Quando pensamos nas reflexões que a turma da lei e ordem não faz e nas respostas que não fornece, deparamo-nos com situações como a tratada nesta reportagem: um octagenário, recolhido ao Instituto Psiquiátrico Stênio Gomes, em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza, considerado o preso mais antigo do país.
De acordo com o que foi apurado pela equipe do Mutirão Carcerário do Conselho Nacional de Justiça, no começo deste mês, o homem foi preso na década de 1960 e deveria ter sido solto em 1989. Mas continua no sistema até hoje. Mesmo diante de um contexto de cruel desorganização, é quase impensável que alguém possa simplesmente esquecer uma pessoa dentro de um caixão! Mas isso aconteceu provavelmente porque, para piorar, havia a questão da doença mental. Assim, o homem não foi capaz de pedir por si mesmo e não havia quem pedisse por ele. O abandono é uma das duras realidades nessas horas. O detalhe: não é o único caso.
Não importa o que aconteça agora, a pena desse senhor já foi perpétua. Após mais da metade de sua existência encarcerado, não haveria muito o que lhe oferecer, mesmo que fosse lúcido. Não sei o que será feito dele. Provavelmente irá de uma instituição a outra, agora um asilo, onde passará de detento para paciente. E só. Porque um país como o nosso deixa que essas coisas aconteçam. Tragédias humanas cotidianas, sobre as quais raramente paira um olhar. É por isso que antes os mutirões carcerários do que nada.
Atualização em 2.9.2013:
Divulgaram a identidade do octagenário e o seu possível crime: matar o irmão. Mas não se pode ter certeza, porque ele nunca foi levado a julgamento. Em suma, era mesmo para tudo dar errado nessa história. Triste.
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