domingo, 21 de abril de 2013

Será?

Eu mesmo não sei dizer o motivo do meu interesse pelo futuro Shopping Bosque Grão-Pará, que promete ser o maior e mais sofisticado do Norte. Já escrevi sobre ele antes. Talvez seja por causa do nunca totalmente esclarecido imbróglio em torno da devastação do Parque Ambiental de Belém, para abertura de uma nova avenida (útil à cidade, sem dúvida, mas...), que acabou abrindo as portas para um novo bairro, obviamente de alto padrão, o Cidade Cristal, que está em vias de ser lançado comercialmente e que terá, no shopping, a cereja do bolo.

O fato é que a cobertura verde, cada vez mais escassa na área, será em breve substituída por edifícios, ruas, asfalto e vagas de garagem. Não é exatamente uma troca inteligente, mas uma meia dúzia ganhará dinheiro com isso. Nós não.

O Bosque Grão-Pará é um empreendimento que sofreu diversos contratempos. O primeiro foi a crise econômica, que derrubou o mal explicado boom de shoppings que seriam construídos. Ao todo, Belém e Ananindeua ficariam com nove. Aí veio a crise e tudo parou e somente agora se volta a falar do assunto. Aquela coluna de negócios noticia, hoje, que esta semana devem ser emitidas as últimas licenças ambientais para início das obras do Metrópole Ananindeua. Quanto ao Bosque Grão-Pará, foi prometida a inauguração para abril de 2014.

A coluna jura, pela fé da mucura, que haverá 268 operações, sendo 12 âncoras e 25 de alimentação, além de 2.300 vagas de estacionamento. Somem-se as seis salas de cinema, confirmando-se os rumores de que serão explorados pela UCI, hoje com apenas 17 estabelecimentos no Brasil. Ótimo, porque aumenta a concorrência.

A coluna também jura que a griffe espanhola Zara, aquela do trabalho escravo, e a famosa churrascaria Porcão já teriam confirmado. Mas ela havia dito o mesmo em relação ao Boulevard. Chegou a afirmar que o Porcão seria construído no topo do shopping, com vista para a Baía do Guajará, mas nada disso aconteceu, mesmo com a expansão. Logo, nem tudo que ali se diz pode ser dado como escrito. E é justamente por isso que faço esta postagem: daqui a um ano, veremos o que terá se revelado como verdadeiro e o que não.

Enquanto isso, o site do shopping segue praticamente sem atualização, exceto por uma notícia sobre uma feira de franquias lá realizada no último dia 18. A despeito disso, as obras começam a acelerar. Dia desses passei por lá e vi apenas as colunas de sustentação do nível térreo. Poucos dias depois, uma parte do andar superior já estava adiantada, marcando a porta de entrada do prédio. Enfim, a coisa está acontecendo. Resta saber com que velocidade e veracidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yúdice,acho que o anúncio de grifes como Zara e Porcão para o futuro shopping é delírio da decadente elite economica local pois os números mostram uma cidade cada vez mais pobre, com a renda per capita menor que Manaus, sendo que em Belém é o serviço público o maior empregador. Alias, a sociedade deve se mobilizar para preservar áreas verdes para as futuras gerações, pois se depender do jornalista da coluna de negócios, ele derrubaria até o Bosque para fazer prédios. Muito triste. Mira Santini

Yúdice Andrade disse...

Cara Mira, tenho acompanhado com pesar e preocupação o declínio de nossa cidade, que além de econômico passa também pelo do espaço urbano, dos serviços públicos, da cultura, do comportamento geral dos indivíduos, etc. É de maltratar, porque nasci aqui e sempre quis ter a minha vida aqui, de modo que sonho com um lugar melhor para minha filha. Vejo com pessimismo esse aspecto do futuro dela.
Quanto ao colunista, realmente ele é um entusiasta das atividades econômicas e de seus titulares. Vive se congraçando com os mesmos, louvando seus projetos, comendo e bebendo em seus convescotes, anunciando projetos que não necessariamente se realizam. E como não podia deixar de ser, critica os órgãos públicos que não emitem licenças ambientais (estão atrasando o progresso!!!), menospreza a questão ambiental, fala mal do governo quando não favorece a atividade econômica, etc.
É um entusiasta do capitalismo, na sua feição mais canhestra de confundir crescimento econômico com desenvolvimento, ainda mais porque aquele, quando ocorre, beneficia uns poucos e não todos, como deveria ser.