quinta-feira, 11 de abril de 2013

De novo, a Zona Azul

Mais uma vez, anuncia-se a implantação da Zona Azul em Belém. Por mais que a medida desperte ódios, já disse aqui no blog que restrições ao tráfego e ao estacionamento em zonas saturadas é uma característica de qualquer grande cidade pelo mundo afora. Conforme-se com isso. A questão é fazer a tal zona funcionar.

Como não dá para colocar um link, ou eu não sei como fazê-lo, transcrevo matéria do Portal ORM, publicada hoje:

O novo projeto de estacionamentos rotativos pagos, chamados de 'Zona Azul', está dentro dos padrões de modernidade e segurança e vai disciplinar o uso do espaço público. A garantia é do diretor de Trânsito da Autarquia de Mobilidade Urbana de Belém (Amub), João Renato Aguiar - autor do projeto. 
Para Aguiar, o novo projeto se distancia dos problemas identificados no plano elaborado, e quase implantado, à época de Duciomar Costa. Este, defende ele, não é um processo de privatização dos espaços públicos, mas uma chance de disciplinar a população sobre a utilização dos espaços. O projeto, inclusive, elimina de vez a necessidade dos flanelhinhas. 'Os flanelhinhas, sim, privatizam o espaço público. Assim como quem deixa o carro parado o dia inteiro no mesmo lugar', comentou.
Essencialmente, as diferenças entre o projeto anterior e o atual estão na comercialização dos tíquetes de estacionamento, gerenciamento das vagas e na fiscalização - em conformidade com o pedido pela Câmara Municipal de Belém (CMB) durante a gestão anterior.
O novo projeto-base, que ainda em fase de conclusão e revisão, permite a aquisição da vaga de estacionamento de diversas maneiras: celular, site e pontos de venda. A ideia é criar ao menos 243 terminais de venda, semelhantes a máquinas de cartão de crédito ou de recarga de celular. Não haverá contato direto entre condutor e os fiscais para aquisição dos tíquetes. A função dos fiscais será fiscalizar se as vagas estão sendo preenchidas apenas por quem pagou. Estes fiscais terão equipamentos como celulares ou tablets para consultar o sistema de informações e até terão comunicação com os futuros equipamentos dos agentes normais de trânsito da Amub, facilitando a interação em caso de guinchamentos ou infrações cometidas. Os preços, divisão da arrecadação e aplicação dos recursos obtidos pelo órgão ainda não estão definidos. A 'Zona Azul' de Paraupebas reverte parte do tributo a órgãos e setores sociais.
Outras exigências da Amub para a empresa que se interessar em participar da licitação, que ainda será anunciada, é que tenham 40 terminais fixos de monitoramento. Esses terminais deverão estar ligados a câmeras de vigilância. A empresa também deverá fornecer treinamento para todos os fiscais. 'Tudo será feito com campanhas educativas para informação e conscientização', completou Aguiar.

Diferenças entre os modelos e especificidades
GESTÃO ATUAL
Pesquisa de viabilidade técnica, justificativa técnica e lucratividade
Garantia de gratuidades para idosos e pessoas com deficiência
Sistema informatizado de pagamento pelas vagas
Elimina a negociação e a corrupção entre condutor e fiscal, eliminando também o flanelinha
Terá monitoramento por câmeras e fiscais motorizados, dando mais segurança ao proprietário do veículo
Sistema informatizado que garante o controle do usuário e do operador
Campanhas educativas e informativas
Começará onde já existe cultura da 'Zona Azul', como a Braz de Aguiar, progredindo
Já aprovado pela CMB e analisado positivamente pelo MPE-PA

GESTÃO ANTERIOR
Não possuía pesquisa de viabilidade e nem justificativa técnica
Usava talonários de papel
Não teve campanhas educativas
Começou no centro da cidade
Não tinha como monitorar as vagas e nem a atuação dos fiscais

Implantação: segundo semestre deste ano. Segunda etapa prevista para 2014.
Preço: em estudo
Forma de aquisição dos tíquetes: internet, celulares, bancas de revistas, vendedores autorizados
Tempo de permanência: duas horas, renováveis, com tolerâncias de 15 minutos antes e depois do ocupação da vaga
Número de vagas: 10 mil na primeira etapa
Horários de isenção: 19h às 8h

Onde será implantada (1ª etapa)
Avenida Braz de Aguiar e transversais
Avenida Generalíssimo Deodoro
Avenida Conselheiro Furtado
Avenida Serzedelo Corrêa
Transversais da avenida Governador José Malcher

Ampliação (2ª etapa)
Avenida Senador Lemos
Avenida Almirante Tamandaré
Rua São Pedro
Rua São Francisco
Rua dos 48
Travessa Padre Eutíquio
Todo o centro histórico e comercial


