O problema de um bom seriado alternativo é que, quando a coisa esquenta, acaba. E você fica com gosto de quero mais, sem a menor ideia de quando terá a oportunidade de voltar a acompanhar a trama que lhe cativou. Assim é com Les revenants, seriado francês sobre o qual já escrevera aqui no blog, após assistir ao último de seus apenas 8 episódios.
Em meu primeiro texto, concentrei-me demais em Camille e Léna, por só ter visto o piloto. Mas depois pude conferir como as tramas dos demais personagens são também muito fortes e bem construídas. Não apenas os retornados, mas aqueles que gravitam em torno deles. Simon trouxe consigo um grave drama familiar. Serge trouxe uma trágica relação entre irmãos. Victor trouxe de volta o passado de Pierre e assim por diante. Emoções não faltaram.
À medida que avança, a trama vai ficando mais mística. Em minha opinião (não prossiga a leitura, se quiser evitar o risco de spoilers), os retornados não estão vivos. Não consigo explicar a condição em que se encontram, mas acredito que seja algo bastante precário, por isso a fome constante e a estranha degeneração do corpo (que não doi: mais uma prova de que não são estão vivos). Além disso, eles não dormem, a menos que se dediquem muito a isso. Some-se o fato de que são todos sensitivos, à falta de uma palavra melhor.
Não gostei e considero uma grave falha de roteiro que um retornado tenha engravidado uma mulher. É como já dizia Maria Clara Machado (salvo engano, foi ela): não interessa que seja ficção; você precisa ser coerente com as premissas que adota. Mortos não procriam e pronto. Isso vale para vampiros efeminados e luzidios, também. A mim, pareceu que os roteiristas flexibilizaram o bom senso para criar um arco dramático forte. Afinal, a temporada termina com a descoberta de que os retornados não são apenas cinco ou seis, mas centenas, que já estavam agrupados e mais conscientes de sua condição. São a horda, que encerra a temporada se mostrando nada amistosa.
O que esperar do próximo ano? Aparentemente, uma guerra entre vivos e mortos. E há vivos caminhando, por amor, em meio àqueles que não deveriam mais estar no mundo. Enquanto isso, uma cidade do passado retorna. Há uma relação, é evidente, com os insólitos acontecimentos. Mas qual? E por quanto tempo esperar?
Postagem anterior: http://yudicerandol.blogspot.com.br/2013/11/les-revenants.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário