena feitora de escravos. São as más inclinações a coibir. Mas, pelo menos, o senso humanitário já está dando o ar de sua graça!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Justiça Restaurativa


Justiça pretende humanizar processos

A ideia de estar frente a frente com uma pessoa que pode já ter causado algum mal pode nem ser considerada por muitos dos brasileiros obrigados a conviver com a violência urbana diariamente. Em certos casos, porém, a difícil atitude de ouvir e perdoar alguém que já foi responsável por atos que causaram prejuízos materiais ou morais pode ser um dos elementos responsáveis pela reabilitação de uma pessoa.

Em funcionamento em Belém desde 2011, a prática da Justiça Restaurativa tem sido costumeiramente aplicada a adolescentes que tenham praticado atos infracionais e que se demonstrem verdadeiramente arrependidos. De acordo com o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, José Maria Rosário, a ideia é a de que os responsáveis por cometer os atos infracionais possam restaurar o convívio com a sociedade. “É uma nova visão do direito penal. A justiça restaurativa é geralmente aplicada em casos de atos infracionários de menor potencial ofensivo praticado por adolescentes e que busca restaurar os danos causados à vítima”, afirma. “É preciso haver um resultado prático. Não adianta a pessoa pedir desculpas e voltar a praticar os atos. Mas a vítima também tem que estar imbuída do sentimento de perdão”.

Organizada em ciclos, as reuniões acontecem sempre a partir da convocação e aceitação tanto da vítima, quanto do infrator. “O autor, a vítima, o juiz e a comunidade envolvida são chamados e toda a ação do facilitador acontece na presença da vítima”, explicou o desembargador ao apontar alguns conflitos que podem ser avaliados pela justiça restaurativa. “São infrações de menor potencial para não abarrotar o judiciário de ações. São infrações como ameaças, pequenas agressões...”.

Pioneira na prática no Brasil, a capital Porto Alegre já registrava a realização de 380 procedimentos restaurativos no Juizado da Infância e da Juventude após três anos de implementação, de acordo com o Instituto de Práticas Restaurativas “Justiça para o século 21”. Com a prática também já implantada, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais lançou uma cartilha sobre o assunto que aponta que a Justiça Restaurativa “valoriza a autonomia e o diálogo criando oportunidades para que as pessoas envolvidas no conflito possam conversar e entender a causa real do conflito, a fim de restaurar a harmonia e o equilíbrio entre todos”.

Para a psicóloga Patrícia Neder, de forma geral, a prática estabelecida em tais reuniões – onde infrator e vítimas dialogam sobre o ocorrido – pode ser benéfica não apenas para quem cometeu a infração, mas também, para quem foi prejudicado por ela. “É uma prática muito válida porque favorece a reflexão, o que é importantíssimo para o sentimento de arrependimento e para que a pessoa perceba a dimensão do que realmente fez”, aponta. “É importante também para a vítima porque esse sentimento de mágoa só faz mal, mas o processo do perdão é muito longo. A violência está crescendo a passos largos e a confiança entre as pessoas está muito abalada, porém, é importante que a vítima trate do processo interno dela de perdão”.

Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticia-235523-justica-pretende-humanizar-processos.html

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Uma pequena armadilha comercial?

Com o desmantelamento das lojas de discos na cidade (hoje só existem departamentos de lojas maiores, que vendem apenas os títulos de maior interesse comercial, ou seja, muita, muita porcaria) e a dificuldade de assegurar um bom acervo nas livrarias, acostumei-me ao comércio eletrônico há alguns anos. Ou seja, eu (e sobretudo minha esposa) compramos bastante coisa a depender de entregas pelos correios, o que me permite afirmar que os prazos de entrega estão se dilatando.

Antes, as empresas pediam três, cinco dias úteis. Já fizemos compras que nos surpreenderam pela rapidez com que as mercadorias chegaram. Mas recentemente precisei comprar vários livros, por causa do mestrado (livros que, convenhamos, deveríamos estar disponíveis em Belém, mas não estão), e me deparei com um prazo de entrega de dezenove dias úteis! Para completar, muitas lojas pararam de informar se o produto está disponível no momento, dando a entender que sim. Aí você fecha o pedido e paga, para somente depois descobrir que o item ainda está sendo buscado entre os fornecedores. Começam a mandar as mercadorias fracionadas, a ponto de você se perder sobre se já recebeu tudo.