Fragilidade do projeto derrubou 1ª tentativa
Aguiar aponta a fragilidade do sistema como o principal motivo para a rejeição da primeira 'Zona Azul'. O projeto, que era gerenciado pela Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart) - empresa administradora do Terminal Rodoviário de Belém - facilitava a ação dos flanelhinhas, que não repassavam os tíquetes vendidos. Também não havia como monitorar quem estava ou não pagando. Isso gerou prejuízos.
'Entre 2009 e 2010, elaborei o novo projeto, que tinha parquímetros. Mas o conceito foi alterado e incluíram talonários de novo. Obviamente deu errado porque isso já caiu em desuso e não é seguro. Gastaram dinheiro com a implantação de sinalização que seria usada de forma experimental, para treinamento. E tudo sem uma campanha. Começaram também onde não havia cultura de pagamento por estacionamento, que foi o centro de Belém. Houve revolta. Este projeto está todo pensado e embasado em dados e pesquisa. Já tivemos uma conversa com o promotor Benedito Wilson Sá, do MPE-PA, e ele entendeu o projeto, diferente do que aconteceu com o anterior', concluiu o diretor de Trânsito da Amub.

Aparentemente, o novo projeto é bem superior ao antigo. Mas também não justifica a audaciosa manchete ("Fim dos flanelinhas no Centro Comercial") ou o sub-título ("Nova 'zona azul' melhora sistema e aposenta guardadores da tarefa").

Redigindo dessa forma, passa-se a impressão que o desaparecimento sumário dos flanelinhas é coisa certa e  inevitável, favas contadas, quando na verdade o responsável pelo projeto diz que o novo sistema os tornaria desnecessários. Que tornaria, tornaria, mas daí a eles aceitarem numa boa deixar o osso, vai uma longa distância. O mais provável é que resistam e exijam do poder público alguma forma de serem englobados pelo novo sistema ou então uma "compensação". Porque aqui em Belém sempre tem disso. Basta lembrar que camelô belenense não sai da rua sem ser indenizado ou sem ganhar um novo espaço com toda a infraestrutura (mesmo agora o cara não tenha nenhum).

Mas já que a nova proposta é boa, vamos apostar. Boa sorte.

3 comentários:

Anônimo disse...

enquanto não melhorar o transporte público, tudo é paliativo... é flórida dizer, mas belém só anda pra trás... acabo de voltar de porto alegre e vi um transito de carros absurdo, com mais velocidade e mais dinâmico que o daqui, mas tb organizado, pelo menos para os padrões que estamos acostumados em belém, e um transporte público diferente, ah, e que diferença!!!! é brutal, é abismal... conheci pessoas que efetivamente deixam seus carros em casa para o passeio de fim de semana, servidores públicos, bancários, professores, advogados, todos usando ônibus!!!! e nenhum motorista pára no meio da rua pro passageiro saltar!!! o pior é que lá ainda reclamam, dizem que antes era melhor... o preço: R$ 2,85 - um pouco mais caro que aqui, mas com qualidade (ar condicionado, e, sobretudo limpeza de verdade, sem baratas e lixo como nos tapanãs e satélites da vida que tanto já peguei) superior. É a dura vida de um povo que põe zenaldo "meus parentes no governo" coutinho na prefeitura... mas vamos lá!!! abraços e parabéns pelo blog

Yúdice Andrade disse...

Grato pelo contraponto e pelas palavras gentis, das 13h40. É valioso colher outras opiniões e conhecer outras realidades.
Porto Alegre não é nenhuma capital milionária, que justifique ter essa infraestrutura que Belém não chega nem perto. Ou seja, poderíamos ter algo parecido. Mas os fatores ditos "culturais" e a trambicagem reinante aqui acabam sendo fatores muito mais determinantes.
Sempre me custa dizer isso, mas a verdade é que o desenvolvimento educacional nos desfavorece. Ônibus velho é culpa da empresa, mas lixo jogado no chão é culpa de usuários porcos. Ainda que, no final das contas, seja culpa da empresa não limpar com eficiência, a necessidade seria tanto menor quanto mais limpos fossem os usuários.
Ou seja, é a conjugação do mau empresário, com o mau gestor público e o povo deseducado que nos coloca nesta situação deprimente.
Abraço e volte sempre.
PS - Gostei da variação do epíteto do prefeito.

Anônimo disse...

Eu já perdi a paciência com o trânsito de Belém e a falta de educação do motorista. Sou a favor de multas e guinchos, seja de veiculos particulares e ônibus. Coloquem mil araras!!Também, que a Prefeitura devolva as calçadas aos pedestres, onde todo comerciante acha que a área é extensão de sua propriedade. Quando saio de belém e retorno, fico deprimida. nem preciso ir longe, basta ir a Manaus,a atual metrópole da amazônia. perdemos!!