sexta-feira, 6 de abril de 2012

Humanidade: a caminho da extinção

A respeito da postagem "A pena de morte nossa de todo dia", um comentarista (anônimo, claro), desses que sempre aparecem por aqui, deixou este comentário:


Se mesmo com as medidas louváveis da população em exterminar meliantes que agem nas áreas em que essas pessoas de bem moram e com o trabalho mais intenso e assíduo da polícia a situação já é caótica, imagine só com políticas assistencialistas e ampla proteção aos bandidos...
O que se vê e incomoda muito aos que defendem vagabundos é a atuação rígida do Estado no melhor treinamento policial e a população agindo em conformidade com os padrões de uma sociedade que não tolera mais safadeza desses bandidos que brincam de pira por aí. Eis que invertem-se os papeis: os policiais e cidadãos de bem viram bandidos e os bandidos devem ser protegidos. É um raciocínio bem coerente esse de botar a culpa em todos menos em quem comete os crimes...

Minha resposta:


Um mundo em que as pessoas "de bem" louvam o homicídio, seja lá de quem for, é um mundo onde eu não quero viver.

Destaquei em amarelo os trechos mais marcantes (e mais clichê) da "filosofia" de um mundo apocalíptico. Só espero que o anônimo highlander tenha a mesma opinião sobre motoristas bêbados e agentes públicos corruptos. Mas será que tem?

4 comentários:

Anônimo disse...

Estou contigo, Yúdice.
Fred

Anônimo disse...

Caro Yúdice, minha mentalidade jovem e impulsiva me leva a uma inquietação sobre que medidas louváveis são essas utilizadas pelo comentarista. Fico me perguntando se o adequado é o extermínio ou a ampla e efetiva proteção ao ser humano... Mas quem é quem? Quem é humano ao dirigir imprudentemente, sendo antipático aos demais motoristas? Quem é meliante quando procura alimentar sua família? Quem é humano quando atira para matar? Quem é meliante ao pagar o lanche ao policial? Quem?
Acredito fielmente que faço parte de um contrato social em que não há a autotutela, e temos o Estado para efetivar justiça, força policial, administrativa, legislativa... E então, eis que surge minha dúvida novamente: será que os termos desse contrato são eternos? Será que não deveríamos revisá-lo em tempos difíceis?
Tenho prazer nessa vida, tenho honra em trabalhar Direito, tenho a satisfação de ajudar tantos quantos forem necessários. Mas a vida é rápida e o impulso ocasionado pelos instintos humanos mais grotescos é espontâneo, e fere a dignidade.
Por que digo isso? Não protejo bandido ou incrimino cidadãos, mas onde está a sociedade que celebrou o respeito à minha propriedade? Esqueceram que a liberdade em todas as suas formas depende basicamente do respeito ao espaço do próximo? Ou o ônus ´sempre tem que ser meu em suportar suas invasões à minha casa, suas ameaças à minha família, seu revólver apontado na minha cabeça? Enquanto isso, seguro na mão de Cristo, de Themis, da Esperança e vou afastando o sentimento primário de Justiça que me vem a mente.
Por quanto tempo dure essa satisfação em ser funcionário fantasma, em ter dinheiro para subornar o Estado, durará essa violência que não tem vítima nem réu. A não ser você mesmo em ambos os pólos.

Anônimo disse...

Yúdice, o comentário anterior, um pouco extenso, é de minha autoria. Mas por motivos particulares resolvi NÃO COLOCAR MEU NOME PUBLICAMENTE.
Escrevi como forma de desabafo, pelo constrangimento, humilhção que passei esse feriado de semana santa na minha casa de Salinas, onde estava com minha família e tive três ladrões dentro de casa. Corri para a rua mas fui perseguido por um deles, com uma arma apontando para mim, até o ponto de me render e com a arma na minha cabeça roubar meu celular. Dos prejuízos materiais, nenhum. Mas o sentimento de insegurança, medo, tensão, rancor, é imensurável. Abraços. Fique na Paz!

Leonardo Cunha Santa Brígida

Yúdice Andrade disse...

Grato, Fred.

Leonardo, só posso manifestar minha solidariedade. Espero que nunca mais tenhas que passar por nada minimamente parecido com isso. E fico feliz que, apesar de todo o trauma, a tua lucidez e a tua humanidade não foram prejudicadas.