Eu me pergunto quais seriam as causas dessa demora. Maior demanda pelo serviço postal, que hoje não entrega mais cartas, e sim mercadorias? Difusão intensa do comércio eletrônico? Insuficiência de investimentos, problemas de logística, carências de voos ou na malha rodoviária? Menores recursos de empresas de pequeno ou médio porte? Tudo isso junto e mais algumas coisas?

O fato é que estou com a sensação de que um dos motivos pode ser a boa e velha safadeza do brasileiro, mesmo. Além de vender tudo por preços exorbitantes, os empresários daqui adoram expedientes safardanas para arrancar ainda mais dinheiro. A estratégia seria nos forçar a escolher formas de entrega mais rápidas, de até sete dias úteis, pelos quais se paga um adicional (além do frete, se houver), ao passo que a entrega comum tem seu preço embutido no da própria compra.

Minha última aquisição, há dois dias, me levou a uma tela, na hora de fechar o pedido, apresentando três opções de entregas pelos Correios: uma normal, sem custos adicionais; outra com prazo reduzido, custando mais de 50 reais excedentes; e a última, com o menor prazo, com acréscimo superior a 70 reais. Um detalhe: quando a tela abre, a opção selecionada é a do meio. É preciso dar um clique a mais para selecionar a "gratuita", o que pode passar batido a um cliente afobado ou pouco familiarizado com o serviço.

Em suma, o site está conveniente organizado para fechar o pedido segundo uma opção mais cara. Se você escolher a primeira, dane-se a esperar. Dezenove dias úteis dá um mês de espera, praticamente. É tempo demais para quem, como eu, precisa dos livros para estudar. E olhe que se trata de uma mercadoria que não oferece nenhum cuidado particular com conservação e transporte.

Em suma, parece que a técnica de criar dificuldades para vender facilidades ganhou novas feições.

Começando um dia nublado

Comecemos com um pouco de inspiração.


Parabéns ao Nerisvan. Sucesso na carreira.
Da coluna "Repórter Diário" de hoje.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"Wir lieben die Tieren"

Assim como são as pessoas são também as criaturas. Volta e meia temos a ilusão de que já vimos de tudo, então a realidade nos chacoalha com notícias assim:


REAÇÃO INESPERADA

Alemanha aprova lei contra zoofilia 

e gera protestos


A Alemanha aprovou, nesta segunda-feira (4/2), uma curiosa lei que proíbe zoofilia no
país e estabelece multa de quase 25 mil euros, após polêmicas a respeito do tema no ano
passado. Entretanto, diversas pessoas protestaram em frente à Câmara de Berlim contra
a decisão. As informações são do Yahoo! Notícias.
Após um levantamento, o governo alemão afirma que cerca de 500 mil animais são mortos
por ano após sofrerem abusos sexuais. Os manifestantes de Berlim apresentavam cartazes
com dizeres "amamos os animais", "condenamos qualquer tipo de violência que possa
causar sofrimento e nos machuca a alma ver animais sofrerem".
Representante do grupo zoófilo Zeta (Engajamento Zoófilo para a Tolerância e a Informação
na sigla em alemão), Michael Kiok afirmou que pretende recorrer à Justiça para anular a
decisão.
Bibliotecário de Munique, Kiok mantém relações sexuais com Cissy, sua cachorra da raça
pastor alemão, há pelo menos sete anos. "Nos sentimos como criminosos. Isto é tudo por
causa dos fanáticos defensores dos direitos animais que pensam que nós magoamos os
nossos companheiros”, disse, de acordo com o jornal El País.
Kiok, que já foi casado e diz ter percebido seu desejo por animais aos 15 anos, deixou claro
que deverá recorrer à Suprema Corte da Alemanha para reverter a decisão. De acordo com
o membro do Zeta, cerca de 100 mil alemães praticam zoofilia pelo país. "É mais fácil
compreender os animais do que uma mulher, por exemplo", disse o bibliotecário.
Revista Consultor Jurídico, 5 de fevereiro de 2013

Não é a primeira vez que abordo essa questão aqui no blog. Os que quiserem saber um pouco mais, vejam esta postagem aqui e, se tiverem estômago para tanto, cliquem no link que consta ali.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Bom dia

Bom dia para você que começou seu dia vendo uma criança morta, esmagada por um micro-ônibus (glória a Deus que, ao menos, de costas), bem na capa do Diário do Pará, com bastante destaque.

