sábado, 20 de abril de 2013

Gente surtada

As pessoas estão cada vez mais fora de si, com uma necessidade incontrolável de punições para tudo. Veja-se o terrível caso da mulher que, portadora de doença mental, foi acusada pelo marido de assassinar a própria filha de 6 anos, há alguns dias. Agora que saiu o laudo pericial (vale ressaltar, perícia oficial, indispensável em casos de morte suspeita; nenhum perito foi pago para emitir laudo favorável ao contratante), vem à tona que a criança morreu por problemas outros, que não teriam sido provocados pela mãe. Logo, não teria havido homicídio. Leia a notícia aqui.

Nada mais natural que, diante de um caso de repercussão, o advogado de um acusado dê uma declaração pública. É interesse do acusado ter sua imagem de monstro ao menos higienizada pelos acusadores de plantão, além do óbvio interesse em instigar o judiciário a acelerar a sua libertação. No caso, a acusada permanece presa. Mas eis que um desses surtados, subscrevendo-se como "Inconformado", o que me sugere um cara querendo se supervalorizar, como se pudesse ser o fiel de alguma balança, deixa o seguinte comentário:


Elementar: é lógico que a advogada DE DEFESA, vai DEFENDE a sua cliente acusada, e já houve tempo suficiente para elaborar um suposto álibe. Por ora, que aplícia ainda não divulgou a elucidação do caso, não é possível afirmar que Aldenora foi a assassina, mas, as evidências até agora levantadas levam a ela. (sic)


Com "elementar", o tal indignado dá a entender que ele viu algo óbvio, que mais ninguém conseguiu ver. Brilhante. Fala em "álibe", mas no caso não foi apresentado álibi. A questão nada tem a ver com álibi, e sim com fato superveniente a indicar ausência de crime. Além disso, ninguém elaborou fatos para a defesa; o que houve foi o surgimento de uma prova científica. Daí o sujeito conclui dizendo que não se pode afirmar que a suspeita matou mesmo, porém "as evidências até agora levantadas levam a ela".

Ora pitombas, será que o indignado conhece os autos do inquérito ou sabe, sobre o caso, apenas o que a imprensa divulgou? Se assim é, como de fato deve ser, de que evidências o beócio está falando? Além do mais, a mulher foi acusada pelo marido porque estava na casa, no momento em que a criança morreu, não responde pelos próprios atos e estava ferida. Era a suspeita ideal, convenhamos. Qualquer um pensaria nela. Mas a família teve o cuidado de aguardar maiores informações para se pronunciar. Isso é prudência, que rima com inteligência.

Infelizmente, são virtudes que escasseiam em ritmo acelerado.

Um comentário:

André Uliana disse...

E o pior é que não é apenas uma questão de desejo de que alguém seja punido. Uma grande parcela dos "críticos" quer que a pessoa que elas acham que é a culpada seja punida. Qualquer coisa diferente disso é taxado de injustiça, independente de qualquer evidência.