sábado, 7 de dezembro de 2013

Karen

Conheci esta pequena grande mulher (no meio, à frente) há mais de três lustros. Houve uma época em que eu e ela passamos a enfrentar a nada conveniente situação de namorar à distância. Quem passou por isso sabe que, mesmo que nos empenhemos por fazer a coisa dar certo, não é todo dia que estamos felizes, sequer confiantes. Então houve dias em que precisamos dizer um ao outro que valeria a pena.

O fato é que, tempos depois, eu a vi entrar radiosa na igreja, para se casar com Luiz Alberto, o amado por quem ela esperou. Ao meu lado, naquela noite, a mulher por quem eu esperei e com quem me casei, tendo Karen e Luiz presentes.

Atuando em áreas diferentes da advocacia, acabamos nos tornando colegas de trabalho: na docência. Passamos os anos seguintes compartilhando o colorido e o nebuloso da carreira docente, o que fazemos até hoje. Dividimos uma sala dos professores e sou testemunha de sua dedicação e seriedade. Karen tem um caráter das antigas, do tempo em que os acordos feitos no fio do bigode valiam mais do que papeis assinados e reconhecidos em cartório. Se eu precisasse entregar a minha vida a ela, fá-lo-ia aliviado, pensando "ainda bem que é ela". Isso vale para a advocacia mas, por razões óbvias, prefiro não precisar de sua expertise (precisar de uma advogada de família não é bom sinal...).

Um dia, Luiz me ligou emocionado. Karen esperava o primeiro filho do casal. Foi o neopai mais babão que já vi. Em dezembro de 2007, quando eu e Polyana descobrimos a gravidez, ele me procurou e, encontrando-me no corredor do tribunal, deu-me um abraço de me tirar do chão, literalmente. Em suma, nossas famílias escreviam suas histórias em capítulos que se encontravam.

E, por fim, Karen se tornou minha colega de mestrado, membro de uma turma muito peculiar e exageradamente querida. Um seleto grupo que hoje ocupa um lugar destacado em meu coração. Ela faz parte. O maravilhoso de construir relações sólidas de amizade é olhar para trás e ver que certas pessoas estiveram lá e fizeram tudo valer mais a pena. Melhor ainda: continuam lá.

Este ano, mais precisamente ontem, Karenzita decidiu comemorar os seus 40 anos (que, em verdade, só completará no final do mês). Não fez segredo da idade nem havia por quê. Reunidos em uma festa que funcionou como um hiato de alegria em meio a semanas de trabalho excessivo, fornecemos-lhe uma pequena demonstração do quanto é amada. E ela nos proporcionou uma noite saborosa, regada a muita música dos anos 1980 e 1990, que foi cantada igualmente pelas gerações de 40, de 30 e de 20 anos. Músicas imortais, do tempo em que as coisas eram melhores nesse campo.

Karen é assim, inclusive com sua falta de familiaridade com tecnologia: uma joia rara que você conserva na família, com alegria e orgulho. E que eu tenho a sorte de poder acompanhar, junto aos seus meninos e a minhas meninas. Um privilégio, minha amada amiga. Um privilégio.

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