Cara, não há meias palavras para isso. Cansa você ver sempre as mesmas atitudes, porque nada se conserta, nada se aprimora, nada evolui na cabeça podre dessa gente que deseja e busca o escândalo, o horror, a baixaria, a crueldade. Extenua.

Como eu já apertei o botão vermelho para certas coisas faz tempo, permito-me dizer que seria muito bacana se os responsáveis por esse tipo de "jornalismo" passassem por algo parecido e alguém lhes esfregasse na cara um jornal com a foto de um filho morto. Juro por Deus, eu ia gostar que eles passassem por isso, porque fizeram por merecer.

Agora que mostrei a beleza dos meus sentimentos, podem me criticar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Uma velha questão, ainda não esclarecida

Você pode dar uma olhada nesta reportagem aqui, listando os bairros mais caros do país, e voltar a se fazer aquela velha pergunta sobre o que explica o preço dos imóveis em Belém do Pará. Você verá, p. ex., que o preço do metro quadrado fora da zona central de nossa cidade consegue ser tão ou mais caro do que em alguns bairros citados na matéria.

Qual é a lógica, mesmo?

Buscando formas de combater o consumo de drogas


O governo da Colômbia estuda a edição de nova lei sobre drogas focada na prevenção 
do consumo e no tratamento de usuários. O projeto do Estatuto Nacional de Drogas da
Colômbia pretende criar centros de atendimentos para dependentes nos municípios e 
também nas universidades, para estudantes e funcionários usuários. Empresas com mais 
de 25 funcionários também terão de oferecer serviços de prevenção ao consumo.
Depois de apreciado e votado, o projeto irá substituir o atual estatuto contra drogas, em
vigor há quase 30 anos.
Outra medida prevista é que os meios de comunicação públicos e privados também deverão
difundir, gratuitamente, comerciais preventivos sobre o consumo de drogas psicoativas. As campanhas publicitárias serão coordenadas pelo Ministério da Saúde.
Com relação à descriminalização do usuário, a proposta prevê a manutenção da regra atual,
que permite o porte de dose mínima para maconha (5g) e cocaína e derivados (1g), por
usuário.
A polêmica está na proposta de descriminalizar o porte para consumo pessoal de para
drogas sintéticas derivadas de anfetaminas (tais como o ecstasy). A ideia é permitir o porte
de três comprimidos por pessoa.
Apesar de liberar o porte para usuários, o projeto não autoriza a comercialização e também
proíbe o consumo em lugares públicos, mantendo a lei em vigor.
O usuário não poderá ser preso ao ser flagrado com o porte da dose mínima, mas teria de
responder a processo caso fosse encontrado consumindo a droga em locais públicos.
O toxicologista da Universidade Nacional da Colômbia Jairo Afonso Téllez acredita que o fato
de a proposta estar discussão é positivo. “Estamos tentando enfrentar a realidade do
consumo.”
Mas ele defende que o tema seja mais bem estudado antes de virar projeto de lei,
especialmente no tema das doses para consumo pessoal, porque cada derivado e
componente das drogas tem um grau de pureza diferente. “O bazuco (similar ao crack),
por exemplo, não tem o mesmo grau de pureza que o cloridrato da cocaína, que é o mais
puro. Por isso, não se pode padronizar tudo”, acredita.
Apesar de ainda estar em análise, a proposta é considerada coerente também para
especialistas que atuam fora da Colômbia. No Brasil, Pedro Abramovay, ex-secretário
Nacional de Justiça, elogia a proposta em discussão. “A Colômbia, corajosamente, coloca
em discussão o fato de que pôr o usuário na cadeia não resolve o problema da dependência”,
avalia. Ele lembra que, diversas vezes, o atual presidente colombiano, Juan Manuel Santos,
defendeu a necessidade de discutir o tema uma vez que o combate ao tráfico não está
resolvendo o problema.
Segundo Abramovay, o mais importante é que o assunto seja debatido localmente, entre o
governo e a sociedade. “Há vários caminhos e possibilidades para propor mudanças e cada
país deve se ajustar à sua realidade. O Uruguai quer regularizar a produção e a venda, e a
Colômbia quer dar o passo de não criminalizar o usuário”, acrescenta.
Com informações da Agência Brasil.
Revista Consultor Jurídico, 3 de fevereiro de 2013

Fonte: http://www.conjur.com.br/2013-fev-03/colombia-estuda-lei-drogas-focada-prevencao-tratamento

Não é bem assim

É corriqueiro dizer-se que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Se tal afirmação tem algum fundo de verdade, ele não se aplica ao trânsito de Belém. A garotada voltou toda às aulas e o inferno está a pleno vapor nas ruas, desde cedo. Feliz 2013!

