Quando Lady Di morreu naquele controverso acidente de trânsito, o comovido povo inglês ficou indignado com a rainha, que se transferiu para a residência de campo e guardou silêncio monacal sobre o episódio. Pressionada por todos os lados, a rainha voltou à capital e, devidamente assessorada, comungou do sentimento público de luto. E todos os britânicos se regozijaram.
Quando a onda de protestos tomou conta do Brasil, em meados de 2013, o indignado povo brasileiro cobrou da presidente da República que se pronunciasse a respeito. Pressionada por todos os lados, d. Dilma concedeu entrevista coletiva, devidamente assessorada, num tom bastante Dilma, que foi interpretado por alguns até como ameaçador. E já que precisamos de medidas concretas, a alternativa foi sacar de uma velha gaveta um pacote de medidas contra a corrupção. Tudo comida requentada.
Vocês já podem imaginar esse pacote sendo trazido pelo Coelhinho da Páscoa em pessoa, pilotando o trenó do Papai Noel e pousando estrepitosamente, entre fogos de artifício, música e luzes, no meio do gramado do novo Maracanã, para dar uma forcinha da legitimação dos investimentos da copa. E depois que o pacotão for anunciado, tudo entrará nos eixos. Não será preciso, sequer, começar a implementá-lo.
Já vimos esse filme. Cadastro de empresas corruptoras? Também existe um cadastro nacional de exploradores de trabalho escravo, a famosa "lista suja", mas quem não gosta de ser incluído nele impetra mandado de segurança e, às vezes, até consegue alguma coisa. Mudança na lei de licitações? Balela. Nunca dá certo? Punições pecuniárias? O povo continuará apostando na impunidade. E haverá a corrupção para fugir da penalização por corrupção. Nenhum problema se resolve com medidas emergenciais. Além do mais, a história de nosso país tem mostrado que pacotes são prenúncios de malogros. Mas arrefecem os ânimos na hora e isso, agora, é mais do que suficiente para a turma do primeiro escalão.
Então não há solução nem esperança? Há sim, claro. Mas ela não cai de paraquedas. Aliás, ela não pode cair, mais fluir de cada brasileiro. Não vejo outro jeito.
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