segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pará: uma notícia duvidosa

Cidadão que trabalha no DETRAN informou, na última sexta-feira, aos que gostam de beber e dirigir: parem. Justamente naquele dia saiu publicado no Diário Oficial do Estado um convênio entre aquele órgão e a Polícia Militar, dando a esta o poder de fiscalização sobre o trânsito. A partir de então, você pode ser abordado por policiais militares para diligências típicas de trânsito, como era antigamente.

A medida tem uma finalidade clara: aumentar exponencialmente, e da noite para o dia, a capacidade operacional da fiscalização de trânsito, já que o contingente de policiais é incomparavelmente maior do que o de agentes do DETRAN, além do reforço de autoridade. Um indivíduo que esteja devendo pode tentar furar o bloqueio do DETRAN, mas vai pensar muito antes de dar um balão na PM.

E aí chegamos ao ponto que torna a notícia duvidosa: as pessoas sentem mais medo do que respeito pela PM. Infelizmente, há razões para tanto. Na esteira do que escrevi antes, defendendo a desmilitarização da polícia, essa não é a instituição adequada para lidar com o público em situações de rotina, ainda mais em se tratando de um campo tão conflituoso. Há o risco de abusos contra o cidadão e há também o de corrupção, no velho esquema criar-dificuldades-para-vender-facilidades. É triste pensar assim, mas a experiência tem dado motivos para tanto.

Seja como for, o convênio está em vigor. Aguardemos para conhecer as consequências.

2 comentários:

André Uliana disse...

Pode ser que seja uma falha da minha memória, já que há um certo tempo que a Polícia Militar deixou de ser responsável pelo trânsito, mas eu sempre tive a sensação que a população era melhor servida quando a PM era a responsável.

Me recordo bem que era normal os PMs estarem nas esquinas com seus apitos, ajudando o transito a andar, coisa que é rara hoje em dia. O comum hoje é ver os agentes só observando e quando você houve um apito, é quase certo que alguém será multado, o que me passa a sensação que a sua atuação é prioritariamente voltada para a arrecadação.

Sem contar que quando você tem um policial em uma esquina, além de poder cuidar do trânsito, ele também contribui com a segurança daquele local, coisa que estamos precisando muito.

Yúdice Andrade disse...

Meu amigo, conheço mais de uma pessoa que pensa exatamente como você. Uma delas, por sinal, se recorda do fato de que era comum ver policiais ajudando, p. ex. a empurrar um carro em pane, para liberar a via. Depois que a gestão do trânsito foi municipalizada e surgiu a CTBel, isso acabou. O que ficou no lugar foi um serviço público no mau sentido: ineficiente, preguiçoso e de costas para a população. É extremamente raro ver um agente de trânsito se esforçando por auxiliar as pessoas.
Sob alguns aspectos, realmente a PM era melhor. Não por ser PM, mas por possuir outra concepção de serviço público. Um bom serviço civil poderia levar-nos a uma situação bem melhor.