***

No mais, as aulas em minha faculdade recomeçam hoje. Como para mim não há corpo mole, tratem de se animar, que o negócio já vai começar cheio de incumbências.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Pede para sair!

Sabe aquele papo de que algumas pessoas pediram para ser alguma coisa e entraram duas vezes na fila? Algo como esse aí pediu para ser burro e entrou duas vezes na fila? Pois é.

Podemos dizer algo assim do proprietário da boate Kiss, que concedeu uma entrevista ao Fantástico, programa conhecido por montar armadilhas para pessoas que já contam com profunda execração pública, tais como Suzane von Richthofen, Alexandre Nardoni e sua esposa Ana Carolina Jatobá, e soltou a pérola: as próprias vítimas atrapalharam o resgate!

Taqueopariu! E olha que o vídeo foi gravado pelo próprio defensor. Fosse eu o advogado do cara, diria para ele, no mínimo, que se pretende um suicídio social e jurídico, que aumente os meus honorários. Porque, convenhamos, pretender que pessoas desesperadas por salvar as próprias vidas ajam de acordo com parâmetros racionais de segurança é, no mínimo, acender uma fogueira no ódio da coletividade. Ou esse rapaz é um completo imbecil ou está forçando a barra para ser considerando inimputável.

Frangamente...

Pequenos exemplos de política partidária

Se você acessar o site do governo do Estado do Pará, encontrará a estrepitosa manchete:

PARCERIA
Jatene e Dilma Roussef entregam mais de mil unidades habitacionais

Notem que o nome do governador paraense vem na frente do da presidenta, dando a entender que ele é o maior responsável pelo empreendimento. Uma tolice manifesta, porque nenhuma unidade federativa realiza amplos programas de moradia popular com recursos próprios. Aliás, quase nada fazem sem que haja recursos da União  o que por sinal é justo, já que o modelo federativo às avessas do Brasil coloca 60% da arrecadação tributária nas mãos da Viúva, quando deveria privilegiar os Municípios.

Segue-se a reportagem, com a afirmação de que a entrega das 1.080 unidades habitacionais é um "presente dos governos federal, estadual e municipal". Aqui, num ato falho, o redator da Agência Pará de Notícias desvela um pensamento tipicamente brasileiro: o de que os governos são generosos e fazem o bem para os pobres, quando na verdade esses porcarias não fazem mais do que sua obrigação  quando fazem. Não existem "presentes", senhor jornalista: existem metas a cumprir por força da Constituição e das leis vigentes no país.

A matéria afirma que Jatene recebeu a presidenta (cujo nome aparece escrito errado na manchete) em Belém e seguiu com ela para Castanhal, onde juntos fizeram a entrega. Obviamente, o governador esteve envolvido, porque nenhum chefe de Executivo estadual deixaria de cumprir a liturgia do cargo e receber o presidente da República e, muito menos, deixaria de aproveitar uma ocasião dessas para se promover. Mas também há a questão do investimento regional, pois segundo consta, o investimento foi de 60 milhões de reais, sendo 1,8 milhão de recursos do Pará, fora o valor do terreno. Nas fotos, Jatene aparece participando ativamente do evento, inclusive descerrando placa e agarrando a cabeça de uma pobre agradecida.

Mas quando você lê a matéria publicada na página da presidência da República, a conversa é outra. A manchete é impessoal (aliás, como deveria ser sempre):

Programa habitacional entrega 1.080 residências no Pará

A matéria não faz nenhuma alusão ao governo do Estado, seja à contrapartida financeira, seja à presença do governador. Tanto que, a certa altura, afirma expressamente: "A entrega das residências contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff, do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda".

Convenhamos, Jatene estava lá. A matéria do governo federal incorre em uma falta imperdoável, que não pode ser tributada a equívoco. Entendo que houve má fé. Ainda que a contribuição do governo do Estado seja mínima frente ao todo, ela existiu. E nada, nada, há o protocolo. Ignorá-lo sumariamente não é bom sinal.

