Alguém que não sei quem conferiu um sentido simbólico ao centésimo dia de mandato de um chefe de Executivo. Esse tempo delimitaria o necessário para o novo gestor tomar pé da situação da unidade federativa por ele comandada, resolver as primeiras pendências e reorganizar o seu plano de governo, agora com dados realistas.
Achei muito interessante a iniciativa do Portal G1 de requisitar, aos candidatos a prefeitos do ano passado, respostas sobre algumas questões para resgatá-las, agora que os 100 dias de mandato se passaram, e publicar tais informações para que se possa ver o que andou e o que estagnou. E aqui está a avaliação do Município de Belém, governada por Zenaldo "Não Sou Mágico" Coutinho, contrapondo a empolgação do governo com as críticas da oposição, no caso representada pelo deputado estadual Edmilson Rodrigues, candidato adversário no segundo turno da eleição.
Leia você mesmo e constate: exceto por um pedido de financiamento para obras de saneamento, pela compra emergencial de remédios e equipamentos médicos e pela assinatura do termo de ajustamento de conduta para retomada das obras do BRT, não aconteceu absolutamente nada na gestão atual, exceto o óbvio: rotina. Cuida-se do que há para o dia, em cada expediente, e só. Até porque pedir financiamento não implica em recebê-lo e, portanto, não há previsão para as obras de saneamento. Comprar insumos médicos é vital, mas por si só não resolve problemas estruturais da saúde pública. E as obras do BRT continuam tão estagnadas quanto antes.
Em suma, não aconteceu nada, mesmo. A única ação do homem que não é mágico (mas que age como ilusionista) foi o tal programa "Cuide Belém, cuide também" (por que será que todo governante sempre apela para essas rimas ridículas com o nome da cidade?), que nada tem de novidade, porque todos os prefeitos assumem o mandato no período de chuvas e todos fazem ações emergenciais de limpeza de canais e recolhimento de lixo. E todos fazem estardalhaço em torno disso, como se fosse a invenção do fogo e da roda, quando na verdade não passa de um paliativo.
Aparentemente, o único investimento real feito pela atual gestão foi a aquisição de câmeras e caminhões-guincho para cumprir a meta de aumentar para 300 mil por dia o número de multas de trânsito aplicadas na cidade. E olha que eu sou totalmente favorável a multar e guinchar esses canalhas, mas continuo me perguntando quando é que, meu Deus, alguém vai investir em educação e prevenção, em vez de simplesmente punir e arrecadar?
O tipo de investimento realizado diz muito sobre o governo que temos. É a eficiência tucana: números, estatísticas, discurso, propaganda, resultados incertos e desconsideração do elemento humano. Não me surpreende.
4 comentários:
Engraçado, se você não tivesse dado o nome do santo (ou do mágico, como preferir), eu juraria que se estava tratando dos primeiros 100 dias do prefeito de Santarém.
Seu último parágrafo, a propósito, é uma síntese perfeita do jeito tucano de governar (aqui, aí ou alhures).
Saudações Tapajônicas,
Nilson Vieira
Caro Nilson, imagine quantas pessoas de outras cidades não se identificaram, também! É uma lástima. A família de minha esposa é de Santarém e visitamos a cidade de vez em quando, por isso sei que o maior empreendimento realizado aí foi privado e provocou um terrível desmatamento às margens da rodovia, que agrediu a minha visão quando estive aí, em novembro passado.
Desejo tempos melhores para vocês e para nós. Um abraço.
Prefeito (não sou magico) mais é ilusionista, achei sensacional podias patentear como fizeste com o alcaide passado, esqueci o termo que usavas mas era ótimo.
Eu chamava o desgraçado de "sedizente", das 7h46. Mas parei depois que a população de Belém lhe conferiu um segundo mandato. Afinal, não havia como negar que votaram no cara. Foi um momento muito difícil para mim, como cidadão.
Continuarei usando o "Não Sou Mágico" até que o prefeito nos brinde com outra besteira, mais impactante. Cedo ou tarde, vai aparecer uma. Abraço.
Postar um comentário