terça-feira, 30 de abril de 2013

O pior dia do ano

Você deveria sentir vergonha, seu desgraçado!
Em geral, o dia 30 de abril é o pior do ano para mim, aquele que passo imerso em ódio, sentindo gosto de sangue na boca. O motivo, claro, é ter que pagar ainda mais imposto de renda, além do que já me foi retido na fonte. Mesmo transmitindo a minha declaração de ajuste anual com alguma antecedência, o pagamento em si é feito sempre no dia 30. Tenho  por princípio jamais facilitar ou antecipar as coisas para esse leão vagabundo.

Este ano, uma despesa dedutível totalmente extraordinária (despesa com instrução própria, algo que eu, pessoalmente, nunca pagara em toda a minha vida) me deu a satisfação de reduzir um pouco a mordida. E de tão extraordinária, eu simplesmente me havia esquecido dela! Já me preparava para enviar a declaração à Receita quando me veio a lembrança. 472 reais a menos no imposto a pagar.

Rá! Toma, lazarento (estou sendo altamente modesto com os impropérios)! Qualquer centavo que eu não mande para essa canalha é uma alegria para mim.

É interessante como o brasileiro faz da desgraça uma alegria. Por tão pouco, estou me sentindo bem humorado como há vários anos não me sinto num dia 30 de abril. Seja você também feliz no dia de hoje.

3 comentários:

Anônimo disse...

Empiricamente, entendo a rejeição a pagar impostos. Sei que eles são mal utilizados, isso quando não vão parar no bolso de corruptos.

Mas se queremos construir uma sociedade ideal, pagar impostos é redistribuir renda, e zelar pelo bem comum.

Então devemos fazer o possível para pagar o mínimo e economizar centavos, ou devemos fazer o possível para que nossos impostos sejam bem utilizandos, dando gosto em pagá-los?

Marajoara.

Yúdice Andrade disse...

Caro Marajoara, a ideia de tributação como redistribuição de renda faz sentido, conceitualmente, mas já foi superada faz tempo. Bem comum, então, nem se fala. Não me refiro apenas a corrupção, não, mas até mesmo às decisões do Estado sobre como e onde investir. Imagine o meu ódio com os bilhões que estão sendo torrados com merda de estádios de futebol!
Portanto, cobrar pela boa aplicação dos recursos seria o ideal, embora seja uma luta de Davi contra Golias, um luta especial na qual Davi não vence.
Quero deixar claro que, quando falei em pagar o mínimo, economizar centavos, eu quis dizer dentro da legalidade. Veja o exemplo do meu texto: eu ia esquecer de deduzir uma despesa efetivamente realizada e dedutível! Não deixaria isso de fora de modo algum. Quanto ao mais, eu sequer posso sonegar: tenho duas fontes de renda que emitem cédula C. A Receita sabe exatamente o quanto ganho. Eu deduzo nossos planos de saúde e a escola da Júlia e acabou. Pago uma fortuna, em consequência. E isso me deixa realmente irritado.

Anônimo disse...

Ô, Yúdice. Os impostos servirão para pagar os estádios para a Copa do Mundo, Copa das Confederações, Olimpíadas, para o povão. Nenhum empresário vai ganhar com isso, rsss...

Fred

p.s.: este ano vou ficar isento por conta própria. Devo, não nego, pago quando puder. E se devo, tem de me cobrar em cinco anos a partir do fato gerador. Assim, vou ter de apelar para a desídia do Fisco, algo muito comum (já ganhei 11 assim). Já chega! Só pela morte da minha mãe, já fiquei devendo (a patrimônio dela agora é meu) mais de 20.