No final das contas, tudo isso é o jeito brasileiro de fazer política. Não se menciona o sujeito do outro partido porque ele é um concorrente eleitoral e o negócio, aqui, é tratar toda ação pública como motivos concretos para você me adorar, ser bovinamente grato a mim por minha bondade infinita e em, consequência, votar em mim e nos meus apaniguados no próximo pleito. Não há impessoalidade nem interesse público, só as manobras de sempre.

Tão Pará. Tão Brasil.

Sábado das monitorias

Já é assunto velho, aqui no blog, a importância que dou à monitoria de ensino, no âmbito de um curso universitário, motivo pelo qual sempre peço uma vaga para minha disciplina, que é longa e cheia de detalhes, mas também de olho na melhor formação daqueles alunos que mostram inclinações à docência.

Ontem, sabadão propício a passeios variados, foi o dia de aplicação da prova para seleção dos monitores de 2013 no CESUPA. Como a vaga é minha, coube-me elaborar a prova e estar lá, durante a sua aplicação, para atender os candidatos que eventualmente tivessem dúvidas. Falei com todos eles, que não me reportarem nenhuma dificuldade ou necessidade.

Cumpri minha obrigação (na verdade, parte dela, porque falta a correção das provas, naturalmente), mas tive que me incomodar, mais uma vez, com a disparidade entre o número de alunos inscritos e os que efetivamente comparecem no dia da prova. Isso acontece todos os anos, mas neste me incomodou particularmente. Para a minha disciplina, p. ex., havia 10 inscritos, salvo engano, mas apenas 4 compareceram. Um horror, mas outras disciplinas estiveram em pior situação. O problema, como é de se imaginar, atingiu todos os cursos, havendo casos de disciplinas que não terão monitor este ano, por WO.

Sugeri à Coordenadoria de Graduação - COGRAD, que faça um levantamento junto a esses alunos dos motivos que os levaram a faltar, porque esse diagnóstico é essencial ao melhoramento do processo seletivo. Sem a informação verídica, ficamos com a sensação, nada agradável, de que os alunos realmente não levaram a sério, atitude que muito desabona qualquer perfil acadêmico, ainda mais quando você pleiteia oportunidades restritas, como a própria monitoria ou o envolvimento com grupos de pesquisa e extensão.

Este ano, devido ao carnaval, foi necessário antecipar a prova para antes do início das aulas. Perguntamo-nos se, talvez, muitos teriam faltado para não "perder" o último final de semana de férias. Sem meias palavras, essa seria uma postura infantil aos extremos, coisa de quem realmente não dá a mínima para a monitoria e nem para nós, já que ignora o trabalho que dá organizar o processo seletivo. Não tenho problemas em dizer que, pessoalmente, estivesse à frente de um grupo de estudo/pesquisa/extensão, eu dispensaria um aluno desses na minha equipe.

Caso o motivo da ausência seja não ter estudado durante as férias, não fica muito melhor. Afinal, nós partimos do pressuposto de que a monitoria será procurada por alunos que tenham maior envolvimento acadêmico, maior inclinação aos estudos e, ao menos, boa fé quanto ao interesse pela docência. Em bom português, o sujeito estuda mais do que a média e é mais responsável, também. Deveria ser assim.

O processo seletivo começou em dezembro, com um período dilatado de inscrição. Os candidatos sabiam quando as provas seriam realizadas (até porque sempre é logo no começo do semestre letivo, porque o nome dos aprovados deve ser encaminhado ao setor financeiro para viabilização das bolsas) e, mesmo assim, houve enorme evasão. É de se lamentar, mas o importante mesmo é descobrir o que está acontecendo de verdade, pois só assim poderemos melhorar o processo como um todo.

Meus parabéns aos alunos que compareceram. Boa sorte a todos.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sexta-feira, antes do reinício das aulas


A especialista

Polyana acordou Júlia esta manhã, para a escola. Ainda grogue de sono, a criança disse:

— Mamãe, deixe o Woody aqui comigo, que ele está com febre — e agasalhou o brinquedo com o lençol.

— Ele está com febre? Você mediu a temperatura dele?

— Não. O nosso termômetro quebrou e não tem dinheiro para comprar outro. A situação tá difícil...

Já segurando o riso, Polyana perguntou como então ela, sem termômetro, podia saber que o Woody estava com febre. A resposta:

— É que eu sou uma especialista!