quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Uma pequena comparação

A população dos Estados Unidos, em 2012, era de 313,9 milhões de almas. A do Brasil, segundo dados do IBGE, ultrapassou este ano a marca dos 201 milhões.

Nos EEUU, existem 202 cursos de Direito. Em 1975, eram 163, portanto foram criados 39 cursos em 38 anos. Mesmo com alguma ampliação na oferta de vagas, o número de matrículas no curso vem caindo ano a ano, tendo havido uma redução de 11% em relação a 2012. Enquanto isso, ainda em 2010 a OAB noticiava que o Brasil, sozinho, possuía mais cursos de Direito do que todos os demais países do mundo somados. Àquela altura, eram 1.240 cursos no país, contra 1.100 no restante do globo, segundo cálculos feitos pela entidade. Eu nem procurei os números atuais.

Até onde sei, não existe o menor sinal de que a intensidade da procura será reduzida, por estas bandas, assim como a oferta de vagas não para de crescer. Inevitável nos perguntarmos, então: nós realmente precisamos de tantos "juristas"?

Sabemos que, em nosso país, há carência de médicos e de engenheiros. Aliás, há uma enorme carência de cérebros dedicados à ciência. Convenhamos, esse ardor todo em torno do Direito não se explica por nenhuma inclinação intelectual ou espiritual. É utilitarismo, mesmo. Vá se informar sobre os onipresentes concursos públicos e os salários oferecidos, por carreiras.

Fontes: 

3 comentários:

Anônimo disse...

Além de não precisarmos de tantos" juristas", dá para imaginar a qualidade da maioria deles? Quem são seus professores? Em Brasília vemos muito tal ministro do STF ou do STJ ser "professor" em tal faculdade e lá comparecer só na 1ª aula ou em poucas delas, mandando, nas outras o seu "assessor" no tribunal. Assessor não é professor. Na realidade, as faculdades se valem disto para atrair alunos.

Kenneth

Arthur Laércio disse...

Sendo bem direto: não. O Brasil não precisa de mais juristas. Talvez essa quantidade exacerbada seja reflexo do inchaço do nosso Estado, que exige cada vez mais burocratas para os seus cargos, e daí surge essa demanda enorme pelos cursos jurídicos, que servem de trampolim para a aprovação em concursos públicos das mais diversas áreas.

Entre ativos e inativos, amigo, são mais de 10 milhões de servidores públicos.

Esse é só um motivo, dentre outros para a exacerbação do curso de direito no Brasil.

Abraço do seu amigo que sempre lê, mas pouco comenta.

Yúdice Andrade disse...

Kenneth, existe inclusive um erro de origem nessa mania de achar que o sujeito pode ser um bom professor apenas porque exerce um cargo importante. Mas isso é culpa da tradição: por séculos, o bom professor era entendido como o sujeito que acumulava em si muito conhecimento e experiência, repassando-os às novas gerações com o peso de sua autoridade. Daí a ideia de "magistério", que se origina em "mestre" (magister), aquele que sabe mais.
Até hoje as pessoas duvidam que a docência exige competências específicas, que não são conteudistas. A figura do mestre de conhecimento inquestionável, que o transmite aos míseros alunos quase como que fazendo um favor, não se coaduna mais com o mundo atual. Mas continua sendo a tese prevalecente.
No mais, a mania de mandar assessores ministrarem aulas, no lugar dos titulares, não é "prerrogativa" dos tribunais superiores. Mas a mudança já começou. Vai demorar anos para ser percebida, mas já começou, felizmente.

Concordo plenamente, Arthur. Por isso me referi a utilitarismo. Precisamos retirar essa carga mercadológica não apenas da academia, mas do imaginário coletivo. Profissões estão desaparecendo por causa disso.